Diferente do que se vê na maioria das vezes no cinema, ao retratar o cenário de uma cirurgia em hospital, existe um profissional fundamental, mas que geralmente é retratado como coadjuvante. Trata-se do médico anestesista, cujo trabalho pode nem ser notado pela maioria das pessoas, mas é determinante para o sucesso de um procedimento cirúrgico.
Nesse 18 de outubro, quando se comemora o Dia do Médico, é importante ressaltar que esse profissional também é formado em Medicina e tem atuação indispensável não apenas para cirurgias delicadas, como abertura do tórax, por exemplo, mas também em intervenções consideradas mais simples, que exigem apenas que uma parte do corpo seja anestesiada.
Nesse sentido, o Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) vem intensificando o trabalho com técnicas diferentes de anestesia. Uma delas é o ultrassom como ferramenta principal para controle da dor. “Esse aparelho é muito usado pelo radiologista, mas também é muito útil para a anestesia e, nesse ano, vem sendo usado com muito mais frequência aqui no hospital”, comentou o médico anestesista Guilherme de Moura, 29 anos.
O jovem profissional é um dos responsáveis pela utilização dessa técnica, chamada Anestesia Regional Ecoguiada. Moura conta que trabalhou muito esse segmento durante a especialização em Anestesiologia que fez em Florianópolis, passando também por Porto Alegre. “Em grandes centros, isso é mais comum. Mas Venâncio está com o mesmo padrão de hospitais maiores e de referência. Não perde em nada.”
Na prática, se usa o ultrassom para ver a estrutura anatômica de nervos e veias, por exemplo, e aplicar a anestesia no ponto exato que vai ‘bloquear’ determinada parte do corpo. Ou seja, para uma cirurgia no quadril, ombro ou demais regiões dos braços e pernas, a anestesia abrange apenas o ponto necessário. “Tudo é feito em concordância com médico e paciente. Como também é bastante seguro, tem tido uma boa aceitação dos cirurgiões, que já pedem, e do paciente, que tem mais benefícios no pós-operatório do que se tivesse feito anestesia geral”, destacou Guilherme de Moura. Segundo o médico, entre os benefícios, está o menor tempo de internação (dependendo do caso, algumas horas), menos náusea e melhor controle da dor.
Monitoramento do sistema nervoso
Há poucas semanas, o HSSM também recebeu um novo equipamento de anestesia e que veio acompanhado de uma máquina chamada BIS, a qual monitora o sistema nervoso central. “Com ele conseguimos monitorar o exato nível de anestesia do paciente, acompanhar sua imobilidade, que ele não esteja sentindo dor e que esteja inconsciente. Ou seja, que não vai ter lembranças no pós-operatório e que podem gerar algum trauma. É um estado mais profundo que o sono”, explicou o médico.
Anestesistas no HSSM
• Atualmente, o hospital de Venâncio Aires conta com quatro médicos anestesistas: Julio Artus, Juliana Assmann, Aléxia Schmidt e Guilherme de Moura.
Uma área que abrange toda a Medicina
Guilherme de Moura trabalha no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) há sete meses. Embora tenha feito a especialização em Anestesiologia em Santa Catarina, ele diz que o município de pouco mais de 70 mil habitantes lhe atraiu por proporcionar uma proximidade familiar (é natural de Sobradinho), mas principalmente pela estrutura da instituição.
“Provavelmente não ficaria em Venâncio se aqui não tivesse a estrutura que encontrei. Esses equipamentos para as técnicas de anestesia que são importantes no dia a dia, ter uma UTI Adulto e expectativa de uma UTI Pediátrica. É uma grande estrutura, com uma importância regional e estadual”, comentou.
Moura também destacou que sua especialização lhe permite trabalhar com diversos pacientes e situações, seja com crianças ou idosos. “A anestesiologia dá campo de trabalho em todas as áreas. Ela abrange toda a Medicina. E mesmo em situações de pacientes muito críticos, o profissional dispõe de várias técnicas de reanimação e uso de medicamentos. Não é apenas um coadjuvante, como vemos um muitos filmes. Num centro cirúrgico, ele precisa ter um olhar global para fazer a melhor escolha.”
“A anestesia é fundamental para a segurança do paciente. Cada vez mais a tecnologia contribui para isso, mas também são indispensáveis os profissionais com habilidades para lidar com diferentes técnicas.”
GUILHERME DE MOURA – Médico anestesista
Personalizada
• O médico Guilherme de Moura destaca que toda anestesia é personalizada, ou seja, ela varia conforme a pessoa. Segundo ele, é preciso considerar diversos aspectos, como altura, peso, idade, massa magra e uso de medicamento contínuo, por exemplo. “A farmacologia é em prol da biologia de cada pessoa.”