Para presidente da ITGA, governo brasileiro ignora a importância da cadeia produtiva do tabaco

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Santa Cruz do Sul sediou na manhã desta segunda-feira, 18, a Reunião Regional das Américas promovida pela Associação Internacional dos Países Produtores de Tabaco (ITGA – sigla em ingês). O encontro reuniu representantes do Brasil, Estados Unidos e Argentina.
As deliberações da 10ª Conferência das Partes (COP 10) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, realizada no mês de fevereiro, no Panamá, foram destaque na reunião. Durante a solenidade de abertura, foi evidenciado o protagonismo brasileiro na produção e exportação de tabaco. O país é o segundo maior produtor mundial e o maior exportador há mais de 30 anos.

Na abertura da reunião, o presidente da ITGA, o argentino José Javier Aranda, elogiou a mobilização de entidades em defesa do setor durante a COP 10 e citou o papel da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) – entidade que integra a ITGA – e dos produtores do Panamá, El Salvador, Honduras, Colômbia e Nicarágua que também marcaram presença na capital panamenha para representar os agricultores que plantam tabaco. “Devemos entender que somente trabalhando juntos seremos capazes de neutralizar as ameaças à nossa produção. A Organização Mundial da Saúde nos persegue há 20 anos”, declarou.

Aranda fez críticas à posição oficial do governo brasileiro adotada durante a conferência internacional. “É mais triste ver que esse movimento antitabagismo vem da posição oficial. O governo brasileiro desconhece ou ignora os benefícios que a cadeia do tabaco traz ao país com a geração de renda e emprego. O governo brasileiro afirma, com seu comunicado oficial, absoluta indiferença a um setor que representa mais de um milhão de pessoas. Este governo ignora as iniciativas voltadas ao meio ambiente e o positivo impacto socioeconômico do setor”, lamentou Aranda, que é produtor de tabaco na Argentina e em outubro completará dois anos à frente da entidade internacional.

“Minha posição é solicitar ao governo brasileiro que pare de ignorar o que é evidente para o resto do mundo: o Brasil é exemplo no mundo nas boas práticas agrícolas e pioneiro em iniciativas de desenvolvimento social e ambiental.”
JOSÉ JAVIER ARANDA – Presidente da Associação Internacional dos Países Produtores de Tabaco (ITGA)

União do setor

O presidente da Afubra, Marcílio Drescher, defendeu a união do setor e também lamentou a falta de apoio do governo brasileiro durante a COP 10. “Diante dessa falta de apoio e de reconhecimento, nós precisamos nos unir. Não existe setor de tabaco isoladamente. Não existem empresas sem produtores e vice-versa. Não tem como ter produtores e não ter um mercado que absorva isso”, disse.
A prefeita de Santa Cruz do Sul, Helena Hermany, reforçou o compromisso na defesa da cadeia produtiva. Ela citou uma reunião na sede da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2023, quando teve a oportunidade de falar da importância do tabaco para a economia da região e citou que mais da metade dos impostos gerados em Santa Cruz são provenientes do setor. “O que seria de Santa Cruz do Sul e das cidades da região se não tivéssemos a cultura do tabaco?”, questionou.

Presidente da Afubra, Marcílio Drescher (ao microfone) abriu a reunião regional da ITGA realizada nesta segunda-feira, em Santa Cruz do Sul (Foto: Letícia Wacholz)

Impacto socioeconômico

O impacto socioeconômico do setor do tabaco foi destaque na palestra do presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke. Ele apresentou dados da pesquisa ‘Perfil socioeconômico do produtor de tabaco da Região Sul do Brasil’, realizada em 2023, pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CEPA/UFRGS). O estudo revela que a renda média per capita familiar dos produtores de tabaco da região Sul do Brasil é de R$ 11.755,30, ficando a renda per capita em R$ 3.540,75, enquanto a renda per capita média do brasileiro é de R$ 1.625,00 (segundo dado de 2022, do IBGE).
Ao falar das iniciativas sustentáveis, Schünke reiterou o quanto o Brasil é exemplo nas práticas e fez um apelo aos demais países produtores de tabaco. “Há países aumentando a produção e eu espero que estejam fazendo isso com o mesmo compromisso do Brasil, sem cortar a mata nativa, que usem mata reflorestada, lenha de origem legal, que cuidem das crianças como nós cuidamos aqui. Que aumentem a produção dentro dessas condições, caso contrário, nunca vamos deixar de ser tão atacados”, defendeu.

Presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, apresentou dados da pesquisa ‘Perfil socioeconômico do produtor de tabaco da Região Sul do Brasil’ (Foto: Divulgação/SindiTabaco)

COP 10

Um debate dedicado às conclusões da COP 10 marcou a reta final da reunião da ITGA. Mediada pela diretora-executiva da ITGA, Mercedes Vázquez, o painel contou com a participação do diretor de Assuntos Corporativos Internacionais e Diretor-Geral da Alliance One International, Michiel Reerink e também do vice-presidente de Assuntos Externos da Universal Corporation, Benjamin Dessart. Os dois convidados internacionais explanaram sobre as principais deliberações e abordaram o conteúdo dos artigos debatidos na Conferência das Partes. Outras lideranças que foram até o Panamá para a COP 10 também participaram, entre elas, o deputado estadual e ex-prefeito de Rio Pardo, Edivilson Brum (MDB).



Letícia Wacholz

Letícia Wacholz

Atua há 15 anos na Folha do Mate e desde 2015 é editora da Folha do Mate. Coordena a produção jornalística multiplataforma do grupo de comunicação. Assina a coluna Mateando, a página 2 do jornal impresso.

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