Se o mês de setembro de 2023 foi traumático para muitos venâncio-airenses em decorrência das fortes chuvas que causaram a que foi, até maio deste ano, a maior enchente da história do município, o cenário em 2024 é mais animador. Em entrevista ao programa jornalístico Folha 105 – 1ª Edição, da Rádio Terra FM, ontem, a meteorologista do Núcleo de Informações Hidrometeorológicas (NIH) da Univates, Maria Angélica Cardoso, explicou que o período chuvoso não terá a mesma duração e intensidade do ano passado.
“Teremos chuvas mais volumosas na quinta-feira, dia 26, pontualmente. Essa chuva, para projetar enchente, é só no Sul do estado. Essa precipitação pode vir com temporais, rajadas de vento fortes e granizo, mas não se tem preocupação com enchente”, disse. São esperados entre 50 e 70 milímetros até sexta-feira, 27.
No entanto, mesmo que a chance de cheia dos rios seja reduzida, a comunidade que mora nas regiões próximas ao arroio Castelhano, em Venâncio Aires, e em locais em que alagamentos são mais comuns, precisam estar atentos para uma elevação rápida da água, alertou a profissional.
Primavera normal
Outra diferença importante e positiva para a região versa sobre a expectativa da meteorologia para a primavera, que começou no domingo e segue até 21 de dezembro. Depois de anos marcados por seca ou por enchentes, a estação deve ter níveis de precipitação dentro do normal. “É bem diferente da primavera de 2023. Ano passado ocorreu sob o fenômeno ‘El Niño’, que causou as chuvas extremas, com volumes muito expressivos, tanto em setembro, como em novembro. As projeções para esse ano indicam tempo mais seco, com chuva ligeiramente abaixo do normal. Atualmente, estamos sob neutralidade climática, ou seja, sem a incidência de ‘La Niña’ ou ‘El Niño’”, afirmou.
Por outro lado, os institutos de meteorologia também apontam que o trimestre de setembro a novembro ainda pode ter a incidência do ‘La Niña’, que costuma trazer calor e tempo seco ao Rio Grande do Sul. No entanto, Maria Angélica pontuou que os efeitos só seriam sentidos no início do verão. Ainda assim, as condições climáticas normais não significam que não haverá períodos de chuva intensa, isso porque a primavera é a estação mais chuvosa no RS, em especial no mês de outubro, se considerar os índices históricos. A partir de dezembro, porém, a incidência de chuva começa a diminuir e apresentar irregularidade na distribuição, com períodos de seca e de chuva forte.
Temperatura acima do normal
- A expectativa do NIH é de que as médias de temperatura fiquem acima do normal durante a primavera. Por outro lado, há possibilidade de períodos de frios tardios em outubro e novembro, devido a frentes frias que chegam à região.
- Outro fenômeno que deve ser observado comumente é o ‘efeito cebola’, com dias frios no início da manhã e temperaturas elevadas durante a tarde.
Defesa Civil se manifesta
- Em vídeo divulgado pela Prefeitura de Venâncio Aires, o coordenador da Defesa Civil, Luciano Teixeira, afirma que, segundo informações da Defesa Civil do Estado, não há previsão de alertas de cheias e vendavais para a região da Capital do Chimarrão. “Estamos sempre monitorando a possibilidade de vir a acontecer no decorrer desta semana”, afirmou.
Fumaça do centro do país deve permanecer
A estação das flores deve ter também a presença da fumaça decorrente das queimadas no centro do país. “Quem olha acha que está nublado, mas, na verdade, não são nuvens, é fumaça. Ou seja, a qualidade do ar está péssima”, explicou a meteorologista. Entretanto, a chuva de quinta e sexta-feira deve dar uma trégua na fumaça no estado e o tempo, principalmente no sábado, deve ser limpo, com céu azul. A situação deve permanecer até domingo, quando as cinzas voltam a tomar conta da atmosfera.
Esse vai e volta deve permanecer até o fim da primeira quinzena de outubro, que é quando diversos modelos meteorológicos apontam para chuva nas regiões com queimadas. “Até lá, teremos fumaça atuando aqui, mesmo depois da frente fria”, projetou Maria Angélica Cardoso.
Segundo o instituto suíço IQAir, que mede a qualidade do ar, a situação de Venâncio Aires durante esta segunda-feira foi classificada como “insalubre”, sendo considerada pior, inclusive, que a de São Paulo. A meteorologista ponderou, porém, que esta organização usa monitoramento remoto para o estado, já que o sistema de medição gaúcho é falho e pouco preciso.
Confira a entrevista na íntegra