Papel X digital: entenda por que a leitura do impresso é mais benéfica do que as telas

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Com o avanço da tecnologia, dos dispositivos móveis e da internet, cada vez mais, o uso de telas faz parte da rotina, seja nos momentos de trabalho ou de lazer. Apesar da facilidade de acesso às informações pela internet, o jornal impresso segue como referência considerando as vantagens e os benefícios da leitura no papel.

A doutora em Letras Kári Lúcia Forneck comenta que muitos estudos analisam os efeitos da compreensão e da experiência com leitura em tela e em material impresso. Segundo ela, os resultados são distintos, mas o que parece ser consensual é que ler em tela modifica a forma de interagir com texto e, em consequência, a forma como compreendemos o que lemos.

Professora Kári Forneck, doutora em Letras (Foto: Divulgação)

“Nosso cérebro já se habitou ao modo como interagimos com as telas: hiperconectividade, leitura rápida, inserções visuais e sonoras, facilidade de transitar entre textos. Ou seja, o leitor de telas pode mais facilmente se distrair e perder o foco e a atenção do texto que estiver lendo, especialmente se o texto for mais extenso”, explica a professora da Universidade do Vale do Taquari (Univates), que atua no Programa de Pós-Graduação em Ensino e dos cursos de Letras, Pedagogia e Medicina.

Conforme Kári, ler material impresso oportuniza uma experiência diferente. “Há poucos distratores e, por isso, a atenção pode ser potencializada. Por esse motivo, costuma-se dizer que a memória e a atenção aos detalhes do texto são potencializadas na leitura de material impresso.”

“AS EVIDÊNCIAS DE ESTUDOS PARECEM APONTAR PARA O FATO DE QUE, EM PARALELO À LEITURA EM TELA, CRIANÇAS, JOVENS E ADULTOS DEVEM EXPERIMENTAR A VIVÊNCIA DE LER MATERIAL IMPRESSO, ESPECIALMENTE PELA POSSIBILIDADE DA IMERSÃO, DO FOCO E DA ATENÇÃO QUE SÃO POTENCIALIZADAS QUANDO VIRAMOS AS PÁGINAS COM NOSSOS DEDOS.”

KÁRI LÚCIA FORNECK – DOUTORA EM LETRAS

O maior foco proporcionado pela leitura do jornal também é reforçado pela médica Diana Ruaro, especialista em Medicina Interna e Geriatria. “No papel não há outras notificações ou interrupções como acontece nas telas. Se percebe que muitas pessoas retêm as informações melhor quando leem em um papel, possivelmente devido à falta das distrações e à sensação tátil, que é muito importante também. Algumas pessoas apreciam muito a sensação física de segurar na mão um livro, uma revista, o jornal. Isso pode proporcionar o prazer da leitura”, salienta.

A professora Kári esclarece, entretanto, que isso não significa que ler em telas é prejudicial. “Significa que a leitura em tela pode requerer do leitor mais disciplina para evitar distrações – o que pode ser difícil para leitores mais iniciantes”, pondera.

Mais conforto para a visão

O médico oftalmologista Ricardo Schwendler explica que ler algo impresso acaba sendo menos cansativo para a visão. Isso acontece porque celulares, tabletes e outros dispositivos eletrônicos têm uma fonte luminosa própria, que emite a chamada luz azul. “Isso cansa mais a visão, porque o olho tem que ficar administrando essa entrada de luz. A íris – que é a parte colorida do olho – fica abrindo e fechando para regular essa entrada. Já a leitura em papel se torna mais confortável porque não tem essa ‘briga’ do olho com a fonte luminosa. Na leitura do jornal ou de um livro, a luz incide no papel e você lê onde a luz está incidindo”, diferencia.

Oftalmologista Ricardo Schwendler: “quanto menos tela, melhor”

Outro aspecto abordado pelo oftalmologista é que com o uso demasiado de telas, a exposição à luz azul pode alterar o ciclo circadiano – o ritmo biológico do corpo. “A forma de regular o ciclo de acordar e dormir no nosso corpo é fundamentada na quantidade de luz azul que a gente recebe. Como as telas emitem luz azul, nosso corpo fica confuso sobre quando é hora de dormir e quando é hora de acordar. Muito distúrbio de sono existe por causa da emissão de luz azul pelas telas, esse é o principal impacto que a tela causa na saúde das pessoas”, ressalta.

Segundo o profissional, a recomendação de tempo máximo diário de tela varia conforme a faixa etária. “Para crianças até dois anos, o número ideal é zero. Elas não devem ter contato com telas”, esclarece.

No caso dos adultos, Schwendler reconhece a dificuldade de se distanciar das telas, já que para grande parte das pessoas elas fazem parte da rotina de trabalho e estudo. “Muitas vezes a pessoa sai do escritório e começa a sua faculdade, que é EAD, e o tempo livre que ela tem acessa uma rede social”, analisa. Nesse sentido, vale a recomendação: “Quanto menos tela, melhor. Porque quanto menos tela, menos cansaço”, resume o oftalmologista.

  • Matéria integrante do caderno especial alusivo aos 51 anos do jornal Folha do Mate, comemorado em 6 de outubro.

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Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

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