Educação além da ‘decoreba’. Ensinar a olhar e entender a si e não apenas os outros. Esses são alguns dos objetivos da oficina Fábrica de Escritores, desenvolvida pela Organização Não Governamental (ONG) Consciência e Atitude (Coat), que desembarcou em sete escolas de Venâncio Aires entre os dias 8 e 11 de abril.
O projeto, que integra o programa ‘Hip Hop Interação’ e conta com recursos de emenda impositiva do ex-vereador Benildo Soares (Republicanos) e apoio da Prefeitura de Venâncio Aires, consiste na realização de oficinas de poesias e crônicas desenvolvidas pelos escritores Berma MC e Dan Poletti. Conforme o coordenador da ONG Coat, Djalma da Silva, mais de 150 alunos participaram das atividades, que foram realizadas para estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental nas escolas Monte das Tabocas, Zilda de Brito Pereira, 11 de Maio, Crescer, José Duarte de Macedo, Brigida do Nascimento e Dois Irmãos.
“Em todas essas escolas, a Coat já tinha realizado algum tipo de trabalho. E, agora, as diretoras e professoras já nos conheciam e reconheceram a importância das atividades”, destaca Silva. O tema da atividade é ‘Vivendo Minha Vida’, e os critérios de avaliação são criatividade, originalidade e comunicação. “Na primeira etapa, os alunos escreveram e as escolas selecionam duas poesias e duas crônicas. Esses alunos selecionados vão receber um certificado como aluno destaque da escola e os textos vão para a etapa municipal”, explica.

A oficina vai premiar os autores dos melhores textos com livros, materiais escolares e um notebook para cada categoria. As escolas receberão uma arte destacando o papel da escrita criativa. Além disso, os três finalistas de cada categoria – avaliados por uma banca do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) de Venâncio Aires -, os professores e a equipe do projeto farão uma viagem para o Museu da Cultura Hip Hop, em Porto Alegre. No dia 22 de maio será divulgado o resultado com os vencedores, e a viagem ocorre no dia 24, um sábado.
Conhecimento próprio
Djalma da Silva relata que o ponto de partida dos projetos é sempre a visão periférica do território e do eu próprio. Por conta disso, o objetivo é estimular que os alunos consigam falar sobre si, da rotina, do bairro, experiências e perspectivas. “Poesia e crônica são duas formas de se comunicar e expressar sentimentos”, comenta.

“A escrita criativa dá ao estudante a possibilidade de se expressar. Para além do português gramatical que se aprende em sala de aula, a proposta das oficinas é trabalhar o conceito de que a vivência daquele jovem importa e merece ser contada.”
DAN POLETTI
Escritor e oficineiro
Os estudantes aprovaram o projeto, como destacam as colegas do 8º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual de Ensino Fundamental Zilda de Brito Pereira, Ana Cláudia Rodrigues Lima, Jordana Letícia, Júlia Rafaela e Alexana Valentina. Ana, que tem 13 anos, afirma que adorou o espaço para crônica. “Aprendi muito e acho que temos chances de ganhar o concurso”, disse.

Jordana, de 14 anos, declarou que também gostou mais da crônica, porque não precisa só falar do cotidiano, pode também colocar um pouco de magia, sair da realidade. “Na poesia, precisa falar muito de sentimentos, não gostei tanto”, exemplificou. Já para Júlia e Alexana, ambas com 13 anos, o projeto ajudou a desenvolver a escrita e a expressar os sentimentos. “Gostei mais da poesia, achei mais fácil. Aprendi muito”, destacou Alexana.
“Ter a oportunidade de compartilhar conhecimento com alunos de diversas escolas e idades foi muito especial, por vários motivos. Mas acredito que o mais importante foi poder acessar a criatividade deles e plantar a ideia de que da mente deles também podem surgir grandes ideias, textos e poemas.”
BERMA MC
Escritor e oficineiro
Parceria da Coat na escola
De acordo com a diretora da Escola Zilda, Larissa Bittencourt, a parceria com a ONG Coat existe há alguns anos e a instituição entende que é importante levar a cultura para dentro da sala de aula. Para ela, a escola não é só um espaço de aprender a ler, escrever e ‘fazer contas’, mas também um local de aprendizado para a cidadania. “Esse projeto é fantástico. A educação não é só decorar conhecimento, isso está no Google. Precisamos fazer nossos alunos pensarem, desenvolverem criatividade”, completou.
150 – foi o número de estudantes que participaram das atividades.

“A escola é sobre aprender a escrever, a cultura é sobre o que escrever e a arte é como se expressar através dessa escrita. É um conjunto, para que a molecada possa evoluir de forma mais plena. Não basta apenas a educação, tem que ter a cultura e a arte juntas. Queremos contribuir com a escola, complementar, fortalecer o aprendizado que os alunos têm.”
DJALMA DA SILVA
Coordenador da ONG Coat