Por que o Brasil sediou o primeiro festival praiano de Bitcoin do mundo?

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Enquanto centenas de milhares de pessoas se divertiam em blocos de rua, bailes de Carnaval ou no sambódromo em 2023, um evento inovador financeiro acontecia em Jericoacoara, Ceará. A Conferência Praia Bitcoin, realizada entre 18 e 21 de fevereiro, combinou atividades educativas com mutirões práticos para integrar a comunidade local com o uso do Bitcoin.

O festival foi promovido pela Praia Bitcoin, uma iniciativa criada em 2021 para promover uma economia local circular sustentável, replicando experimentos de micropagamentos realizados em El Salvador na cidade cearense.

Para isso, a Praia Bitcoin vem promovendo ações educativas sobre a tecnologia Bitcoin na rede de ensino municipal e desenvolveu um sistema de pagamentos para negócios locais, centrado no uso de cartões (Bolt Card) e máquinas de processamento, modelo inspirado na rede Lightning de Bitcoin.

Nesse sentido, a feira de 2023 foi pensada como um momento para expandir os esforços educativos a outros setores do público da cidade e alcançar novas metas desses progressos em curso. Além de ambicionar incluir 100 moradores na economia Bitcoin, o evento visava promover a rede de 21 negócios já integrada ao sistema de pagamentos, estabelecendo um recorde mundial de pagamentos em Bitcoin feitos pessoalmente no menor período de tempo.

Diferentes usos internacionais para criptomoedas

No contexto dos investimentos financeiros, criptomoedas são consideradas amplamente como ativos de risco. Muitas delas têm natureza mista e propósitos variados, devido às diferentes tecnologias às quais estão ligados intrinsecamente.

Além disso, a regulação desses criptoativos ainda engatinha, mesmo nos Estados Unidos e outros países que concentram desenvolvedores, mineradores e grande parte de seus ecossistemas. Essa incerteza e a falta de transparência em muitas blockchains e fundações mantenedoras das moedas são entraves adicionais para difusão de investimentos nessas moedas.

Entretanto, em países com sérios desafios ao desenvolvimento, o Bitcoin e outras criptomoedas muitas vezes apresentam oportunidades mesmo com sua instabilidade inegável. Tais oportunidades aparecem não tanto sob a forma da rentabilidade de investimentos de longo prazo, mas sim como meio de pagamento mais prático para comunidades locais.

Embora o Brasil seja um país cada vez mais bancarizado, especialmente desde o advento do Pix, as criptomoedas podem representar alternativas tanto para comerciantes receberem pagamentos eletrônicos sem incidência de tarifas quanto para remessas internacionais, por exemplo. De acordo com a pesquisa Mastercard Global Index, 49% dos brasileiros já tinham se envolvido em ao menos uma atividade ligada a criptomoedas em 2022, o que indica um grau de adesão não desprezível a tecnologias financeiras novas.

Nesse sentido, o Bitcoin cumpre papel notavelmente relevante em locais como El Salvador e Nigéria. É a pioneira e a mais resiliente das criptomoedas e vem criando pequenos bolsões mundiais de uso e integrando comunidades economicamente.

Educação para tecnologias

A educação para o uso (e para os riscos) do Bitcoin e outras tecnologias financeiras ainda recentes pode fomentar não apenas economias locais, mas também a integração de comunidades de diferentes países e gerar riqueza.

Se para os meios de pagamentos a rapidez, a incidência de tarifas e tributos e a distribuição de uma rede podem ser entraves ao desenvolvimento, para outros ramos há gargalos ainda mais evidentes.

A cibersegurança no Brasil, por exemplo, exige um esforço conscientizador e estratégico significante em diversos setores sociais, desde o governo até as práticas domiciliares, passando por diversos setores econômicos. O país se mantém consistentemente, ano após ano, como uma grande superfície de ação para cibercriminosos e acumulou e acumulou 13,1 bilhões de ataques virtuais em 2022, ficando atrás apenas do México entre os países da América Latina.

Nesse sentido, eventos educativos e práticos de pequeno porte, com impacto local, muitas vezes antecipam a organização de iniciativas maiores, identificando demandas específicas. Além disso, podem ser complementares a iniciativas de grandes empresas e feiras setoriais.

    

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