Formar profissionais para atuar na área da comunicação em um momento de tanto mudança e com a incremento constante da tecnologia também é um desafio para as faculdades. Segundo o coordenador do curso de Comunicação Social da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Willian Araújo, toda a formação universitária é contextual. “Vamos para a sala de aula e discutimos tudo aquilo que acontece no contexto social brasileiro, especialmente no Jornalismo, onde os exemplos da realidade são fundamentais para que a gente monte as experiências de aprendizagem”, destaca.
Nesse sentindo, ele observa que há, pelo menos, seis anos, falar sobre desinformação se tornou um aspecto muito importante para as discussões a respeito da formação dos profissionais que vão atuar nesta área. “Isso passa a ser tema, frequente, de discussão em sala de aula, de palestras, de aulas inaugurais e, ao mesmo tempo, passa a configurar no currículo a partir das mudanças que são desenvolvidas”, explica.
Como exemplo ele cita as técnicas de checagem e as que envolvem análise de dados. “As técnicas de apuração não mudam, o que mudam são as ferramentas, onde tenhamos, contemporaneamente, mais a necessidade de fazer esse processo de checagem de conteúdo produzido pelas pessoas e, também, de se posicionar enquanto o jornalista e usar essas ferramentas digitais como um modo de fazer análise”, relata.
O coordenador do curso de Comunicação Social ainda explica que se busca inserir olhares atuais sobre conteúdos que já são clássicos dos estudos de Jornalismo. “Se, por exemplo, está se discutindo sobre fontes jornalísticas, passamos a tratar da perspectiva contemporânea, em que a gente tem uma forma de comunicação horizontalizada, ou seja, muitas pessoas conseguem comunicar com diferentes alcances, fazendo com que diferentes informações circulem por diferentes grupos sociais e o jornalista tem que consolidar como um profissional que tem credibilidade para entregar um uma versão curatorial, uma versão filtrada de como os fatos se articulam na realidade”, ressalta.
“O papel do profissional comunicacional é fundamental. Só nós vamos conseguir criar uma sociedade mais educada, aberta, diversa e informada. Porém, temos o desafio de fazer isso com o contexto contemporâneo, entendendo as aspirações das pessoas, entendendo suas dificuldades e o modo como elas se comunicam.”
WILLIAN ARAÚJO – Coordenador do curso de Comunicação Social da Unisc
Papel do profissional
De acordo com Willian o pepal do profissional de comunicação no combate à desinformação é central, especialmente no que diz respeito a entender que essse ele também é um profissional que educa. “Para educar, ele precisa fazer a comunicação mais adequada, mais conversacional e mais interativa possível, no sentido de conseguir entender a realidade do outro e dialogar com ela”, comenta.
Para ele, durante muito tempo o jornalista adotou um formato que pensa a comunicação de forma padronizada e, muitas vezes, as pessoas não se reconhecessem nesses espaços informativos. Por isso, ele acredita que os leitores busquem se informar por um diálogo mais personalizado, como um relato pelo WhatsApp ou um vídeo em primeira pessoa.
“Temos que aprender a lidar com essas novas formas de construção da informação e do relato para conseguir dialogar melhor com as pessoas e fazer com que elas se sintam atraída se sintam mobilizadas a conhecer mais a realidade e entender mais sobre os temas.”
Educação midiática
• Para o professor Willian Araújo, a educação midiática é fundamenal. “Ela é o que vai garantir às pessoas uma cultura cidadã, que vai fazer com que as pessoas estejam bem informadas e consigam desenvolver conhecimento e se posicionarem no mundo”, destaca. Entretanto, ele observa que existe um déficit educacional muito grande e que colocar as esperanças apenas sobre a educação midiática pode sobrecarrregar as escolas.
• “Por isso, que é de extrema importância que as universidades, como é o nosso caso, e os meios de comunicação, como a Folha do Mate, tenham iniciativas cada vez mais de aproximação da comunidade, para que se crie um diálogo, porque a aprendizagem acontece no diálogo”, analisa.