Os venâncio-airenses farão circular na economia, até o fim do ano, mais de R$ 2,7 bilhões, segundo projeção do IPC Maps, estudo da IPC Marketing Editora, empresa paulista que analisa o poder de consumo nos municípios brasileiros. Na comparação com o ano anterior, quando a projeção atingiu mais de R$ 2,5 bilhões, o incremento é de 7,8%. De acordo com Marcos Pazzini, diretor da empresa e responsável pela pesquisa, a área rural deve puxar o aumento do potencial de consumo na Capital do Chimarrão.
“Pode ser reflexo do agronegócio, que tem desempenho acima da média em todos os indicadores de crescimento da economia”, observa. Conforme o IPC Maps, o consumo rural terá um incremento de 8,7% (R$ 60,5 milhões a mais do que em 2022), enquanto que o consumo urbano contará com uma majoração de 7,4% (R$ 135,7 milhões a mais do que no ano passado). Somando os potenciais rural e urbano, serão R$ 196,2 milhões a mais – em comparação com 2022 – circulando na economia até o fim deste ano.
Quem mora em áreas urbanas terá, em média, R$ 42,9 mil para gastar. São aproximadamente R$ 2,8 mil de majoração em relação a 2022, quando a média era de R$ 40,1 mil. Já quem reside em áreas rurais terá R$ 27,3 mil, em média, para fazer circular em 12 meses. Quando comparado com o ano anterior (quando a média foi de R$ 25,3 mil), são R$ 2 mil a mais à disposição.
31ª ECONOMIA DO RS
Embora o IPC Maps (share de consumo) tenha aumentado – de 0,4021 para 0,4030 -, Venâncio Aires permaneceu como a 31ª maior economia do Rio Grande do Sul e perdeu seis posições no ranking nacional: agora, está na 372ª colocação. “É uma diferença mínima, que representa pouco mais de R$ 6 milhões no bolso da população. Em Venâncio Aires, o consumo das famílias cresceu 0,22% em termos reais, de 2022 para 2023. A perda de posições no ranking nacional deve-se ao fato que municípios das regiões metropolitanas e de grandes centros do interior tiveram crescimento do potencial de consumo acima da média nacional”, esclarece Pazzini.
Empresas e despesas
O crescimento do número de empresas chama a atenção. No ano passado, eram 6.835 e, em 2023, são 6.998, um aumento de 163 estabelecimentos comerciais. O salto é explicado pelo alto número de registros de microempreendedores individuais e também em razão da retomada pós-pandemia. “É um aspecto positivo”, resume.
As despesas com habitação serão as maiores dos venâncio-airenses. O montante total deste item é de R$ 483 milhões. Na sequência, aparecem os gastos com veículo próprio, que somam R$ 241 milhões, e a alimentação no domicílio, com R$ 171 milhões. As classes B e C serão responsáveis por fazer circular o maior volume de recursos, R$ 938 milhões e R$ 697 milhões, respectivamente, 83,5% do total previsto até o fim do ano. A classe A terá poder de consumo de R$ 197 milhões (10,1%), enquanto que as classes D e E farão circular R$ 123 milhões, um percentual de 6,3% do total de R$ 2,7 bilhões.
Saiba mais
- PIB per capita: Há projeção de aumento de R$ 2.587,26 (5,3%). No caso deste item, a comparação é feita com os números de 2020 e 2019. “É um crescimento significativo, pois 2020 foi um ano de pandemia e o desempenho na maior parte dos mercados foi negativo”, afirma Marcos Pazzini.
- Domicílios: São 140 novas residências de um ano para outro. De acordo com o diretor da empresa, a taxa de crescimento dos domicílios foi igual a 0,51% ao ano. No Rio Grande do Sul, esta taxa foi de 0,34% ao ano, e a média nacional foi de 0,68% ao ano.
- Frota: Houve incremento de 1.238 veículos em relação a 2022. O responsável pelo levantamento diz que o crescimento da frota em Venâncio Aires foi a 2,30%. A média no Rio Grande do Sul foi de 2,44% e a nacional de 3,21%. Ele lembra que são considerados todos os tipos de veículos, incluindo automóveis, motocicletas, caminhões, ônibus, tratores e caminhonetes, entre outros.
Em 2010, Censo reduziu população
O IPC Maps traz ainda um dado importante e que pode ser utilizado pela Administração de Venâncio Aires para contestar a contabilidade do Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que anunciou preliminarmente um total de 68.444 habitantes na Capital do Chimarrão. Isso pode ocasionar a queda do coeficiente do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) de 2,6 para 2,4, o que representaria R$ 4,5 milhões a menos por ano nos cofres públicos.
De acordo com o estudo, a projeção é de que o município tenha 73.121 moradores até o fim de 2023. São 365 pessoas a mais do que o previsto para 2022, que já estava em 72.756. Para não perder os recursos, são necessários 71.317 moradores. A Prefeitura realizou a campanha ‘Venâncio cresceu e nós podemos provar’, com o objetivo de coletar informações de cidadãos que não foram recenseados. No total, 2.526 pessoas se apresentaram, mas ainda faltam 347 para obtenção do ‘número mágico’.
Mais precentemente, a Procuradoria-Geral do Município ajuizou ação para que o IBGE apresente documentos relacionados a três mil moradias que foram consideradas como vazias pelos recenseadores. A intenção é conferir quantas das pessoas encontradas durante a campanha possam residir nestes endereços, quanto acrescentar ao total de habitantes cidadãos que não tenham sido localizados.
Perguntado a respeito da situação, o diretor da IPC Marketing Editora, Marcos Pazzini, ressaltou que um fenômeno curioso e semelhante a esse aconteceu no Censo de 2010, tanto no Brasil, quanto em Venâncio Aires. Em 2009, a estimativa da população era de 67.682 habitantes, mas o Censo encontrou 65.954. “Em 2013, no entanto, o IBGE atualizou suas estimativas populacionais para todos os municípios e Brasil, e estes passaram a ser os valores oficiais, tendo sido corrigido, inclusive, os valores da população brasileira em 2010”, comenta.
Pazzini afirmou que nos cálculos do IPC Maps para 2023 não foram considerados os dados do Censo Demográfico 2022. “Eles foram divulgados às pressas, com o único objetivo de permitir ao governo a divisão do dinheiro do Fundo de Participação dos Municípios e dos Estados. Quando o IBGE divulgar os resultados definitivos deste Censo, usaremos estas informações em nossos cálculos”, concluiu.
Segundo o estudo, do total de 17.423 domicílios urbanos, 295 são da classe A (1,7%), 4.679 da B (26,9%), 9.359 da C (53,7%) e 3.090 das classes D e E (17,7%).