O silêncio de quase duas semanas na sede da Organização Não Governamental (ONG) Parceiros da Esperança (Paresp), causado pela ausência das crianças e jovens, será substituído pela alegria e a expectativa de dias melhores com a retomada das atividades na entidade, programada para a próxima segunda-feira, 13. Localizada na rua Pedro Grünhauser, no bairro Morsch, a Paresp foi praticamente engolida pela enchente do arroio Castelhano, que atingiu a parte baixa de Venâncio Aires na semana passada.
“É a fé e a força espiritual que nos mantêm de pé”, definiu a cofundadora e diretora da Paresp, professora Sara da Rosa. Em entrevista à rádio Terra FM 105.1, ela destacou que na quinta-feira, 9, foi possível concluir a limpeza do prédio. Para isso, foi necessário, por exemplo, uso de pá, enxada e lava-jato. “A comunidade acolheu o nosso grito de socorro”, agradeceu Sara, ao mencionar que no sábado, dia 4, cerca de 60 pessoas, desde jovens a idosos, colaboraram com os trabalhos de limpeza e organização.
Apesar de toda a ajuda já recebida, com a doação de valores, alimentos e objetos, a entidade ainda precisa de auxílio. Para se ter ideia, todos os computadores usados nas aulas de informática e na secretaria foram perdidos. O mesmo aconteceu com móveis, cadeiras e mesas usadas para o atendimento dos mais de 100 estudantes tanto em sala de aula quanto no refeitório, além das portas internas.
“O que foi possível recuperar estamos recuperando, graças à equipe maravilhosa que a Paresp tem. Tão poucos, mas tão gigantes, tão guerreiros e tão corajosos, que estão, devagarzinho, juntando os caquinhos e arrumando o que dá para arrumar”, salientou a cofundadora da ONG. De acordo com a professora, a partir da segunda-feira também será possível analisar quais são as principais necessidades das crianças e jovens atendidos na Paresp, especialmente no que diz respeito à alimentação.
Adaptação
Além da organização do espaço, a Paresp trabalha para se adaptar. Segundo o supervisor administrativo da ONG, Leonardo Duarte da Rosa, todos os investimentos a partir das doações já recebidas e aquelas que ainda devem chegar, serão aplicadas para tornar a sede da entidade mais resistente para situações de enchente.
“Para que caso venha uma próxima a gente não perca tudo que construiu. Pelo contrário, possamos continuar com tudo e só fazer a limpeza com o lava-jato, como foi feito dessa vez, e voltar ao atendimento no outro dia mesmo”, menciona. Rosa explica que os valores já enviados para a Paresp serão usados, especialmente, na renovação de mobiliário.
Entretanto, até essa sexta-feira, 10, o foco era captar o máximo de recursos para, depois, definir o direcionamento conforme as demandas. Uma das doações em dinheiro recebida pela ONG Paresp foi feita pelo Instituto Galo, de Minas Gerais, por meio de uma indicação feita pelo empresário Dirceu Henkes Junior.
“A dimensão do trabalho da Paresp não fica restrita só naquela casa, em quatro paredes. A gente adota eles como filhos. Para mim, é uma vida que renasce todos os dias quando essas crianças chegam.”
SARA DA ROSA
Cofundadora e diretora da ONG Paresp
A Paresp precisa de você
A retomada dos atendimentos ocorrerá normalmente a partir da segunda-feira, 13, e a campanha intitulada ‘Precisamos de você’ continuará. A partir desta iniciativa, a entidade busca arrecadar doações em dinheiro, pelo Pix CNPJ 08294101/000124. Mas também é necessária a destinação de alimentos.
“Tem muita gente que se sensibilizou e que conhece a responsabilidade que a Paresp tem com tudo que recebe. O que chega é para as crianças”, salientou Sara. Outras demandas do momento são toalhas de banho, toalhas de rosto, panos de chão, panos de prato, panos multiuso, folhas de ofício e vassouras.
De acordo com o supervisor administrativo da ONG, Leonardo Duarte da Rosa, os principais objetivos com os valores arrecadados são a compra de classes e cadeiras escolares resistentes à água, construção de armários permanentes de alvenaria, construção de mesas da sala de informática que sejam resistentes à água, aquisição de notebooks para facilitar na remoção e translado caso necessário e compra de instrumentos musicais e materiais para oficinas socioeducativas como artesanato.
Também é necessária a reforma de alvenaria de portas e substituição das portas de madeira compensada por estruturas de alumínio, a construção de mezanino e almoxarifado em local elevado. “Tudo isso exige muito recurso, mas cremos que alcançaremos. São só algumas das demandas que temos pela frente” comenta.
Pão para as crianças
• Entre os muitos prejuízos sofridos pela Paresp estão a perda da amassadeira e os dois fornos usados na produção dos tradicionais pães, que incrementa a alimentação das crianças e jovens atendidos pela entidade. Eles são preparados pela própria professora Sara da Rosa. No total, 80 famílias são beneficiadas com o trabalho da ONG.