Óleo de cozinha: você sabe como fazer o descarte da forma correta?

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Cada vez mais é preciso se atentar e se preocupar com o descarte correto dos resíduos que produzimos. Com responsabilidade ambiental é possível cuidar do meio ambiente e ainda transformar um resíduo em um novo produto ou em uma fonte de renda para pessoas, entidades ou empresas.

Um destes resíduos é o óleo saturado. Consumido de forma doméstica e também em empreendimentos do ramo alimentício, o óleo não deve ser descartado de qualquer forma. Conforme o secretário municipal de Meio Ambiente (Semma), Nilson Lehmen, o descarte incorreto acarreta em uma série de consequências. Quando descartado no ralo da pia, a gordura acumula no encanamento e retêm resíduos, entupindo a rede de esgoto e impedindo o fluxo do saneamento. A contaminação acontece também na rede de esgoto, atraindo ratos e baratas. Outra questão é a poluição do principal manancial do município, o Arroio Castelhano.

Ao ser descartado no lixo comum (recolhido na coleta seletiva), o óleo também pode contaminar o solo ao chegar na usina de triagem. “É uma questão de saúde coletiva e não há porque descartar de forma incorreta se há possibilidades que são melhores no âmbito ambiental e econômico.”

Hoje, Venâncio Aires conta com alguns pontos de coleta, como o Esporte Clube Guarani e entidades e escolas que integram o programa de recolhimento de óleo saturado da Afubra, que faz parte do projeto Verde é Vida (veja o box). Lehmen destaca que o óleo já consumido pode ser reutilizado de diversas formas, como na produção de sabão e para iniciar o fogo na churrasqueira, em substituição ao álcool, por exemplo.

Empresas

Outro setor que precisa estar atento ao descarte correto do óleo é o de alimentação, que envolve lancherias e restaurantes. “Orientamos que guardem o óleo e destinem de forma correta. Inclusive, pode ser doando para alguma entidade que participa do programa da Afubra. Ou ainda, pode virar uma renda extra quando vendido para os compradores de óleo, geralmente empresas que usam o resíduo na produção de xampus, sabões e detergentes”, explica Lehmen. Ele ressalta que a média de preço pago por essas empresas é de R$ 1 para cada litro de óleo.

O secretário da Semma relata que chegam algumas denúncias de descarte incorreto de óleo saturado na pasta. São casos pontuais, mas que acendem o alerta. Nestas situações, a equipe se desloca até o local e ao confirmar o descarte incorreto ou a falta de comprovação do contrário, uma notificação e atuação são aplicadas. O valor é de, no mínimo, R$ 5 mil para pessoas físicas ou jurídicas.

“Não queremos distribuir multas, mas orientar e educar as pessoas para terem cada vez mais essa consciência sobre o descarte correto.”
NILSON LEHMEN
Secretário Municipal de Meio Ambiente

Atitude que vira incentivo

Uma das opções de descarte correto é o programa de Coleta de Óleo Saturado promovido pela Afubra. Segundo o avaliador e também coordenador de Assuntos Corporativos da filial de Venâncio Aires, Luís Carlos da Silva, o projeto de atuação ambiental e social começou em 2009 e está nos três estados do Sul do Brasil.

Na Capital do Chimarrão há 33 participantes que são pontos de recolhimento, sendo três entidades, escolas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio, incluindo as particulares e a Penitenciaria Estadual de Venâncio Aires (Peva). Esta última, inclusive, foi premiada no ano passado no ranking dos locais que mais entregaram óleo entre todos os participantes do programa. A Peva ficou em décimo lugar com a entrega de 1.060 litros de óleo saturado.

Silva explica que a atividade da coleta é desenvolvida pelas escolas e entidades parceiras, com o apoio e parceria das Secretarias de Educação dos municípios, cadastradas no programa Verde é Vida. “Cabe à direção e professores das escolas, a organização de atividades educacionais para a coleta, da mesma forma que entidades devem divulgar para a população”, afirma. Para participar, as pessoas devem acondicionar o óleo saturado em garrafas pet e levar até uma das escolas ou entidades que participam do programa.

Já a Afubra disponibiliza um cronograma de dias e horários em que as garrafas serão entregues pelas escolas e entidades. Segundo Silva, neste ano, a primeira entrega deve acontecer no fim do mês de maio e as próximas em agosto e início de novembro, na filial da empresa. Cada litro entregue é convertido em R$ 1, que são acumulados para no ano seguinte ser entregue o valor total através do cheque bônus, que deverá ser trocado por mercadorias nas lojas da Afubra.

Depois de recolhido pela Afubra, o óleo é encaminhado para a usina de biodiesel, que fica no Parque da Expoagro Afubra, em Rio Pardo. “Na usina de biodiesel da Afubra, a equipe técnica faz uma nova filtragem para remover todos os resíduos sólidos. Depois é feito um processo de aquecimento e drenagem para retirar a possível umidade presente no óleo”, explica Silva. Os resíduos sólidos provenientes da filtragem (farinhas) são encaminhados para compostagem e as garrafas pet são encaminhadas para a reciclagem. Após a filtragem, o óleo passa por um processo químico, e através de reação química é convertido em biodiesel e posteriormente usado nos tratores e caminhões da Afubra. Outra quantidade, menor, é destinada às empresas parceiras, que produzem sabão ou rações para animais.

Processo de filtragem do óleo feito na usina de biodiesel da Afubra, em Rio Pardo. (Foto: Divulgação)
  • Em 2022, por meio do programa da Afubra, foram coletados 89.966,50 litros de óleo saturado por 368 parceiros em 83 municípios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

“Um litro de óleo saturado contamina cerca de 20 mil litros de água, e estamos passando por um período de estiagem, escassez de água. Imagina se todos os venâncio-airenses fossem largar no ralo esse produto, certamente estaríamos com muito mais dificuldades de água potável para consumo.”
LUÍS CARLOS DA SILVA
Avaliador e coordenador de Assuntos Corporativos da Afubra de Venâncio Aires

Recolhimento o ano todo

A Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Alfredo Scherer participa do programa Verde é Vida, com o recolhimento de óleo saturado, pelo menos, desde 2016. A diretoria Ionara Raquel Bencke afirma que durante todo o ano os alunos entregam garrafas de óleo que as famílias juntam. Além disso, algumas empresas parceiras descartam o resíduo no educandário.

Em 2022, Ionara ressalta que foram mais de 300 litros entregues para a Afubra e mais de 100 foram vendidos para empresas que compram o líquido. Os estudantes que integram o Grêmio Estudantil, Vinícius, 12 anos, aluno do 7º ano; e Isabella, 11 anos, do 6º ano, fazem a parte deles e entregam o óleo saturado que foi usado em casa. Vinícius conta que não leva toda a quantidade para a escola, porque a avó dá outro destino para o óleo saturado da família: a fabricação de sabão caseiro.

  • Um vídeo foi gravado com os estudantes Vinícius e Isabella, da escola Alfredo Scherer. No material, eles explicam sobre as formas de descarte correto. Para assistir, clique aqui.

Entidades que participam do programa da Afubra

Associação de Pais e Mestres (APM) Escola Monte das Tabocas, Penitenciaria Estadual de Venâncio Aires (Peva), APM Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Arco Íris, Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), APM Emei Aloísio Paulo Algayer, APM da Emef Osvaldo Cruz, APM Emef Dom Pedro ll, ONG Parceiros da Esperança, Círculo de Pais e Mestres (CPM) Escola Crescer, APM Emef Dois Irmãos, Casa de Acolhimento e Comitê de Ação da Cidadania Contra a Fome e a Miséria de Venâncio Aires, CPM Emef Bento Gonçalves, CPM Escola Professora Leontina, CPM Escola Prof. Pedro Beno Bohn, APM Emef Cidade Nova, APM Emef José Duarte de Macedo, Emef Odila Rosa Scherer, APM Emei Gente Miúda, APM Emef Cel. Thomas Pereira, APM Emef Benno Breunig, APM Emef Alfredo Scherer, APM Emef Narciso Mariante de Campos, CPM Escola Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Escola de Educação Infantil Criança Feliz, Associação de Pais e Mestres Bela Vista, Associação Escolar Gaspar, Escola Wolfram Metzler, Emef São Judas Tadeu, APM Emei Mônica, CPM Emei Vovô Weber, APM Emei Yolita da Cruz Portella, APM Emei Osmar Armindo Puthin e CPM Escola Cônego Albino Juchem.



Luana Schweikart

Luana Schweikart

Jornalista formada pela Unisc - Universidade de Santa Cruz do Sul. Repórter do Jornal Folha do Mate e da Rádio Terra FM

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