Começa hoje, em Entre Ijuís e Santo Ângelo, o 35º Entrevero Cultural de Peões do Estado. O concurso segue nesta sexta-feira, 19, encerra no sábado, 20, e contará com representantes das 30 Regiões Tradicionalistas (RTs) do Rio Grande do Sul. São provas escritas, culturais, artísticas e campeiras que definem as escolhas nas categorias piá, guri e peão. Os escolhidos representarão o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) por um ano.
De Venâncio Aires, três jovens participam do concurso. Na categoria piá, Leonardo Hertzer Cassariego, 11 anos, representa o Departamento de Tradições Gaúchas (DTG) Piazito da Tradição; na categoria guri, quem participa é Arthur Ferreira, 17 anos, do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Chaleira Preta; e na categoria peão, Gabriel Ferreira, 23 anos, representa a 24ª Região Tradicionalista (RT) e o CTG Chaleira Preta.
Leonardo concorre pela primeira vez a nível estadual e a expectativa dele e da família é que faça um bom trabalho – o resultado será consequência. “Para nós, enquanto família, o importante é ele estar feliz e as aprendizagens que vai adquirir ao longo do processo de preparação, pois sabemos do nível de um concurso desse. Enquanto pais, sabemos também da importância de tentar equilibrar o fato de ele ser criança e as responsabilidades exigidas. Com certeza, o nervosismo já está presente, mas já estamos orgulhosos de tudo que ele tem feito”, afirma a mãe, Cristine Hertzer Cassariego.
Na preparação, Leonardo tem estudado e realizado aulas semanais de declamação e danças, pois na categoria piá o concurso consiste na avaliação de prova escrita, artística, dança, campeira e prova oral, onde apresentará a pesquisa de campo feita por ele sobre ‘Carrinhos de lomba’. Também é considerada a apresentação do relatório de vivências tradicionalistas, documento no qual constam as participações em eventos, a realização de uma campanha de cunho social e a organização de um evento. Neste último quesito, o jovem realizou, a nível regional, junto com a gestão de prendas e peões da 24ª RT, a campanha ‘Gotas de Esperança’ e uma oficina de resgate de brinquedos e brincadeiras.
Tradição entre irmãos
A família Ferreira terá torcida em dobro para os irmãos Arthur e Gabriel, que participam das categorias guri e peão, respectivamente. Arthur vai estrear na categoria guri, mas já participou, em 2018, em Novo Hamburgo, do mesmo concurso na categoria piá, quando ficou entre os seis melhores do estado. Segundo ele, a expectativa para essa nova experiência é grande e o nervosismo começa a “dar as caras”, mas sabe que isso faz parte do processo. “Este evento sempre foi importante para nossa família, desde que meu irmão começou a participar. Este ano, vamos participar juntos, meu irmão e eu, ou seja, é tudo em dobro, as experiências, os estudos, o nervosismo e as alegrias”, compartilha.
Nas etapas que antecedem o dia do evento, Arthur se concentra nos treinos, estudos e ensaios. Na sua categoria, as provas são divididas em escrita, oral, artística e campeira. Na primeira avaliação, do relatório de vivências tradicionalistas, que faz parte da prova oral, Arthur apresentará o trabalho que tem o tema ‘Relhos, rebenques, mangos e assemelhados’, em que fez pesquisas através de estudo bibliográfico e de campo. Na mesma avaliação também é sorteado um tema, para discorrer sobre o assunto. Na prova escrita, ele se prepara com estudos sobre a história e geografia do Rio Grande do Sul, tradição, tradicionalismo e folclore. Na campeira, são feitas provas de galpão, que envolvem o sorteio entre atividades como fazer charque, churrasco, emalar poncho ou cevar um mate. Também há a escolha entre tosar ou trançar o cavalo e, na prova de cavalo, a escolha é entre laçar, apartar ou fazer uma prova de rédeas. Como atividade obrigatória, é preciso encilhar o cavalo e demonstrar a andadura.
Na categoria peão participa Gabriel, que já teve outras experiências no mesmo concurso e, em 2017, em São Sebastião do Caí, se sagrou 3° Guri Farroupilha do Rio Grande do Sul. “A expectativa é boa, me sinto preparado e vejo um evento que está sendo organizado com coração. Além de ter meu irmão participando, o que cria um clima mais leve e puxado mesmo tempo, também tenho amigos que participarão. Estamos rodeados de pessoas boas”, afirma. O jovem de 23 anos garante que vai para o concurso de alma leve para mostrar o melhor que aprendeu durante sua caminhada tradicionalista. O sonho é conquistar o entrevero para a Capital do Chimarrão.
Gabriel comenta que a rotina de estudos para o concurso foi corrida, já que teve que conciliar com as demandas do curso de Medicina Veterinária e o trabalho no Hospital Veterinário da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). “São horas de estudo, ensaios e trabalhos com os cavalos, mas felizmente, como brinco, é uma preparação de quase uma vida, então se torna prazeroso. Entrei nesta ‘brincadeira’ de concursos, que visa a preservação da nossa tradição e, como gosto, fui criado neste meio. Levo aprendizados de amigos e familiares junto comigo”, destaca. As provas da categoria de peão iniciam com o relatório de vivências e a pesquisa de campo já enviadas no momento da inscrição. Nos dias de concurso, Gabriel passará pelas provas escrita, artística e oral e, no último dia de concurso, ocorrem as provas campeiras, com atividades a pé, a cavalo e de galpão.