Com as mudanças na forma de repasse de recursos públicos a entidades, nos últimos anos, as associações passaram a ter que atender uma série de requisitos, incluindo a elaboração de projetos e a comprovação do uso dos valores, com um benefício mútuo – uma contrapartida social. É o caso do Programa Municipal de Incentivo ao Esporte Amador (Promiea) e da Lei Municipal de Incentivo à Cultura (Lemic), de emendas impositivas destinadas pelos vereadores e da Lei do Patrocínio, iniciativas acessadas por diversas instituições venâncio-airenses.
Em meio a isso, o papel do profissional da contabilidade tem sido de destaque. “É um trabalho muito burocrático e complexo para quem é leigo, por isso é tão importante esse acompanhamento. Às vezes, se faltar um documento, a entidade pode não ser contemplada”, ressalta a técnica em Contabilidade Maristela Josefina Cetolin, 49 anos.
Sócia-proprietária da Sercon Contabilidade, junto com a irmã Marinês Roberta Cetolin, ela atua há mais de três décadas na área contábil e, ao longo do tempo, se especializou na assessoria a entidades. Atualmente, um setor foi criado para atender a demanda das entidades, paralelo às demais atividades do escritório, voltadas a empresas e pessoas físicas. “Faço isso não apenas pelo retorno financeiro, mas porque gosto muito”, afirma Maristela.
Neste ano, o escritório assessora 11 entidades de esporte amador contempladas pelo Promiea, além de encaminhar projetos da Lei de Patrocínio para o Carnaval, Esporte Clube Guarani e Escola do Chimarrão. O trabalho se estende ao longo de todo o período de desenvolvimento dos projetos – desde a elaboração da proposta e reuniões com a Prefeitura até a prestação de contas. “Ao longo de todo o ano acompanhamos o projeto e orientamos todos os passos, como a comprovação do uso dos recursos, para a prestação de contas”, explica.
Maristela cita que, apenas de emendas impositivas da Câmara de Vereadores, no fim do ano passado, foram enviados 62 ofícios, totalizando R$ 1,266 milhão. Desse total, após o retorno do Legislativo, são mais de R$ 890 mil referentes a 35 projetos.
Na avaliação da profissional, a implementação de programas como Promiea e a Lei do Patrocínio, ao longo dos últimos anos, tem garantido um incentivo importante para que as entidades possam dar continuidade ao trabalho sem fins lucrativos. “O recurso público é muito importante para as associações. Percebo uma melhora muito grande, pois essas verbas fazem a diferença”, observa.
Atuação profissional e voluntariado entrelaçados
Na opinião de Maristela Cetolin, a relação entre cliente e profissional da contabilidade é ainda mais intensa no atendimento às entidades já que, muitas vezes, os profissionais acompanham desde o surgimento da associação. “Quando vai ser criada uma entidade, sempre buscar acompanhar as reuniões, explicar como funciona.” Além disso, no caso dos projetos, há apoio ao longo de todo o ano, a cada etapa realizada. “As associações também querem nos ver nos eventos e acabamos participando. Por isso o vínculo é tão forte”, compartilha.
A exemplo de outros colegas da área contábil, Maristela atua voluntariamente em diretorias entidades de Venâncio Aires. Atualmente, é vice-presidente da Associação Amigos do Centro Municipal de Cultura (AACemuc), responsável financeira da Associação Festa Nacional do Chimarrão (AFenachim), do Esporte Clube Santa Tecla e da União das Associações de Moradores de Venâncio Aires (Uamva); além de vice-patroa do Piquete Cavaleiros da Estrada.
Ao relembrar os primeiros anos com o escritório de contabilidade, aberto em 1995, ela recorda que foi justamente o envolvimento comunitário que abriu portas para conquistar os clientes. Convidada a ingressar na diretoria da Uamva como tesoureira, passou a conviver com associações de moradores de diversos bairros e de localidades do interior do município. “Muitas vezes fui convidada a participar do corpo de jurados para escolha das garotas das associações, além de acompanhar muitas eleições para as associações. Assim fui ficando conhecida em todos os cantos do município e quando iriam registrar uma empresa, me procuravam. Por isso, grande parte dos clientes são de bairros e comunidades do interior”, relata Maristela.