Moradores próximos do Edmundo Feix reivindicam soluções para as inundações

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A polêmica das últimas semanas do Guarani não envolve nenhum falha de arbitragem ou qualquer erro cometido dentro das quatro linhas. O assunto mais comentado entre os torcedores e, até quem não é torcedor, é a venda da área do estádio Edmundo Feix para o Grupo Passarela, de Santa Catarina. Como troca, o Guarani receberia uma nova arena, situada possivelmente no Parcão, no bairro Bela Vista, ou em outras áreas sugeridas, como a Vila Olímpica, na área da escola Wolfram Metzler e o Parque dos Guaranis, na RSC-453. A comunidade de moradores próximos ao campo, que sofre frequentemente com as inundações por conta dos problemas de vazão da sanga do cambará que corta o estádio, questiona as resoluções para esta questão, antes da construção do novo empreendimento.

Na última terça-feira, 24, o Conselho Deliberativo do clube aprovou por maioria autorização para as negociações e, agora, a etapa é de produção de um projeto prévio para a construção da nova arena e, também, da unidade Via Atacadista no atual estádio. No entanto, a comunidade pressiona por esclarecimentos, já que não foi consultada sobre o assunto.

Questionamentos

Neste momento, o estádio serve de vazão para a água das enchentes. Os moradores relembram que já houve momentos onde a água alcançou metade da goleira. Entre os que sofrem com o problema está o casal Arno e Melita Hackenhard, ambos de 77 anos, que são moradores da rua Coronel Villanova, há uma quadra do estádio Edmundo Feix desde 1972.

Eles informam que ninguém da região foi consultado até o momento e pedem explicações. “Descobrimos pelo rádio e pelo jornal. Estamos há 50 anos aqui, sofremos com as enchentes, talvez sofreremos ainda mais por que não vamos nem conseguir vender a propriedade, caso não exista nenhuma solução”, pontua Melita.

Hackenhard explica que a água entra cerca de 30 centímetros na residência, nos dias de inundação. Anos atrás, ele relata que a água demorava a descer dos bairros Bela Vista e Aviação e, agora, em 15 minutos chega na região. “Todos conhecem a realidade, principalmente os conselheiros. Fui antes da reunião, não quero mal ao Guarani, preciso que primeiro seja resolvido esse problema, precisamos de uma galeria nova”, frisa.

O casal Arno e Melita são moradores da região há mais de 50 anos. (Foto: Leonardo Pereira)

Segundo o casal, os moradores estão conversando para buscar soluções, por que todos sofrem com o mesmo problema. “Pedimos que façam primeiro o canal. Ficamos devastados ao saber da notícia, queremos uma explicação. Não somos contra a construção do prédio, mas pedimos primeiro uma solução para o problema da água”, enfatiza Melita.

O proprietário da Centro Pneus (localizado a poucos metros do estádio), Júnior Luis Heissler, de 44 anos, diz que, em 40 anos que a empresa está ali, nada foi feito para solucionar o problema. “Do negócio do Guarani ninguém explicou nada. Mesmo que seja com uma empresa de 120 empregos, isso prejudicaria todas as quadras próximas ao estádio [caso não exista planejamento]. Acredito que o estádio poderia receber um investimento ou um plano de reforma”, destaca.

O empresário Ernani Goettems tem um bar em frente ao Edmundo Feix. (Foto: Leonardo Pereira)

De acordo com ele, a comunidade só quer saber, em caso de venda, qual o plano de infraestrutura e os requisitos da Prefeitura para a instalação de um novo prédio para atacado. “Se não for feito nada, diversas pessoas sofrerão com as inundações”, conclui Heissler.

De frente ao estádio está localizado o Bar do Ernani, ponto conhecido da região, administrado por Ernani Goettems, de 58 anos. Segundo ele, quando chove entre 60 e 70 milímetros, a água entra no bar. “Referente a venda, não sei qual será a estrutura, sei que é impossível aterrar, por que a água vai invadir muitos locais. Além disso, acredito que o Guarani perderá um pouco da sua identidade, como aconteceu com o Lajeadense [que teve uma nova arena inaugurada nos últimos anos, afastada do centro da cidade], a comunidade perde e o clube perde também.”

Júnior Heissler tem um empreendimento próximo do estádio. (Foto: Leonardo Pereira)

Respostas

O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, Nelsoir Battisti enfatiza que ainda não existe nada oficial, apenas uma conversa entre o Grupo Passarela e o Guarani. Caso o negócio seja efetivado, ele afirma que a Prefeitura colocará como uma das exigências impostas ao grupo a solução do problema das inundações. “Porém, até o momento existe apenas o interesse de um grupo pela área, nada documentado, não existe projeto de estádio ou de mercado, é uma conversa inicial”, frisa.

Consultado pela reportagem da Folha do Mate, o presidente do Esporte Clube Guarani, Lúcio Lourenço Rabuske, preferiu não se manifestar sobre o assunto.

Relembre:

  1. No sábado, 14 de janeiro, representantes do Esporte Clube Guarani, da Administração de Venâncio Aires e do Grupo Passarela, de Santa Catarina, estiveram em Frederico Westphalen, para conhecer a estrutura do time da cidade, o União Frederiquense, que disputou o Gauchão do ano passado. A visita aconteceu após interesse do Grupo Passarela na compra da área do estádio Edmundo Feix;
  2. Na noite de terça-feira, 24, no estádio Edmundo Feix, membros do Conselho Deliberativo e diretoria do Esporte Clube Guarani aprovaram, por maioria, o início das negociações com o Grupo Passarela, de Santa Catarina, para a venda da área onde está localizado o estádio Edmundo Feix. Em troca, o Guarani deve receber uma nova arena, em lugar a ser definido;
  3. A comunidade de moradores que moram próximos ao estádio Edmundo Feix questionam problemas de infraestrutura, em destaque as inundações que acontecem no local;
  4. Na quinta-feira, 26, o ex-prefeito de Venâncio Aires e atual deputado estadual suplente pelo PDT, Airton Artus, se manifestou sobre a construção do novo estádio no Parcão, no bairro Bela Vista. Ele contesta a escolha deste local e defende que a comunidade seja consultada, além de sugerir uma área junto a Escola Wolfram Metzler como possibilidade.


Leonardo Pereira

Leonardo Pereira

Natural de Vila Mariante, no interior de Venâncio Aires, jornalista formado na Universidade de Santa Cruz do Sul e repórter do jornal Folha do Mate desde 2022.

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