O Instituto Crescer Legal completou nessa quarta-feira, 23, 10 anos de fundação. A iniciativa é mantida pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) e empresas associadas. Para marcar a data, a diretoria da entidade divulgou na manhã de hoje uma pesquisa feita pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis), que é referência nacional em filantropia estratégica e avaliação de projetos sociais.
O estudo, realizado entre fevereiro e março de 2025, com os egressos do Programa de Aprendizagem Profissional Rural, apontou as principais mudanças e impactos na vida dos jovens participantes. Ao longo de uma década, o programa já formou mais de mil adolescentes em municípios dos três estados do Sul do Brasil. Na microrregião, são duas turmas em Venâncio Aires e quatro em Passo do Sobrado.

Criado com o objetivo de combater o trabalho infantil no meio rural, o programa se consolidou em uma oportunidade de qualificação, renda e despertar para liderança dos jovens rurais. “Com essa pesquisa estamos vendo a tradução consistente desta transformação. Esse trabalho chancela o que a gente já vivencia”, destacou a gerente do Crescer Legal, Nádia Solf, em entrevista ao Jornal Folha do Mate e Rádio Terra FM. Segundo ela, esta foi a primeira parte do estudo e, a partir de agora, o Idis inicia a segunda etapa, com aprofundamento qualitativo.
O programa
O programa tem metodologia própria, validada pelo Ministério do Trabalho, e que permite às empresas associadas repassarem cotas de aprendizado para adolescentes do meio rural. As atividades ocorrem no contraturno escolar e os jovens são contratados por meio da Lei da Aprendizagem, com remuneração e apoio para desenvolver seus projetos de vida sem sair de suas comunidades e sem prática na empresa.
Com carga horária de 800 horas por turma, o curso de empreendedorismo e gestão rural promovido pelo Instituto aborda temas como a identidade do jovem rural, educação financeira, cidadania temas da adolescência, engajamento comunitário e construção de projeto de vida.
“Os dados comprovam, com método e evidência, o que vínhamos percebendo na prática: o impacto do Instituto vai muito além da formação técnica. Ele promove autoestima, voz, reconhecimento e abre caminhos reais para o futuro dos jovens.”
Nádia Fengler Solf – gerente do Instituto Crescer Legal
PRINCIPAIS DADOS DA PESQUISA
- Valorização da identidade rural: 55% dos jovens passaram a valorizar mais a cultura local e 45% passaram a valorizar mais a profissão de agricultor.
- Aumento da qualificação profissional: 80% aumentaram seus conhecimentos em empreendedorismo e gestão rural e 73% afirmaram que a qualificação recebida os ajudou a acessar novas oportunidades.
- Desenvolvimento de competências protagonistas: 71% melhoraram suas habilidades de comunicação e expressão pessoal, 65% desenvolveram o pensamento crítico, 65% se tornaram mais engajados com a comunidade e 57% se tornaram mais proativos após o Programa.
- Aumento do grau de escolaridade: 87% dos jovens participantes da pesquisa, que têm entre 14 e 26 anos, completaram o Ensino Médio ou ingressaram no Ensino Superior. 58% passaram a valorizar mais a formação escolar e mais de 49% adquiriram interesse em se formar em cursos das ciências agrárias ou licenciaturas. Além disso, 21% percebem que houve melhoras em seu desempenho escolar com a participação no Programa e 16% que houve melhoras em sua frequência à escola no período.
- Diversificação das possibilidades de atuação profissional: 40% dos egressos que residem em propriedades rurais relatam novas culturas em sua propriedade após o Programa. 74% ampliaram suas redes de parcerias, enquanto 72% passam a enxergar novas possibilidades de atuação profissional.
- Aumento da segurança financeira: um terço dos participantes relatou aumento do acesso a bens e serviços que melhoram sua qualidade de vida após o Programa, enquanto 63% percebem uma maior contribuição para a renda familiar.
- Sucessão rural sustentável propiciada: cerca de 48% dos jovens aumentaram seu interesse em ser sucessor na propriedade rural após o Programa, 49% adquiriram mais interesse em permanecer no meio rural e 49% sentem que ganharam mais voz na propriedade.
“O Instituto é uma referência em desenvolvimento social, que impacta comunidades e projeta um futuro com mais oportunidades para a juventude rural”
Valmor Thesing – diretor-presidente do Instituto Crescer Legal
Diversificação nas propriedades
A atuação do Instituto também reflete no fortalecimento da identidade rural, na sucessão familiar sustentável e no envolvimento comunitário dos jovens. Quase 40% dos participantes relataram diversificação nas propriedades após o curso, com iniciativas ligadas à sustentabilidade, infraestrutura e inovação no campo. “A pesquisa com jovens egressos do Programa de Aprendizagem Profissional Rural identificou impactos positivos em frentes como o acesso à renda, a diversificação produtiva e a qualificação profissional, que podem contribuir para transformações mais duradouras, de longo prazo. Além disso, os dados indicam que o Programa não só ampliou as possibilidades de atuação desses jovens no meio rural como favoreceu o interesse pela permanência no campo e pela sucessão familiar”, comenta Daniel Barretti, gerente de Monitoramento e Avaliação do IDIS.
*Com informações da Assessoria de Comunicação