Ao mesmo tempo em que a tecnologia facilitou diversos serviços, entre eles a ida a caixas eletrônicas e o pagamento de contas, também abriu brechas para a fraudulência e o roubo de dados. O professor do Curso de Engenharia de Computação da Universidade do Vale do Taquari (Univates), Alexandre Stürmer Wolf, observa que o aumento desses casos está ligado ao termo Engenharia Social – ala da Tecnologia da Informação (TI) que explora as fragilidades do meio –, e o que ocorre é que os golpistas estão aperfeiçoando as técnicas, principalmente em relação a várias possibilidades de virtualização de negócios e a grande quantidade de informações disponibilizadas pelos próprios usuários através de redes sociais ou similares.
“Não generalizando, mas rostos, dados pessoais, relacionamentos, locais visitados, ligações familiares, tudo que é necessário para comprovar a sua identidade é disponibilizado por você ou seus conhecidos”, diz o professor.
Pix: qual o risco?
Wolf também detalha que os riscos não estão nos algoritmos de segurança dos bancos virtuais, que, afinal, são semelhantes aos físicos, porém, são advindos do crescimento da utilização da tecnologia Pix.
Inaugurada em 16 de novembro de 2020, a tecnologia surgiu para facilitar as transferências bancárias e, rapidamente, se tornou popular, alcançando o topo das transferências em 2021, segundo o Banco Central do Brasil.
O professor Wolf afirma que a plataforma é segura, porém, o problema é o fator humano ou as facilidades que se deseja ter ou disponibilizar. “Dependendo das situações, é bem difícil identificar algo irregular, ainda mais com o excesso de exposição das pessoas nas redes sociais”, pontua.
Como evitar fraudes?
Outro ponto destacado pelo professor de Engenharia de Computação é que, quanto maior a liberdade e facilidade de uso, menos seguro será. De acordo com ele, o mínimo que deve ser feito é utilizar uma senha de desbloqueio e outra senha para entrar no aplicativo, e se possível, usar senhas para transações. “No caso de roubo de celular, o ideal é informar o banco para bloquear as transações, registar a ocorrência e notificar a operadora de celular.”
Papel dos bancos
Em meio a dúvidas, os usuários pressionam os bancos por atitudes mais rápidas e diretas. Contudo, Wolf explica que a responsabilidade do banco é disponibilizar um ambiente seguro de comunicação e armazenamento das transações. “A responsabilidade das transações cabe ao usuário. Este pode tentar recorrer de algo indevido, desde que possa comprovar o ocorrido e a instituição financeira aceite, mas não é garantido. O melhor é evitar que o problema ocorra”, enfatiza.
Cartão por aproximação: perigo desnecessário?
Essa modalidade foi instituída com o objetivo de facilitar pagamentos, pois é necessário apenas aproximar o cartão da maquininha de cartão e a conta está paga, sem a necessidade de senhas ou qualquer outra ação.
Entretanto, o professor Wolf pontua, novamente, a ligação entre a facilidade para realizar transações, com as possíveis ‘dores de cabeça’ com problemas. “Imagine se você está em uma festa e alguém chega com uma maquininha, aproxima do seu bolso e fica pegando várias cobranças de um valor baixo (ou nem tanto)?”, sinaliza.
A sugestão, segundo ele, é limitar as cobranças de aproximação sem senha a valores baixos e um número máximo por dia. “Caso não se sinta à vontade com esta tecnologia é só entrar nas configurações do seu banco e desativar este recurso”, orienta.
Dicas para maior segurança
- Limitar os valores das transações Pix
- Limitar o número de transações Pix
- Ativar notificações sempre que ocorrer um Pix
- Proteger com senhas o acesso à sua conta
- Não divulgar dados pessoais na internet
Fonte: Professor Alexandre Stürmer Wolf
A dificuldade de identificar os golpistas
Em Venâncio Aires, não houve casos relacionando com roubo de celulares e dados bancários. Ainda assim, o delegado Vinícius Lourenço de Assunção, titular da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), explica que as investigações em casos semelhantes passam, primeiramente, por realizar o caminho até onde foi realizada a transferência bancária.
“Buscamos tentar seguir o dinheiro. É bem complexo. Primeiro é preciso buscar autorização judicial, tentar um bloqueio da conta. Precisa ser imediato, pois a transferência é instantânea e o responsável já vai tentar sacar ou transferir o dinheiro para outra conta”, detalha o delegado.
De acordo com o delegado, um dos passos na investigação é descobrir o modo como foi realizado o golpe. Sendo assim, seguir o modelo utilizado, seja WhatsApp, links por SMS ou mesmo o furto do aparelho celular. “Por vezes, é frustrante. Porque golpes on-line podem ser realizados de todos os locais do país, e a investigação se torna mais complexa. Isso sem contar que, em alguns casos, chegamos em um nome e esse não tem nenhuma relação, por que utilizaram uma conta no nome dele de forma falsa.”