Moradores têm dificuldades para fazer ligação no esgoto da Corsan

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Desde o início deste ano, a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) tem trabalhado na notificação de moradores que já podem fazer a ligação das suas residências até a nova rede coletora de esgoto, instalada nas calçadas das moradias. Porém, o processo de ligação à caixa intradomiciliar tem causado dores de cabeça a alguns moradores, que afirmam não encontrar o caimento adequado para que o esgoto ‘corra’ da casa até a rede coletora, na rua.

Moradora do bairro Aviação, Daniela Josiane Chaves, 35 anos, é uma das pessoas que está enfrentando dificuldades. Ela explica que a notificação chegou no fim de outubro à sua casa e que o prazo para que a ligação fosse feita era de 30 dias. No entanto, quando foi executar o trabalho, percebeu que, para ter o caimento correto, a caixa da Corsan deveria estar instalada, pelo menos, alguns centímetros mais abaixo. A analista de RH afirma que procurou ajuda e esclarecimentos da equipe da Corsan, e lá encontrou mais moradores de Venâncio Aires com o mesmo problema. Porém, não houve solução.

A indignação da moradora se dá pelo fato de que, nestes casos em que não há caimento correto, a indicação é que se faça a instalação de uma bomba para ‘puxar’ o esgoto da casa e ‘empurrá-lo’ até a rede. No entanto, para fazer este processo, é necessário um investimento elevado e que, normalmente, não é planejado no orçamento. “Não fico indignada só por mim. Eu meio que consegui resolver, mas percebo que há pessoas sem condições, que não vão conseguir fazer. Eles [a Corsan] simplesmente não estão nem aí. Ou tu faz, ou paga 140% sobre o consumo de água. Onde fica nosso direito de consumidor?”, indaga.

No fim, a moradora do Aviação fez a ligação sem a bomba, que foi aprovada pela equipe da Corsan na terça-feira, 8, mas ela teme que, no futuro, possam acontecer problemas maiores, como infiltrações em meses de mais chuva, o esgoto ficar parado ou, ainda, voltar para dentro da tubulação da casa, causando mau cheiro.

Na casa de Daniela, ligação foi feita sem bombeamento, mas a moradora do bairro Aviação teme por problemas e mais gastos futuros.

Custos

• Para fazer a ligação, Daniela teve um gasto de R$ 192,85 com materiais, já que a mão de obra foi feita pelo marido e pelo padrasto.

• Em conversas com vizinhos e conhecidos, Daniela ouviu que há profissionais cobrando de R$ 700 a R$ 1,2 mil para realizar todo o serviço.

• Para instalação da bomba, ela fez um orçamento com uma empresa de serviços hidráulicos de Venâncio Aires e o valor não baixa dos R$ 3,7 mil, fora os fios necessários para ligação da bomba e a mão de obra.

Valores

• A taxa mencionada por Daniela é uma forma de cálculo diferente que é feita pela Corsan para beneficiar quem já fez a ligação e está nos conformes com o tratamento de esgoto.

• Quem já tiver feito a ligação, pagará somente 70% sobre o valor do consumo de água da sua conta. Já quem não fez, poderá pagar até 140% a mais do valor.

• “Nosso objetivo é realmente incentivar o tratamento do esgoto, por isso estamos usando essa diferença”, afirma o gerente da unidade local da Corsan, Ilmor Dörr.

• A taxa de serviços básicos permanecerá a mesma. O desconto só é feito no valor cobrado pelo consumo da água.

Clientes procuram a unidade local para orientações

O gerente da Corsan de Venâncio Aires, Ilmor Dörr, explica que o trabalho de notificação das economias para ligação ao novo sistema de esgoto faz parte do Marco Regulatório do Saneamento, que prevê que até 2033 todo o esgoto sanitário esteja tratado. “Estamos fazendo a nossa obrigação, a nossa parte”, salienta.

Ele ressalta que este novo sistema é chamado de ‘separador absoluto’, em que o esgoto é separado e tratado de forma individual, diferente da forma mista, em que o esgoto é tratado junto com drenagens. A responsabilidade da Corsan neste processo é de dispor o sistema de tratamento e o compromisso do morador é de fazer a conexão da casa até a caixa intradomiciliar.

“Não temos como entrar no terreno do imóvel e fazer modificações, nosso serviço é da propriedade para fora, mas vários fatores interferem para não se ter o caimento adequado, como casas que foram construídas quando não se tinha a rua asfaltada e, depois, a parte externa foi levantada, aí fica o desnível”, argumenta.

Dörr destaca que o objetivo desta troca de sistema é que não seja mais preciso o uso da fossa séptica e, consequentemente, a manutenção periódica dela. O ‘mundo ideal’ é que se tenha o caimento adequado e se faça a ligação da parte interna da casa até a caixa, na calçada. Mas, caso isso não seja possível, há alternativas. O gerente também dá como sugestão a ligação em outra caixa da Corsan que não seja a do próprio morador.

“Há situações em que o caimento ideal está na rua de trás e não na rua na frente da casa”, lembra. Nestes casos, seguindo também as condutas de boa vizinhança, se pode fazer a ligação na casa de outra pessoa. “É importante conversar antes com a pessoa, já que será necessária uma intervenção na calçada ou terreno do vizinho”, observa. O bombeamento é indicado para os últimos casos, quando não há outras alternativas.

Orientação

Sobre os atendimentos na sede da Corsan em Venâncio Aires, Dörr comenta que muitas pessoas têm realmente procurado as equipes em busca de esclarecimentos e informações. “A maioria eu diria que nos procura para saber o que eles têm que fazer. E lá todos estão capacitados para dar essa orientação”, assegura. Há situações em que a própria equipe operacional e o gerente visitam moradias para avaliação e apresentação de dicas e alternativas viáveis do que fazer naquele local. Dörr acredita que o problema real de caimento se apresenta em apenas 10% das casas de Venâncio e, em sua maioria, os casos são resolvidos sem grandes problemas.

  • 2,6 mil – é o número de economias já conectadas ao novo sistema de esgoto em Venâncio Aires, em bairros como Centro, Loteamento Artus, Cidade Alta, Aviação, Gressler e Xangrilá. Outras 2.822 residências estão em fase de notificação e processo de ligação.

Saiba mais

• O ideal é que a ligação seja feita em até 30 dias após o recebimento da notificação. Após feita a ligação, é preciso informar a Corsan sobre qual caixa foi usada: se foi a própria ou de algum vizinho, para que as equipes possam ir até o local e fazer a vistoria.

• Hoje, há muitos encanadores, autônomos, lojas de materiais hidráulicas e de construção que fazem o serviço. Quando for possível e estiver apto, o próprio morador pode executar.

• “Aconselho as pessoas a conversarem bastante, tirarem dúvidas e também solicitar mais orçamentos para avaliar e comparar valores”, indica Dörr.

Obras do PAC 2

1 O gerente da Corsan explica ainda que há bairros que já têm a parte isolada do esgotamento sanitário na pavimentação, casos de Brands, Macedo, Vila Rica, União, São Francisco Xavier e Dietrich.

2 Isso porque, em 2014, foram feitas obras do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2) e o sistema de esgotamento foi adiantado quando feito o asfaltamento e calçamento de diversas ruas. Porém, os moradores ainda não devem fazer a ligação e aguardar a notificação da Corsan, que deve ser feita nos próximos dias.

  • Dúvidas, esclarecimentos ou auxílios podem ser solicitados no escritório da Corsan, na rua Barão Triunfo, número 1.440. Moradores também podem fazer contato pelo aplicativo ou ainda pelo 0800-646-6444.


Luana Schweikart

Luana Schweikart

Jornalista formada pela Unisc - Universidade de Santa Cruz do Sul. Repórter do Jornal Folha do Mate e da Rádio Terra FM

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