De acordo com dados do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Venâncio Aires, a Capital do Chimarrão registrou, apenas em 2024, 204 acidentes com motos. As estatísticas também indicam que outubro foi o mês com mais ocorrências com esses veículos, com 30 situações – atingindo a simbólica marca de um atendimento por dia. O tema foi assunto do programa jornalístico Folha 105 – 1ª Edição, da Rádio Terra FM, na última quinta-feira, 24.
“É um número muito expressivo, que nos preocupa em relação à segurança dos condutores. A gente acredita que seja um pouco de falta de cuidado da parte do condutor, o excesso de velocidade que causa esses problemas. Estamos tentando achar uma alternativa para que esse número diminua”, avalia o coordenador do Departamento Municipal de Trânsito de Venâncio Aires, Luciano Teixeira.
A capitão da Brigada Militar de Venâncio, Michele da Silva Vargas, também aponta como fatores para esse número de acidentes a direção sob influência de drogas e características da pista, como por exemplo, nos dias de chuva em que a frenagem dos veículos fica mais lenta por conta da via escorregadia. “A falta de conhecimento e de observância das regras de trânsito vêm contribuindo muito para que ocorram os acidentes e acredito que seja também um dos principais fatores”, adicionou.
Maior circulação
Outro aspecto que ajuda a explicar o elevado número de acidentes com motos em outubro é o clima. O mês representou o retorno de dias quentes e secos, superando, em alguns períodos, a marca dos 30ºC. Como reflexo, o condutor que tem a opção de escolher entre carro e moto pode optar pela segunda opção, mais econômica. Atualmente, Venâncio Aires tem 13.620 motos em circulação, segundo o Detran Rio Grande do Sul, o equivalente a 25% do total da frota no município, que é de 53.505, envolvendo todos os tipos de veículos. “É visto nos números que os traumas diminuem no inverno e aumentam no verão. Nos meses de maio, junho e julho, a gente teve uma queda nesses números, principalmente com moto, porque quem tem a opção, num dia muito frio ou de chuva, acaba saindo de carro”, observou Patrícia Silveira, coordenadora do Samu em Venâncio.
Cuidados para evitar acidentes com motos
“Bem diferente de um acidente envolvendo o carro, que tem aquela proteção toda, o motoqueiro não tem. Por isso, a gente sempre diz que o para-choque do motoqueiro é o capacete que, na verdade, não consegue proteger tanto quanto deveria”, destaca a instrutora de autoescola, Iara Stein. Justamente por ser um veículo mais exposto, garantir a saúde e que os motoristas tenham um bom comportamento é sempre um ponto de preocupação das autoridades.
Iara explicou que, nas aulas dos Centros de Formação de Condutores (CFC), todos os alunos são orientados a praticarem a “direção defensiva”, no entanto, a realidade é diferente. “Falta, muitas vezes, conhecimento da legislação. Mas, antes de eu querer conhecer a legislação, eu preciso ser responsável e saber que é a minha vida que está em cima da moto e eu preciso respeitar a vida do outro”, pontuou. Já Teixeira sugere que os condutores utilizem, se possível, rotas alternativas e menos movimentadas e que os deslocamentos ocorram com antecedência, para evitar pressa.
Outro público que também precisa ser responsabilizado são os próprios pedestres, como contou a capitão: “Nós temos uma grande dificuldade que os pedestres atravessem uma via na faixa de segurança. Isso aumenta muito o risco, porque o motorista, além de ter que estar atento aos outros veículos, às vezes, quando ele percebe, uma pessoa aparece na frente do carro. A gente pede para o pedestre, porque, no momento em que houver atropelamento fora da faixa de segurança, pode ser que o motorista não seja responsabilizado.”
Motociclista perdeu a perna em acidente
Era cedo da manhã do dia 18 de setembro, quando Douglas Maciel Chaves Fagundes, 33 anos, estava indo trabalhar de moto em uma lavoura, em Linha Mangueirão, no interior de Venâncio Aires, e sofreu um grave acidente. Ao trafegar pela RSC-287, em Linha Ponte Queimada, um carro que partia de uma estrada secundária, de estrada de chão, adentrou na pista, causando o choque.
Com a colisão do carro e da moto, o motociclista teve fraturas no fêmur, rompimento da artéria femoral, sofreu um choque hipovolêmico, duas paradas cardiorrespiratórias e amputação de um dedo da mão. Além disso, também teve a perna direita amputada. Fagundes ainda não recebeu alta do Hospital Santa Cruz, onde está internado há 44 dias.
Não foi a primeira vez
O motociclista conta que esta não foi a primeira vez em que se envolveu em acidente de trânsito, mas nunca tinha tido ferimentos tão graves. Na opinião de Douglas, boa parte dos acidentes com motos ocorre por conta de motoristas de carros que cortam a sua frente. “Há imprudência e pressa dos motoristas. Eles estão cada vez mais apressados”, lamenta.
Fagundes cita o cruzamento entre as ruas Osvaldo Aranha e Marechal Floriano, no bairro Cidade Alta, como um dos pontos mais perigosos para condutores de motocicletas: “A situação é um pouco caótica e falta sinalização também. Poderia ter um semáforo naquela esquina”, sugere.
Contato com o Samu
- Após ligar para o número 192, o contato é redirecionado para uma central, em Porto Alegre. O atendente pedirá informações com quantidade de vítimas, nome da vítima, idade, nome da rua, número, bairro e um ponto de referência.
- Em um segundo momento, o atendente passa a ligação para um médico regulador, que vai pedir informações sobre a vítima, como por exemplo, se ela está respirando, se o coração está batendo e se há fratura.
- O médico vai definir qual ambulância vai se deslocar ao local. Em Venâncio, há duas: SA (Suporte Avançado) e SB (Suporte Básico).
*A ligação sempre vai ser desligada pela central e não pelo solicitante.