Marcelo Kronbauer explica o uso de soluções baseadas na natureza no trabalho com nascentes

-

A revitalização das nascentes do Arroio Castelhano é uma das ações que podemos fazer para proteger o ambiente em que vivemos e permitir que as próximas gerações também possam desfrutar de uma água com qualidade. Essa atividade, ligada ao Comitê de Recuperação das Nascentes do Arroio Castelhano, pode ser encaixada como uma das soluções baseadas na natureza. Quem explica mais sobre esse termo é o professor doutor na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e engenheiro ambiental, Marcelo Luís Kronbauer.

Segundo ele, o termo soluções baseadas na natureza está inserido na temática da engenharia verde, que é bem ampla. Essas soluções implicam em um conjunto de ações executadas de modo a proteger, gerenciar e restaurar de forma sustentável os ecossistemas naturais ou modificados, que influenciam diretamente na sociedade. De forma prática, o professor explica que é como usarmos as funções dos ecossistemas em nosso benefício, de forma eficaz e adaptativa, ao mesmo tempo proporcionando recursos humanos bem-estar e benefícios para a biodiversidade.

Para que uma nascente seja considerada recuperada, é preciso aplicar as soluções baseadas na natureza. “Com o passar do tempo, para a água continuar surgindo em quantidade e qualidade, são necessários uma série de serviços ambientais, providos pelas plantas através de suas raízes, e de todos os organismos que habitam o solo, que aumentam sua porosidade e capacidade de infiltração e purificam a água”, explica.

Preocupação

Kronbauer salienta que o tema da água e das nascentes vem tomando as rodas de discussão nas salas de aula e também entre os profissionais, visto que é um tema que deve ser cada vez mais debatido e aprimorado. “Os cursos de Engenharia Ambiental, Engenharia Agrícola, Agronomia e Engenharia Civil, que atuo de forma mais próxima, tem diferentes disciplinas que abordam essa temática, em diferentes momentos”, afirma. Um exemplo mencionado pelo professor é quando a temática é usada como tema de trabalho de conclusão de curso, o que já aconteceu diversas vezes com alunos do curso de Engenharia Ambiental, inclusive, com monitoramento da qualidade e quantidade de água após intervenções e proteções realizadas.

Na área ambiental, o engenheiro reforça que já há empresas especializadas em assessoria focadas em recursos hídricos e Engenharia Natural. “Esse é um caminho sem volta, é iminente e necessário que cada vez mais profissionais tenham conhecimento dessas técnicas”, cita.

Mata ciliar

Dentro do contexto de soluções, a mata ciliar é um dos elementos importantes, já que a vegetação desempenha várias funções, que vão desde a estabilização e proteção do solo, até a possibilidade de aumentar sua infiltração de água.

Kronbauer explica que as metragens mínimas exigidas para a mata ciliar estão condicionadas a legislação florestal pela Lei 12.651/2012, que traz faixas de vegetação necessárias para recuperação ou manutenção nas denominadas Áreas de Preservação Permanente (APPs). Ele reforça que essa é uma indicação legal e não científica, já que em várias situações podem ser necessárias faixas mais extensas de vegetação.

Para as áreas mais próximas aos cursos de água, a dica do professor e engenheiro ambiental é de que sejam plantadas espécies que mais bem se adaptem às condições de excesso de água, como topete de cardeal ou caliandra, sarandi, branquilho, salso ou salseiro. “Essas são algumas das mais recomendadas para o plantio. Há várias outras espécies, o mais importante é sempre buscar árvores nativas e na dúvida sempre consultar um profissional da área para a melhor indicação para cada situação.”

“O panorama de mudanças climáticas e todos os problemas ambientais decorrentes já são uma realidade, ações de adaptação e enfrentamento são uma necessidade urgente.”
MARCELO LUÍS KRONBAUER
Professor e engenheiro ambiental

Dicas para aplicação das soluções baseadas na natureza

  1. O primeiro passo é o olhar científico sobre a natureza.
  2. Kronbauer destaca que primeiro é preciso buscar entender os processos que ocorrem na propriedade, e de que forma eles afetam a água, o solo, a produção agrícola como um todo.
  3. Posteriormente, identificando os problemas, buscar a melhor solução, buscando integrar a natureza ao mesmo.
  4. O engenheiro ambiental defende que o agricultor é um grande experimentador e entendedor da dinâmica da sua propriedade, ninguém melhor do que ele para entender esses processos e agir.
  5. O conhecimento técnico retido em instituições de extensão rural, como a Emater/RS-Ascar e nas universidades pode contribuir muito nesse sentido, então uma dica é buscar esse auxílio junto a essas instituições.



Luana Schweikart

Luana Schweikart

Jornalista formada pela Unisc - Universidade de Santa Cruz do Sul. Repórter do Jornal Folha do Mate e da Rádio Terra FM

Clique Aqui para ver o autor

    

Destaques

Últimas

Exclusivo Assinantes

Template being used: /var/www/html/wp-content/plugins/td-cloud-library/wp_templates/tdb_view_single.php
error: Conteúdo protegido