A recepcionista Acélia ingressou no hospital em 1978, quando seu pai trabalhava lá. Agora, tem as netas Bruna e Júlia como colegas na instituição
A recepcionista Acélia ingressou no hospital em 1978, quando seu pai trabalhava lá. Agora, tem as netas Bruna e Júlia como colegas na instituição (Foto: Caco Villanova)

Acélia Maria Neumann Kist, a Celinha da recepção, demonstra gratidão quando o assunto é Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), que chama carinhosamente de Bastião. No dia que ingressou na instituição, em 1º de abril de 1978, seu pai Ottmar Pedro Neumann estava lá, trabalhando no setor de manutenção. Hoje, duas netas seguem os passos da avó e do bisavô. Bruna Thainá da Silva é técnica de Enfermagem e integra a equipe da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Julia Vitória da Silva, que está concluindo o Ensino Médio, atua no setor administrativo, como menor aprendiz.

Natural de Venâncio Aires, a filha de seu Ottmar e dona Amélia Neumann, já falecidos, cresceu no bairro Brígida, onde ainda reside. O esposo Hélio Kist também faleceu, mas lhe deixou uma filha, que lhe deu três netas, Bruna, Júlia e a caçula Andressa Isabeli, de 11 anos.

Em se tratando do hospital, para Acélia não tem hora. “Alguém liga, lá vai a vó”, brinca Júlia, que também trabalha na recepção no turno oposto ao da escola. O HSSM foi o primeiro emprego de Celinha. “E ainda é”, enfatiza ela, que mesmo aposentada, segue trabalhando e garante que é feliz na profissão. E mais, agradece e se diz realizada em participar dos 90 anos da instituição e de fazer parte desta história.

De mesma forma que testemunhou momentos difíceis no hospital, como falta de verbas, salários atrasados e dívidas crescendo, também vivenciou momentos mágicos. Além de local de trabalho, no Bastião nasceram a filha Ana Cláudia e as netas.

Quando começou a trabalhar, Acélia estava solteira. Lembra que havia uma precariedade na saúde, em relação aos dias de hoje. “Era tudo mais difícil. Hoje, tenho consciência do quanto mudou pra melhor o hospital e a saúde pública. Temos plantões, sobreaviso, médicos especializados e agendamento de consultas e pediatras de plantão. Acompanhei o crescimento do Bastião e as vitórias conquistas”, observa, destacando as instalações das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) adulta e pediátrica.

Na época que iniciou no emprego, lembra que a administradora do hospital era Imgarth Heck, mãe do radialista João Paulo Heck, que faleceu recentemente. Dos médicos, destaca o clínico geral João Oscar Fürst, que segue atuando no plantão. “Aprendi muita coisa com eles”, garante, citanto também inúmeros colegas que passaram pela recepção e pelo hospital, pelos quais guarda amizade e respeito.

Acélia gosta de trabalhar com o público. Aos 64 anos, comenta que já viu muita coisa em 47 anos de atividade no hospital de Venâncio Aires. “Cada um vem com uma história de vida, às vezes momentos de tristeza. A gente presencia a morte e a vida”, observa. Quando completou 31 anos na função, se afastou por um período, mas retornou para a mesma função quando houve a intervenção do hospital por parte do Município, em 2011.
“Considero o Bastião a minha segunda casa. Hoje, está tudo mais calmo, temos diálogo e apoio da nossa chefia e da direção”, ressalta. Mesmo sabendo das dificuldades pelas quais a instituição ainda enfrenta, acredita que há solução para tudo. Pelo menos, é o que deseja ao Hospital São Sebastião Mártir. “Sou grata a Deus e ao hospital por fazer parte dessa instituição.”