Municípios unidos para tornar o Vale do Rio Pardo mais resiliente às catástrofes climáticas

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Com o objetivo de pensar ações e medidas para adaptar e tornar os municípios do Vale do Rio Pardo mais resilientes às mudanças climáticas, entidades e instituições regionais se uniram para criar o Comitê Pró-Clima. Para nortear o trabalho desse órgão, foram estabelecidas 19 metas, que estão divididas em quatro eixos temáticos.

Os grupos de trabalho são formados por membros da Câmara Setorial do Meio Ambiente do Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale); a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM); o Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Rio Pardo (Corede-VRP), o Comitê Pardo, a Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp) e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Rio Grande do Sul (Crea – RS).

Segundo a presidente do Cisvale e prefeita de Sinimbu, Sandra Backes, o Comitê Pró-Clima foi criado a partir de uma mobilização das entidades porque a região não estava contemplada no Plano Rio Grande, iniciativa lançada pelo Governo do Estado. As propostas do Comitê foram, inclusive apresentadas ao vice-governador e presidente do conselho do plano, Gabriel Souza (MDB), quando ele esteve em Santa Cruz do Sul na semana passada para ouvir as demandas da região. Na oportunidade, ele confirmou a inclusão do Vale do Rio Pardo no programa estadual.

Iniciativa permanente

De acordo com Sandra, a ideia é que o comitê seja uma ação permanente na região. “É um trabalho muito técnico e que vai ser realizado por anos, porque agora precisamos acompanhar toda a gestão de desastres, resiliência climática, gestão de recursos hídricos e revitalização de todas as encostas dos rios”, salienta. Além disso, ela informa que ações voltadas à infraestrutura, urbanização, recuperação de solos e agricultura sustentável também fazem parte desse projeto e precisam ser acompanhadas.

A presidente do Cisvale ressalta que a criação do Comitê Pró-Clima tem como principais objetivos tornar o Vale do Rio Pardo mais resiliente e preparado para enfrentar os eventos climáticos extremos, que têm sido cada vez mais frequentes. “Quando a gente trabalha de forma conjunta e consegue integrar todos os segmentos, é possível criar ações para mitigar e prevenir, inclusive, futuros eventos climáticos deste porte”, analisa.

Para Sandra, é possível perceber que os Municípios estão dando mais atenção aos assuntos relacionados ao clima. Ela, inclusive, observa que essa pauta deve estar presente na elaboração das Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDOs) para os próximos anos e nos planos de governo dos candidatos a prefeitos nas eleições deste ano. “As necessidades e as adversidades que nós vivemos durante as enchentes de abril e maio deixaram todo mundo em alerta e precisamos priorizar esse assunto. Falar sobre o meio ambiente precisa ser uma pauta sempre dentro dos Municípios”, ressalta, ao mencionar as iniciativas da Agenda Ambiental 2030 e de revisão dos planos de saneamento básico e diagnóstico socioambiental dos municípios, que já vêm sendo promovidas pelo Cisvale.

Para a secretária de Meio Ambiente de Venâncio Aires e representante do município no Comitê Pró-Clima Vale do Rio Pardo, a criação dessa iniciativa é de extrema importância, pois possibilita que os Municípios busquem soluções conjuntas para tornar a região mais resiliente às questões climáticas.

“É necessário discutir a temática de forma continuada, com foco não somente nos eventos extremos que vivenciamos nos últimos meses, mas pensando a longo prazo. O comitê tem um grande desafio pela frente, que engloba a elaboração de projetos, proposição de ações de restauração, reconstrução e adaptação frente a crise climática, busca de recursos para a execução das ações propostas, dentre outras”, destaca. Carin ainda salienta a relevância da participação de universidades e entidades representativas no comitê. “A união de esforços é fundamental para o fortalecimento da região.”

Eixos temáticos do Comitê Pró-Clima VRP

  • Eixo 1 – Resiliência Climática e Gestão de Desastres
  • Eixo 2 – Gestão de Recursos Hídricos e Revitalização de Ecossistemas
  • Eixo 3 – Infraestrutura e Urbanização Sustentável
  • Eixo 4 – Recuperação de Solos Agricultáveis e Agricultura Sustentável
  • (Fonte: AI Cisvale)

“Temos que criar uma cultura de resiliência e adaptação ao clima. Isso vai fazer parte do nosso dia a dia.”

SANDRA BACKES

Presidente do Cisvale

Unisc auxilia na elaboração de projetos

A Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) é uma das entidades que fazem parte do Comitê Pró-Clima. Segundo o coordenador Centro Socioambiental da instituição de ensino, Paulo Theisen, desde que o Plano Rio Grande foi publicado pelo Governo do Estado, a universidade tem se envolvido na causa regional de pleitear espaço e recursos através do programa.

Por meio da equipe de técnicos e do Centro Socioambiental, a Unisc tem auxiliado os 17 municípios que fazem parte do Cisvale e da Amvarp a pensar e elaborar propostas para depois captar recursos. O olhar tem sido de forma personalizada para cada cidade da região, conforme as demandas individuais de cada uma. As ações são voltadas à parte estratégica, de mostrar as necessidades da região ao Governo do Estado e à União, e à elaboração de planos, como os de revitalização das bacias hidrográficas do rio Pardinho, do arroio Castelhano e do rio Pardo.

Outro exemplo citado por Theisen do trabalho que vem sendo realizado pela Unisc envolve os planos de macrodrenagem, que buscam apontar dentro das bacias quais seriam os locais que poderiam receber a construção de barragens para buscar conter a intensidade da água. De acordo com ele, a intenção é aproveitar esses estudos para verificar se é viável construir essas estruturas em alguns pontos e se elas também poderiam ser usadas para reduzir impactos em momentos de escassez hídrica. Como exemplo de um local que está em análise ele menciona o rio Pardinho.

“Nosso trabalho é amparar, desenvolver e auxiliar a região do Vale do Pardo. O comitê busca soluções e uma atenção especial dos governos do Estado e Federal”, salienta. Além disso, está no radar do grupo apresentar os projetos para entes privados. “A ideia é construir, como já vem sendo feito, um conjunto de propostas e elas serem transformadas em uma plano que servirá de base para a busca de recursos”, explica.

Ele define a criação do Comitê Pró-Clima como uma iniciativa fantástica, especialmente pela união da região por um mesmo objetivo. “Um município sozinho, ou mesmo a universidade isolada, certamente não geram a sensibilização e a força que tem de um ente que representa 17 municípios, uma região como um todo”, avalia.

Em relação a prazos, Theisen informa que a intenção do grupo de trabalho é concluir até a próxima sexta-feira, 6 de setembro, as propostas e submetê-las em seguida à avaliação do Governo do Estado. “Passada a fase de construção [das propostas] se inicia fortemente uma fase de captação de recursos”, informa.

“O objetivo é que nós sejamos vistos e que através dessa união sejamos lembrados e possamos defender os interesses regionais e, literalmente, angariar recursos para a recuperação, investimento e prevenção na região.”

PAULO THEISEN

Coordenador Centro Socioambiental da Unisc

Planos de contingência e monitoramento do clima

Nesta semana, o Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale) reuniu os membros do Eixo I do Comitê Pró-Clima do Vale do Rio Pardo, acompanhados de representantes da Defesa Civil, para dar início ao processo para a atualização dos planos municipais de contingência.

Durante o encontro, que contou com a presença do tenente-coronel Alexandre Moreira Pereira, da Defesa Civil Regional, foi apresentada a necessidade e a possibilidade de criação de um Centro Regional de Alerta e Monitoramento de Desastres no Vale do Rio Pardo.

De acordo com a diretora executiva do Cisvale, Léa Vargas, a principal tarefa a ser realizada de forma conjunta pelos 17 municípios consorciados está na atualização dos planos de contingência, utilizados para dar início às operações da gestão pública antes, durante e após eventos extremos do clima.

“Solicitamos aos coordenadores da defesa civil dos municípios consorciados, para que seja feito um levantamento de necessidades para atualização dos planos de contingência da defesa civil dos municípios, que têm prazo para atualização”, destaca ao confirmar que, inicialmente, os municípios têm até o dia 12 de setembro para encaminhar essa demanda.

Outro ponto levantado pelo grupo e destacado pela diretora executiva do Cisvale está relacionado à qualificação das defesas civis dos municípios. A ideia é promover a possibilidade de capacitação aos coordenadores de Defesa Civil dos municípios, pelo Estado, e a aquisições de materiais para o enfrentamento de desastres.

(Fonte: AI Cisvale)



Taís Fortes

Taís Fortes

Repórter da Folha do Mate responsável pela microrregião (Mato Leitão, Passo do Sobrado e Vale Verde) e integrante da bancada do programa jornalístico Terra em Uma Hora, da Terra FM

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