Número de crianças e recursos condicionam projeto para construir Emei em Vila Santa Emília

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Anunciada no fim de 2020, a construção de uma Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) em Vila Santa Emília ainda pode demorar para sair do papel. Isso porque, mais de dois anos depois de o assunto ganhar destaque, há muitos pontos em ‘aberto’ envolvendo Município, Estado e recursos federais de uma emenda parlamentar.

Certo, mesmo, é que segue mantida a intenção de construir um espaço junto à área da Escola Estadual de Ensino Fundamental São Luiz, para atender crianças de 0 a 3 anos (seria a primeira Emei do interior de Venâncio Aires), mas o tipo de projeto ainda depende de definições.

A primeira delas passa pelos números finais do Censo do IBGE. “Há alguns anos se falou numa demanda de 40 a 60 crianças. Mas vamos projetar em cima de dados reais que o IBGE vai apresentar. Não podemos pensar numa Emei de grandes proporções se não há viabilidade para isso, correndo o risco de virar um elefante branco”, comentou o secretário de Educação de Venâncio Aires, Émerson Henrique.

O secretário explica que, se não houver uma grande demanda e que se aproxime da realidade de outras Emeis de Venâncio, uma possibilidade é fazer o que ele chamou de ‘anexo de educação infantil’. Na prática, é como se fosse uma Emei pequena. “Mas esse tipo de projeto também precisaríamos ver se é possível fazer, para saber quais profissionais e estrutura seriam necessários. Além disso, precisaríamos de autorização legal e passar pelo Conselho de Educação. Então, neste momento, vamos aguardar os números do Censo para depois pensar no tipo de projeto.”

Área é do Município

Desde que a ideia de uma Emei em Santa Emília começou a ser ventilada, o objetivo era que ela fosse construída junto à área da escola São Luiz. Mas, antes disso, seria necessário resolver sobre a posse da área, que pertencia à CNEC, Campanha Nacional de Escolas da Comunidade. Desde 1988, a CNEC encerrou as atividades em Santa Emília e alugou o espaço para o Estado, que passou a administrar o local e vinha pagando aluguel.

Ainda em 2019, recebeu do governo do ex-prefeito Giovane Wickert a oferta de R$ 365 mil como indenização pela desapropriação. Como a entidade não se manifestou, a Prefeitura aguardava pela decisão judicial para conseguir dar prosseguimento ao processo e desmembrar a área. O despacho favorável à ação de ‘Imissão de Posse’ veio em 2021 e, em 2022, se deu andamento no Registro de Imóveis para, finalmente, adquirir o terreno de 1,5 mil metros quadrados.

A intenção inicial da Prefeitura, desde o início dos trâmites, era desmembrar uma parte para a construção da Emei. Já a área onde está localizada a escola São Luiz, seria repassada ao Estado em troca de uma área em Vila Estância Nova. “Não conversamos mais e por enquanto isso ainda não avançou. Precisamos ver metragens e valores das áreas e se o Estado tem realmente interesse nessa permuta”, informou o secretário de Educação, Émerson Henrique.

Polêmica com a emenda de R$ 1 milhão

Além de condicionar o tipo de projeto à real demanda de crianças em Santa Emília e localidades próximas, o secretário de Educação falou sobre as garantias de ter recursos para a obra. Vale lembrar que, o anúncio da construção da Emei aconteceu com a confirmação, em dezembro de 2020, de uma emenda de R$ 1 milhão que seria indicada pelo deputado federal Heitor Schuch (PSB). No entanto, segundo Émerson Henrique, o que veio para a Educação foram R$ 250 mil.

O ‘imbróglio’ começou ainda em 2021, quando a Prefeitura analisou novamente a área e verificou que, para construir o menor projeto federal (como é o modelo da Emei Vó Helma, no bairro Brands, para 68 alunos), ainda assim teria que avançar muito no campo de futebol da escola São Luiz. “Mesmo sendo um prédio menor, o governo exige uma grande área. Então conversamos com o deputado para trocar o tipo de emenda. Ao invés de ser pelo PAR [Plano de Ações Articuladas] para o Próinfância, que fosse uma emenda de transferências especiais, livre. Assim, poderíamos planejar uma Emei com a real necessidade da comunidade. O deputado concordou, mas teve um problema depois isso”, mencionou o secretário.

O R$ 1 milhão foi depositado na conta da Prefeitura, mas o ‘problema’, segundo Émerson Henrique, é que o valor veio dividido, com R$ 750 mil destinados especificamente para a Saúde. “Dinheiro para a saúde é fundamental e o deputado sempre ajudou Venâncio. Mas, hoje, com R$ 250 mil, praticamente não conseguimos fazer nada”, argumentou o secretário.

A reportagem conversou com Heitor Schuch, que explicou os motivos da divisão dos valores. “Fizemos aquele projeto e depois soubemos dos problemas burocráticos em relação à área. Metade dos valores de emendas dos deputados precisa, obrigatoriamente, ir para a Saúde. Então qualquer repasse para a Saúde sempre tem prioridade e nos trâmites sempre anda muito mais rápido.”

Para o deputado, a Prefeitura usaria, então, esses R$ 750 mil na Saúde e, quando tivesse quantia igual no orçamento próprio, o Município poderia remanejar o investimento para a Educação. Mas, conforme o prefeito Jarbas da Rosa, essa possibilidade não é considerada. “Veio o R$ 1 milhão, mas R$ 750 mil eram específicos para a Saúde. Hoje, para fazer o menor projeto de uma Emei, seriam pelo menos R$ 3 milhões.”

Jarbas reiterou a fala de Émerson Henrique, sobre aguardar o Censo e saber a real demanda no número de crianças. Além disso, destacou a dificuldade com recursos e descartou, neste momento, um possível financiamento para fazer a obra. “Se ainda tivéssemos aqueles mais de R$ 8 milhões, até poderíamos pensar em investir neste momento”, comentou o prefeito, se referindo ao montante que a Administração vai deixar de arrecadar em 2023, devido à queda no retorno de ICMS.

Compromisso

O projeto da Emei Santa Emília também é pauta no Legislativo. Na próxima semana, os vereadores do PSB, Sandra Wagner e Elígio Weschenfelder, o Muchila, estarão em Brasília. Conforme Sandra, além de várias agendas em ministérios e secretarias, a ideia é conversar com deputados. “Pretendo levar essa demanda novamente para o Heitor Schuch. Ele tem intenção de resolver a situação, até porque se ficou no compromisso de resolver e efetivar a creche. Se for o caso, vamos intermediar junto ao deputado. Com certeza ele vai ter um olhar carinhoso para nós.”

Além disso, a vereadora disse que quer conversar com o prefeito Jarbas da Rosa. “Tenho uma reunião marcada para o dia 7 de março com o prefeito, para ver se já tem uma definição sobre o projeto, qual o tamanho e qual recurso precisa. Ver quais rumos seriam possíveis.”

Aplicação

Os R$ 750 mil da emenda encaminhada por Heitor Schuch para a Saúde foram destinados ao custeio do serviço de atenção básica, na manutenção dos postos de saúde de Venâncio, com aquisição de material de consumo e prestação de serviços.

Abrangência

• Uma escola de Educação Infantil no quarto distrito de Venâncio Aires já é pedida pela comunidade da região há muitos anos.

• Com o desenvolvimento de Vila Santa Emília, somado à expansão do Frigorífico Kroth, que emprega centenas de pessoas, ter uma Emei próxima se tornou uma necessidade para muitas famílias.

• Além de crianças moradoras da sede do distrito, a escola atenderia alunos das Linhas 17 de Junho, Olavo Bilac, Harmonia da Costa, Cecília, Monte Belo, Lucena, Palmital, Travessa e Grão-Pará.

• Vale ressaltar que a Haas Madeiras, de Linha Brasil, também utiliza mão de obra de moradores das localidades da região que será atendida pela Emei de Santa Emília.



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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