Adiles Gomes Pereira, Véra Wagner, Rosane da Silva, Maria Isabela Dhein, Fátima Schroeder, Iara da Silva, Marli Schwingel, Eloisa Kist e Maria Helena Schons, participam do grupo (Foto: Júlia Brandenburg)
Adiles Gomes Pereira, Véra Wagner, Rosane da Silva, Maria Isabela Dhein, Fátima Schroeder, Iara da Silva, Marli Schwingel, Eloisa Kist e Maria Helena Schons, participam do grupo (Foto: Júlia Brandenburg)

Quando o grupo de tecelagem Mãos que Tecem, Mãos que Aquecem foi criado em Picada Mariante, no interior de Venâncio Aires, os objetivos era promover a integração, fortalecer laços comunitários de amizade e elevar a autoestima. Após cinco anos de atividades, o propósito está sendo cumprido à risca. Atualmente, o grupo é composto por 20 mulheres que participam de cursos promovidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e de outras oficinas.

A última oficina realizada pelo grupo neste ano ocorreu no dia 11 de novembro, na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Tiradentes, que atualmente está desativada e funciona como sede do Clube de Mães São Judas Tadeu, de Picada Mariante. Durante o encontro, as participantes produziram artesanatos com teares de prego, sob a orientação da artesã Maria Helena Schons. Desde 2019, além de cursos voltados para o trabalho com lã, foram promovidos encontros sobre culinária, macramê, bordado, plantas medicinais e jardinagem, todos ministrados por instrutores do Senar. O clube de mães da localidade é um dos principais parceiros do projeto, sendo o grupo de tecelagem praticamente uma extensão de suas atividades.


NOVO OLHAR

A coordenadora do grupo é a professora aposentada Véra Wagner, que coordena os encontros. Segundo ela, tanto as oficinas quanto os cursos proporcionaram um novo olhar sobre o artesanato com lã crua. “Ao usarmos a lã de ovelha, matéria-prima abundante na localidade, estamos gerando renda para as famílias e contribuindo com a sustentabilidade. Atualmente, os criadores de ovinos enfrentam dificuldades para comercializar a lã, o que leva ao descarte inadequado desse material no meio ambiente”, explica.

Véra também destaca que o projeto resgata costumes culturais dos antepassados, fomenta a economia familiar, fortalece as relações entre as participantes e contribui para a autoestima e o empoderamento feminino. Ela reforça ainda a importância do projeto, não apenas pelo convívio e aprendizado, mas também pelas boas ações realizadas. “Nossa região foi fortemente atingida pela enchente em maio. Para demonstrar solidariedade e empatia, doamos muitas peças produzidas por nós às famílias afetadas”, relata.

A agricultora Rosane Amélia da Silva, de 57 anos, moradora de Linha Taquari Mirim, é uma das integrantes do grupo. Sua paixão pelo artesanato começou aos 13 anos, quando aprendeu a fazer crochê e tricô. Desde que ingressou no grupo de tecelagem, em 2021, ela não apenas aprimorou suas habilidades, como também criou novos laços de amizade. “O próximo passo é tirar minha carteirinha de artesã. Produzo materiais com lã e outros tipos de artesanato sob encomenda”, compartilha.

Véra também cita a importância das parcerias que apoiam o projeto. Em 2023, o grupo recebeu uma verba da assistência social da Diocese de Santa Cruz do Sul e, neste ano, foi assinado o termo de fomento 2023/2024. “Esses auxílios financeiros são fundamentais para o desenvolvimento das oficinas e para a aquisição de materiais necessários ao trabalho do grupo”, finaliza.


Trabalho realizado

• A matéria-prima, antes de ser usada para o artesanato, passa por um processo de lavagem, tingimento, cardagem e produção de fios de forma simples. Com isso, é possível fazer a confecção de peças como xergões, mantas para sofás, tapetes e edredons. As peças produzidas pelas mulheres têm seu estilo próprio, e pode ser usada de diferentes formas e combinações.

• Como forma de encerrar o ano de trabalho e aprendizados, o grupo realiza, na próxima sexta-feira, 6, a partir das 19h, na Comunidade São Judas Tadeu, de Picada Mariante, a 1ª Mostra de Artesanato em Lã. Durante o evento, haverá a entrega de certificados às participantes das oficinas, com confraternização com lanche compartilhado.

Júlia Brandenburg

Repórter

Com foco na agricultura e no interior, também atua em pautas gerais, sempre com um olhar atento para a apuração dos fatos

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