Nas últimas semanas, um dos maiores reality shows do país levou ao grande público uma discussão importante: o que é um relacionamento tóxico? A partir do casal formado no Big Brother Brasil pelo modelo Gabriel Tavares, o Gabriel Fop, e pela atriz Bruna Griphao, o assunto virou ponto de debate para todo o país, por conta das atitudes questionáveis de Gabriel, que envolviam ameaças em tom de brincadeira, discussões, pressão emocional e até palavras agressivas. Durante um dos programas, o modelo teve sua atenção chamada pelo apresentador Tadeu Schimidt, algo incomum para o formato, e os participantes entenderam os riscos das atitudes.
Outro aspecto que impactou o público foi que Bruna não percebia a relação problemática e foi surpreendida com as declarações do apresentador. Fop foi eliminado na semana seguinte, com 54% dos votos, contudo, o termo relacionamento tóxico e os perigos dessa relação ainda geram dúvidas.
A psicóloga e especialista em Terapia Sistêmica (terapia de casal e família) e clínica psicoterápica contemporânea, Karine Pezzini, explica que o nome já define a relação: é algo que te intoxica. “É um meio de coibir, censurar, reprimir ou diminuir o outro. É o poder que se coloca sobre o outro. Na relação tóxica sempre há uma desigualdade entre os envolvidos”, diz.
Entendimento
Karine relata que, por um lado, existe o imaginário da pessoa que passa por isso de pensar que será a cura, a solução, que este é o grande amor da vida ou então um grande emprego, mas que, no fundo, a realidade é que essa relação maltrata, humilha e tira o pior do envolvido.
Ela afirma que é preciso lembrar que as relações tóxicas não acontecem apenas em relacionamentos amorosos, mas também familiares, amizades, trabalho e em qualquer relação. “É uma relação destrutiva”, frisa.
Durante o processo, a pessoa que está submetida a tal relação tem emoções negativas, se sente diminuída e julgada frequentemente, além de se culpar por acontecimentos. Ainda existe o sentimento de estar presa ou refém do relacionamento e com a autoestima abalada. “Alguém que passa por essa experiência pode desenvolver diversos sintomas somáticos, ou seja, sente no corpo os efeitos que vem sentindo. Pode também desenvolver sintomas depressivos e ansiosos”, explica a psicóloga.
Outra dificuldade está liga às oscilações que muitas vezes acontecem. De acordo com Karine, aquele que prática a toxicidade, reprime, ofende, faz violência psicológica, mas depois pede perdão, desculpas e projeta a culpa na outra pessoa.
O que fazer?
De acordo com a psicóloga, esse tipo de relação pode acontecer com qualquer indivíduo, mas é mais frequente com mulheres. E, para sair dessa relação, é importante, primeiramente, ter consciência do que está vivendo. “Fortalecer-se emocionalmente e ter apoio de pessoas que o cercam se torna muito primordial. E a ajuda de um profissional da área mental o ajudará nesse processo extremamente difícil, confuso e dolorido.”
Ela ainda pontua que muitos já passaram ou passam por tal relação e não percebem, devido a todo emaranhamento e os efeitos psicológicos. Por isso, quando o tema é abordado em rede nacional chama a atenção para o problema e coloca luz para a discussão e conscientização das relações tóxicas. “Assim há possibilidade de que o assunto seja mais discutido e visto pela sociedade para que as pessoas consigam procurar ajuda e saírem dessas relações e até mesmo identificarem antes”, finaliza.
“As relações humanas são difíceis, mas elas não podem ser,de forma alguma, violentas ou para maltratar o outro.”
KARINE PEZZINI
Psicóloga