Estudantes, pais, professores e moradores de Vila Mariante se reúnem, a partir das 10h30min deste sábado, 16, em frente à Escola Mariante, para um protesto pacífico que tem como finalidade deixar claro que a comunidade está extremamente preocupada com os problemas relacionados à instituição de ensino. Com um prédio interditado por precariedade da estrutura física e outro por conta da rede elétrica sem manutenção, e que oferece risco, as famílias do 2º Distrito querem atenção e agilidade na resolução dos embaraços.
No momento, o que se sabe é que a 6ª Coordenadoria Regional de Obras Públicas (Crop) trabalha no projeto para revitalização da rede elétrica do prédio da escola. O prazo estimado para elaboração é de 60 dias. Depois disso, ainda será necessário lançar o edital de licitação, definir a empresa que fará os consertos e aguardar pela execução propriamente dita. Enquanto isso, alguns alunos foram remanejados e outros estão sendo atendidos no formato remoto, segundo informou a Secretaria de Estado de Educação (Seduc).
A Seduc também comunicou os educadores, pais e estudantes de que a Prefeitura de Venâncio Aires disponibilizou três salas de prédios de sua propriedade, localizados em Vila Mariante, para servirem de salas de aula, excepcionalmente neste período de inviabilidade de espaços. Embora a medida não seja a ideal e não agrade às famílias, a diretoria e corpo docente da Escola Mariante iniciou algumas adaptações neste sentido. Horários especiais serão determinados para que cada estudante tenha, pelo menos, uma aula presencial na semana.
Promotoria
Depois de ter repercutido em vários veículos de comunicação, a situação da comunidade escolar de Vila Mariante também chegou à Promotoria Regional de Educação, com sede em Santa Cruz do Sul e que é o órgão competente para tratar do assunto no que tange à fiscalização e acompanhamento de trâmites. A promotora de Justiça Vanessa Saldanha de Vargas é quem está responsável pela situação. Ela foi acionada por familiares de alunos e buscará informações junto à 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) e Crop.
A advogada Mariana Orneles Martins, de 39 anos, auxiliou na elaboração da documentação que foi enviada à Promotoria. Ela tem duas filhas, de 8 e 12 anos, estudando na escola, e argumenta que “o Ministério Público é o órgão que tem legitimidade para defender os interesses da comunidade, por isso optamos por este caminho”. O promotor Pedro Rui da Fontoura Porto, de Venâncio Aires, foi informado a respeito e diz que as famílias agiram corretamente ao enviar a demanda pra Santa Cruz do Sul. “Se chegasse pra mim, era exatamente o que eu faria, pois a Promotoria lá é especializada na área”, comenta.
De acordo com Mariana, as autoridades municipais também foram procuradas, pois a comunidade de Vila Mariante teme que o processo de recuperação das estruturas da escola seja moroso demais. Ela diz que até um contato com a assessoria do governador do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira Júnior, foi feito. “Estamos nos valendo de tudo o que podemos. Pedimos apoio à mídia, às nossas autoridades e a todos que quiserem se solidarizar com a causa. Precisamos manter a pressão, porque se nos desmobilizarmos, a angústia das famílias e das nossas crianças vai aumentar cada vez mais”, argumenta a advogada.
Além da preocupação com o déficit de aprendizagem das crianças e adolescentes, Mariana destaca que a escola é o local onde todos criam seus vínculos. “Hoje, são minhas filhas que estão lá. Mas eu estudei na instituição do 7º ano do Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio. E o meu pai, José Luiz Alves de Freitas, que era conhecido como ‘Tio Zé’ e faleceu em 2017, foi professor neste mesmo educandário. Envolve sentimento e saudosismo”, observa. Para ela, o que está acontecendo com a Escola Mariante “é o retrato do descaso do Governo do Estado com as escolas”. A advogada sugere ainda que, como a situação é de emergência, as autoridades encaminhem processo administrativo de dispensa de licitação ou, entendendo de forma diversa, tratem o certame licitatório como assunto prioritário. “Vamos seguir firmes na luta pela solução dos problemas”, conclui.
“Vamos manter o protesto mesmo com chuva. Será um ato pacífico, mas não vamos deixar esta situação cair no esquecimento. A escola é a vida de Mariante, pois é lá que construímos nossos laços e temos acesso à formação de qualidade.”
MARIANA ORNELES MARTINS
Advogada e mãe de duas alunas da Escola Mariante
O grupo que está à frente da manifestação deste sábado, 16, já informou o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e Polícia Rodoviária Estadual (PRE) sobre a atividade. De acordo com a advogada Mariana Orneles Martins, a providência foi tomada porque a Escola Mariante fica na ERS-130, rodovia que é de responsabilidade do Governo do Estado. A Brigada Militar de Venâncio Aires também será comunicada.
Choque
• Durante conversa com pais de estudantes da Escola Mariante, a reportagem da Folha do Mate apurou que um eletricista teria sofrido uma descarga elétrica (choque) ao inspecionar a rede de energia. Ele foi acionado pela diretoria da instituição de ensino e, quando fazia a análise foi surpreendido. Na sequência, teria alertado sobre correntes elétricas ‘descendo’ pelas portas, janelas e estruturas metálicas do educandário.