Alice, Laura, Fernando e Gabriel ficaram em segundo lugar com a Aida (solução para área da saúde). O nome é uma homenagem à avó de um dos integrantes (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
Alice, Laura, Fernando e Gabriel ficaram em segundo lugar com a Aida (solução para área da saúde). O nome é uma homenagem à avó de um dos integrantes (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Inovação, tecnologia e empreendedorismo. Criação e transformação. Esses foram alguns dos conceitos que movimentaram a Incubadora Tecnológica da Unisc (Itunisc) de Venâncio Aires no último fim de semana, para o 1º Hackathon da cidade.
Esse nome pode ser estranho aos olhos e aos ouvidos de muita gente, mas para um grupo de cerca de 40 pessoas (a maioria de Venâncio) foi um momento importante para desenvolver ideias e projetos que têm potencial para solucionar um problema (como alguma necessidade no dia a dia da sociedade, por exemplo) e cujo resultado pode ser um produto ou um serviço.

UHelp (plataforma que integra os clientes com os prestadores de serviços) ficou em primeiro lugar (Foto: Amanda Prestes/Pulpo Assessoria)

Houve mentoria de diversos profissionais que ajudaram no desenvolvimento e criação dos projetos e, no fim da maratona, três equipes foram selecionadas para três meses de incubação na Itunisc de Venâncio: UHelp (plataforma que integra os clientes com os prestadores de serviços), Aida (solução para área da saúde) e Starme (plataforma que une startups com desenvolvedores júnior).

A equipe da Aida, por exemplo, é um quarteto com idades entre 17 e 21 anos e que pensou na seguinte necessidade: o cuidado com idosos. A ideia da turma foi criar um dispositivo para ajudar no dia a dia de pessoas mais velhas, sem tirar delas a independência, e que os filhos ou responsáveis sejam acionados em caso de qualquer eventualidade que represente risco.

“Conheço muitas amigas da minha vó que têm receio de sair, por medo de alguma queda ou mesmo pela falta de segurança. A ideia desse dispositivo [uma espécie de relógio com GPS] é que seja acionado por um botão de segurança. Se o idoso cair e não conseguir acionar esse botão, um sensor de impacto enviará uma mensagem de localização e dos batimentos cardíacos para o celular de um filho ou responsável”, explica Alice Schwengber Carvalho, 18 anos.

Mesmo que o projeto não tivesse sido selecionado para incubação, a jovem diz que o objetivo era levar a ideia adiante. “É um produto que não será apenas rentável para uma empresa. Ele vai gerar algo positivo para as pessoas. É algo pensado para a segurança e qualidade de vida dos idosos, usado como um relógio e que eles não precisam se sentir controlados”, complementa Alice.

Além dela, que está no 3º ano do Ensino Médio do Colégio Gaspar, formam a equipe Laura Ferreira, 17 anos, aluna do 3º do Ensino Médio do IFSul, onde faz Informática; Fernando Tonezer Frantz, 20 anos, de Lajeado, estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas na Univates; e Gabriel Augusto Schmogel, 21 anos, de Cruzeiro do Sul, que estuda Engenharia de Software, também na Univates.

Starme (plataforma que une startups com desenvolvedores júnior) ficou em terceiro e também terão seus projetos incubados na Itunisc (Foto: Amanda Prestes/Pulpo Assessoria)

Premiação

• Além dos três selecionados para a incubação na Itunisc, também foi dada uma menção honrosa à Bah Tec (app de gestão para MEIs). Já todas as equipes que completaram a maratona terão oportunidade de conhecer o espaço de inovação do Instituto Caldeira, em Porto Alegre, através de uma parceria com a Sicredi.

Movimentando a Incubadora Tecnológica

O evento, que começou na sexta, 16, e encerrou na noite de domingo, 18, foi realizado pela Prefeitura de Venâncio Aires, Unisc e Pulpo Assessoria. Segundo o proprietário da Pulpo e coordenador do Hackathon, Guilherme Souza, um dos objetivos do evento era justamente que as iniciativas não se acabassem com o fim dele. “Mesmo quem não foi selecionado para a incubação, o objetivo era movimentar esse espaço para desenvolver e dar continuidade. Ainda é tudo novo para muita gente, mas a receptividade foi muito grande de empresas e de inscritos. A intenção era fazer esse ‘mexe’ na incubadora e seguir nos próximos meses”, destacou Souza.

Daniel Takaki, facilitador, e Guilherme Souza, coordenador do Hackathon, destacaram o potencial dos projetos e a movimentação da Incubadora Tecnológica (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Potencial

Um dos nomes mais celebrados da maratona foi Daniel Takaki, o coordenador dos mentores e o facilitador do Hackathon. Ele é idealizador e diretor da InovAction, de São Paulo, um movimento nacional de criação de maratonas de inovação.

Takaki, que já trabalhou em muitos eventos semelhantes Brasil afora, diz que ter encontrado boas ideias em Venâncio Aires não o surpreendeu. “O grande objetivo é estimular e provocar, porque esses jovens podem sim ganhar o mundo. Não é porque alguém vem de uma cidade de interior, que não terá resultado. E aqui em Venâncio, com cerca de 70 mil habitantes, tem um potencial enorme.”

Daniel Takaki cita o exemplo local da Combate à Fraude (CAF), criada pela necessidade de pensar ferramentas que evitem golpes e fraudes recorrentes nas redes digitais. “Vocês têm empresas aqui que receberam investimento de fora, caso da CAF. Às vezes o que precisa é ter oportunidades de conhecer pessoas diferentes, gente de fora que possa abrir essas portas ou, muitas vezes, que só sirvam de exemplo de que é possível ter esse alcance maior.”

“Às vezes, os jovens se limitam geograficamente e acabam limitando seus sonhos, porque não conseguem entender o potencial que têm. Mas estamos vendo uma juventude animada, com capacidade técnica excelente e bolando coisas que podem impactar o futuro de toda uma geração.”

DANIEL TAKAKI – Idealizador da InovAction e facilitador do 1º Hackathon de Venâncio

Avaliação

• O assessor da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de Venâncio Aires, Marcos Hüttmann, destacou a importância do evento e do compromisso de realizar outros. “A maioria era formada por jovens e cerca de 40% mulheres, algo que também é muito representativo. Mais do que a premiação, o importante foi a participação, o plano de negócios, a validação de problemas, o desenvolvimento pessoal e o trabalho em equipe. Foi muito gratificante ver que estamos no caminho certo e vamos aumentar esses eventos.”

Hackathon significa maratona de programação. O termo resulta de uma combinação das palavras inglesas ‘hack’ (programar de forma excepcional) e ‘marathon’ (maratona).