“A UTI Pediátrica vai abrir, e ponto”. A afirmação é do prefeito de Venâncio Aires, Jarbas da Rosa, que revela também a meta para colocar a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) em funcionamento: “Antes do inverno. A nossa projeção é maio”. De acordo com o chefe do Executivo, até o fim de 2023 serão necessários cerca de R$ 4,8 milhões para a manutenção do setor. Do total, o Governo do Estado garantiria R$ 2,4 milhões e, o Município, R$ 1,2 milhão. “O resto, esta lacuna de R$ 1,2 milhão, vamos trabalhar, captar. Tenho convicção de que vamos conseguir”, comenta.
De acordo com o prefeito da Capital Nacional do Chimarrão, a Secretaria de Saúde do Estado deu a sugestão de que seja utilizado para ‘fechar a conta’ da UTI Pediátrica até o fim deste ano o valor de R$ 1,25 milhão que será destinado pelo Ministério da Saúde, com a finalidade de prestar ‘socorro’ às santas casas e hospitais filantrópicos. Várias outras instituições de saúde serão contempladas e o HSSM já teve seu valor determinado a partir de portaria publicada no Diário Oficial da União de 7 de fevereiro. “É um dinheiro da União. Não é de senador, governador e, muito menos, de vereador”, destacou Jarbas, em referência à divulgação que muitos políticos vêm fazendo em relação ao valor nas duas últimas semanas.
Para os próximos anos, a UTI Pediátrica já estará habilitada junto ao Ministério da Saúde – processo que leva em torno de seis meses, segundo Jarbas da Rosa – e, dessa forma, a metade das verbas para a manutenção ficará por conta da União, em virtude da gestão tripartite. Estado e Município, juntos, repassarão o restante do dinheiro. “Vamos buscar soluções, inclusive, para este impasse envolvendo a diretoria do hospital e os médicos. É provável que tenhamos uma reunião com o governador nos próximos dias para tratar do assunto. Encontrei ele em um evento em Santa Cruz do Sul terça-feira e o pessoal vai ver uma agenda, pois entregamos documentos que evidenciam necessidade de mais recursos”, diz o prefeito.
Preocupação
O impasse envolvendo a diretoria do hospital e os médicos ao qual Jarbas se refere é a manifestação pública de preocupação dos gestores da casa de saúde e classe médica em relação ao funcionamento da UTI Pediátrica sem a garantia de valores para manutenção. Na edição impressa da Folha do Mate de terça-feira, 7, foi publicada uma nota de esclarecimento assinada pelos diretores clínico e técnico do HSSM, Wladimir Scalcon de Moraes e Paulo Romeu Abrahão, respectivamente, pela presidente da Associação Médica de Venâncio Aires (Amva), Jaqueline Abel Balestrin Froemming, e também pelo delegado do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Giuliano Steil, por meio da qual pedem cautela em relação à UTI.

Eles destacam que nunca serão contra a implementação de serviços que tornam o HSSM cada vez mais especializado, mas entendem como “inapropriado no contexto atual abrir uma nova unidade dentro do hospital, que não consegue, muitas vezes, quitar em dia o pagamento dos funcionários, prestadores de serviços e fornecedores”. A nota ressalta ainda que a casa de saúde não consegue sequer garantir a manutenção de sua estrutura física: “Recentemente, foi necessária a realização de uma campanha para arrecadar recursos para conserto de avarias no telhado da cozinha, com risco de desabamento”.
Ontem, o diretor clínico, Wladimir Scalcon de Moraes, e o administrador da instituição de saúde, Luis Fernando Siqueira, participaram do programa jornalístico Terra em Uma Hora, da Rádio Terra FM, e reforçaram a preocupação referente à UTI Pediátrica. Os gestores calculam que, se o setor for colocado em funcionamento sem as garantias, o déficit mensal pode passar de R$ 250 mil. Também aflige os profissionais o fato de que, até maio – meta estabelecida pelo prefeito Jarbas da Rosa para o funcionamento -, será difícil montar escala de atendimento. Além dos médicos intensivistas e dos rotineiros, seriam necessários 12 enfermeiros e 36 técnicos em Enfermagem para que a equipe seja considerada completa.

Presidente
• O presidente do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), Juliano Angnes, também se manifestou a respeito do assunto. De acordo com ele, uma UTI para as crianças sempre foi sonho da comunidade e o projeto da UTI Pediátrica apresentado ao Estado contemplava tanto a obra física, equipamentos e o custeio em sua integralidade.
• “A obra está pronta, mas para o custeio não podemos ser inconsequentes e iniciarmos com déficit de R$ 250 mil por mês. Desta forma, a diretoria do hospital, o Conselho de Administração, o corpo clínico e a Prefeitura estão buscando valores para o equilíbrio financeiro da UTI Pediátrica, que irá atender a todo o estado”, afirma.
“Hoje, o corpo clínico se une à administração do HSSM e aos gestores municipais de saúde, para pedir socorro financeiro para o nosso hospital, pois entendemos que, sem recurso mensal garantido, será inviável o funcionamento da UTI Pediátrica, sob risco de o HSSM fechar as suas portas. Recomendamos fortemente que a população de Venâncio Aires e dos municípios vizinhos esteja atenta sobre a dramática situação financeira do nosso hospital e que contribua positivamente para encontrar soluções.”
TRECHO DA NOTA PUBLICADA NA FOLHA DO MATE
10
É o número de leitos da UTI Pediátrica do HSSM. A regulação será feita pelo Governo do Estado, que autorizou que dois ou três leitos sejam destinados para habilitação de convênios e particulares.