A escalada dos casos de dengue liga um alerta em Venâncio Aires. A Vigilância Sanitária, por meio dos agentes de endemias, realiza diversas ações na intenção de reduzir a proliferação de insetos e o aumento de casos da doença. Uma das opções biológicas e inovadoras, que ainda busca eficácia, é o projeto Aedes do Bem, que será adquirido e implementado em breve na Capital Nacional do Chimarrão.
Segundo informações do site do projeto, o produto é composto por uma caixa com ovos de mosquitos machos do Aedes aegypti com característica autolimitante, ou seja, que são capazes de limitar a reprodução da própria espécie. Os ovos são ‘ativados’ para se desenvolverem após adição de água potável. Depois de 10 a 14 dias, já adultos, esses mosquitos machos se espalham no ambiente, encontram as fêmeas – as que picam e são transmissoras das doenças, como dengue, zika, febre amarela e chikungunya – e acasalam. Deste cruzamento, apenas os descendentes mosquitos machos chegam à fase adulta, herdando também a característica autolimitante, e as fêmeas são exterminadas.
O objetivo é reduzir o número de fêmeas do mosquito Aedes aegypti, que são encontradas nos lugares mais escondidos. Os mosquitos do Aedes do Bem não picam, não transmitem doenças e não trazem malefícios às pessoas, animais e outros insetos. Na quinta-feira, 28, a equipe da Vigilância Sanitária realizou reunião e treinamento com empresa Bioseta – Inteligência Ambiental, que comercializa o produto. “Queremos instalar assim que chegar o produto, mas antes precisamos a preparação”, explica o coordenador Gabriel Alves. Os locais que receberão o produto ainda não foram divulgados.
Além deste método, a equipe mantém o engajamento de informações através das redes sociais da Prefeitura, aplicação de inseticida em regiões com alto número de casos, visitas dos agentes de endemias, mutirões de recolhimento e limpeza nos bairros, ações educativas nas escolas, e uso de drone para averiguação de imóveis fechados e possíveis criadouros do mosquito.
Aumento de casos
Nas duas últimas semanas, o número de casos de dengue deu um salto em Venâncio Aires. De acordo com boletim da Vigilância Epidemiológica, desde o último sábado, 23, até terça-feira, 26, houve um aumento de 31 infecções, elevando o total para 116. E, de terça, 26, até quinta-feira, 28, foram mais 50 casos, totalizando 166 pessoas infectadas pelo vírus da dengue. Destes, apenas dois casos foram contraídos fora de Venâncio Aires, e 18 amostras estão em análise na Vigilância Epidemiológica. Apesar da elevação, nenhuma pessoa necessitou de internação por consequência da doença.
Sucesso
- O projeto Aedes do Bem foi aplicado de forma piloto no município de Piracicaba, em São Paulo, em 2015, e seguiu durante quatro anos. Neste tempo, chegou ao resultado de 98% de eliminação das fêmeas nas áreas controladas com o produto e atingiu a cobertura de mais de 65 mil habitantes.
- Outro município que usou o método foi Indaiatuba, também em São Paulo, em 2018. Depois de cinco anos, alcançou 96% de redução na população do Aedes aegypti e cobriu mais de 45 mil habitantes.
- Em ambos municípios, o Aedes do Bem foi aprovado pela população em pesquisa e mais de 90% querem a continuidade do projeto. O projeto é da empresa Oxitec, fundada em 2002, na Universidade de Oxford, no Reino Unido. A empresa está no Brasil há 10 anos, com sede em Campinas, em São Paulo.
