Passado o susto com a elevação do rio Taquari, iniciaram-se os serviços de limpeza e reconstrução de Vila Mariante, no interior de Venâncio Aires. Contudo, agora a população enfrenta um perigo mais ‘silencioso’: as doenças que acompanham as águas da enchente. Em entrevista ao programa Folha 105 – 1ª edição, da Rádio Terra 105.1, a especialista em clínica médica e terapia intensiva Jacqueline Froemming alertou os moradores e voluntários para os cuidados com a água contaminada. “Usar luvas e botas e fazer a higienização das bancadas, pisos e utensílios utilizados na cozinha”, orientou.
Segundo ela, a principal doença é a leptospirose, adquirida a partir da exposição direta ou indireta com a urina de animais contaminados, em especial, ratos. “É uma doença febril, associada à dor no corpo, fadiga e dor de cabeça. Na presença dos sintomas, é orientado procurar uma unidade básica de saúde, relatando o sintoma e a exposição à água”, disse. A doença pode, inclusive, passar a ter sintomas em até um mês após o contato.
Além disso, ainda é comum o contato com animais peçonhentos e, na dúvida, é recomendado buscar uma unidade de saúde para avaliar a situação. A médica infectologista Sandra Knudsen reiterou, também, os riscos com bactérias e vírus, que podem produzir diarreia, vômito e febre. “As águas carregam as bactérias. Fique atento para sintomas de febre, dor no corpo, dor nas panturrilhas e procure atendimento médico imediato, para que se tenha sucesso no tratamento do caso”, afirmou. Tétano e hepatite A também são riscos, seja pela exposição de cortes ou pela falta de higienizações adequadas a produtos como talheres.
Trabalho da Saúde
O secretário de Saúde, Tiago Quintana, comentou que, em primeiro lugar, foram realizados os trabalhos em três pontos de apoio em Vila Mariante – no trevo de acesso, no ginásio de Linha Mangueirão e no acesso pela rua Bepe Guimarães. Posteriormente, destacou o secretário, foram desmontadas duas bases (trevo e Bepe Guimarães) e concentrados os serviços na Estratégia de Saúde da Família (ESF) Mariante, que estava pronta para reformas.
Com equipe completa, inclusive com dentista, a unidade atende os moradores e monitora a saúde coletiva da localidade. “Estamos concentrados em vacinas, principalmente antitetânica, e na prevenção. Por isso, distribuímos um produto que pode ser utilizado para purificar a água, que é o mais agente de contaminação no momento”, enfatizou.
O próximo passo, apontou Quintana, é analisar a estrutura da unidade de saúde e a possibilidade de prosseguimento da obra de reforma. Por outro lado, o administrador da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Venâncio Aires, Rodrigo Silva, afirmou que houve um aumento do número de atendimentos nos últimos dias e as principais queixas são diarreia, vômito e infecções respiratórias. “A nossa preocupação maior é com casos de leptospirose, por exemplo, que são mais complexos e precisam ter um cuidado maior. Transtornos de ansiedade também, pós-trauma da enchente”, concluiu.