Por Taís Fortes e Débora Kist
Você já fez perguntas simples, como ‘o que posso fazer por mim hoje?’ ou ‘o que posso fazer para viver uma vida que vale a pena ser vivida?’. São questionamentos como esse, sugeridos pelo Instituto Janeiro Branco, que auxiliam na reflexão sobre o cuidado com a saúde mental, assunto muito presente durante este mês.
“A campanha Janeiro Branco tem muita importância e nos convida a pensar ações de conscientização e valorização da nossa saúde mental, nos trazendo novas reflexões e aprendizados, e reforça a necessidade de estarmos atentos e de cuidarmos de nós mesmos com mais atenção e carinho”, destaca a psicóloga Priscila Schonarth.
Para ela, a conscientização sobre a saúde mental vem para quebrar, por exemplo, tabus, estigmas, preconceitos, o medo que muitas pessoas sentem da discriminação e a desinformação. “Falar sobre isso ajuda para que as pessoas busquem ajuda enquanto há tempo”, observa. Em relação às metas comuns no início do ano, a profissional lembra que esse é um período que traz a sensação de virada de página e de um novo começo.
“As pessoas pensam em mudar, fazer diferente do ano que passou. Traçam muitos planos e metas e se cobram para realizar tudo que se propuseram.” Entretanto, Priscila alerta que é preciso ter cuidado com as comparações com outras pessoas, porque esse pode ser um gatilho de geração de ansiedade e autocobrança.
“O que sabemos é que estes sentimentos não ajudam para a concretização das metas, mas sim trazem grande frustração. Então, para as pessoas que desejam a mudança na sua vida, posso dizer que é necessário que primeiro conheçam os obstáculos que as impedem de realizar o que desejam. Após identificá-los, pensem em alternativas viáveis de solução. E que se perguntem: ‘o que eu preciso mudar para que o novo objetivo se concretize?’”, aconselha.
Metas
Em relação ao planejamento de metas, a psicóloga traz um alerta muito importante: “não adianta ideias mirabolantes se elas não forem realizáveis. É preciso ser prático e analisar dentro da própria realidade o que é possível e alcançável. É mais eficiente focar em um passo de cada vez. Metas pequenas e ações constantes trazem grandes resultados”, destaca.
Outro aspecto relevante citado pela profissional envolve o autocuidado e o conhecimento sobre os próprios limites. “Não se obtém um resultado diferente se as ações seguem sendo iguais. Listas são importantes para a organização do que precisa ser feito, mas é preciso estabelecer prioridades. O que preciso fazer primeiro? Estabelecer uma ordem ajuda a otimizar o tempo”, orienta.
Além disso, para que a ansiedade diminua é recomendável focar a atenção e realizar uma tarefa por vez. “Saber dizer não para o que não for tão importante ajuda a não se sobrecarregar além do necessário e entender que está tudo bem não dar conta de tudo”, acrescenta.
Cuidados para o ano todo
- Dormir bem
- Se alimentar bem
- Praticar atividades físicas constantes
- Investir em autoconhecimento
- Ter uma rede de apoio, pessoas com quem contar
- Diálogos
- Práticas terapêuticas
- Práticas espirituais
- Ter um propósito de vida – se perguntar se as próprias escolhas estão fazendo sentido
- Estabelecer limites
- Se aproximar de pessoas sensíveis e capazes de acolher
- Comprometer-se a cuidar da saúde física, mental e espiritual
“Importante ressaltar que a dor e o sofrimento fazem parte da vida. Todos nós em algum momento iremos nos frustrar, sofrer com perdas, com decepções, com términos, e esse sofrimento é normal e esperado em algum momento da vida. O que não é normal é viver sofrendo. Portanto, precisamos reforçar que as pessoas não esperem que o sofrimento seja insuportável. Quanto antes buscar ajuda, melhor.”
PRISCILA SCHONARTH
Psicóloga
Saiba mais
• O número do Centro de Valorização da Vida (CVV), serviço voluntário gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, é 188. O atendimento está disponível 24 horas por dia e acontece em total sigilo e anonimato.
• Em caso de necessidade, você também pode procurar por ajuda junto ao Comitê Municipal de Prevenção dos Suicídios pelas redes sociais: página no Facebook do Comitê de Prevenção dos Suicídios de Venâncio Aires ou pelo perfil no Instagram @comitesuicidiova.
Consultas nos Caps aumentam 79% em cinco anos
Os números de consultas nos três centros de atendimento psicossocial de Venâncio Aires tiveram um aumento de 79% em cinco anos. O percentual considera os atendimentos do Caps II, Caps AD (álcool e drogas) e o Infantojuvenil. Em 2019 foram 6.049 consultas contra 10.850 em 2023, sendo que a maior demanda é pelo Caps II, que responde por mais da metade dos atendimentos.
Segundo a coordenadora municipal de saúde mental, Priscila Reginatto, o aumento passa, entre outros fatores, pelos efeitos da pandemia, que provocou o isolamento social. “O uso de celulares e de redes sociais também têm gerado um peso adicional na saúde mental, especialmente dos adolescentes. Mas, ao mesmo tempo, analisamos que a procura também está ligada ao entendimento das pessoas acerca do serviço e da importância dele”, destacou Priscila, se referindo ao aumento significativo, também, no Caps Infantojuvenil.
Neste caso, o crescimento foi de 190%, passando de 885 consultas em 2019 para 2.573.
Os três Caps de Venâncio são referência para a microrregião e atendem também pacientes de Mato Leitão, Passo do Sobrado e Vale Verde.
Onde ficam os Caps de Venâncio?
- Caps 2: rua Visconde do Rio Branco, 517, Centro. Telefone – 21830788
- Caps Infantojuvenil: rua Sete de Setembro, na esquina com a Avenida Ruperti Filho, 983, Centro. Telefone – 21830789
- Caps AD: rua Treze de Maio, 1.543, no Centro. Telefone – 21830787
- Funcionamento dos três locais: nas segundas, quartas, quintas e sextas, das 7h30min às 17h30min, e nas terças-feiras, das 12h às 17h30min.