Quase 90 pessoas aguardam bariátrica pelo SUS; em municípios do Brasil, operados recebem descontos

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A busca por saúde e qualidade de vida são os principais objetivos de pessoas com sobrepeso ao procurar atendimentos e consultas para encaminhamento de uma cirurgia bariátrica. A busca por esse procedimento tem aumentado nos últimos anos, o que reflete no número de pessoas na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) para a cirurgia: são 87 em Venâncio Aires. Nos últimos nove anos, segundo a nutricionista da Secretaria de Saúde de Venâncio Aires, Gabriela Barchet, 35 anos, foram 14 operações, sendo um usuário operado neste ano, que estava na fila desde 2018.

Gabriela explica que o primeiro passo na busca por uma bariátrica é o encaminhamento médico através do SUS, definindo a necessidade do paciente em realizar o procedimento. Após, é feita uma consulta com a nutricionista para avaliação de critério inicial do Índice de Massa Corporal (IMC) e definir se esse usuário já vai ser encaminhado para a fila ou se ele precisa fazer o acompanhamento clínico longitudinal por dois anos antes de ser inserido na fila. “Esse protocolo é definido por portarias do Ministério da Saúde e não por protocolos internos e tem como objetivo a perda de peso pré-operatório, preparo do paciente para o processo de mudança de hábitos e idealmente viabilizar que sejam esgotadas todas as tentativas de sucesso na perda de peso sem cirurgia”, ressalta.

O acompanhamento é feito com consultas médicas, com sessões de atendimento com psicólogos e nutricionistas. Ela observa que enquanto o usuário não for chamado para a primeira consulta, é acompanhado na rede de atenção básica. Após, é de responsabilidade do hospital fornecer o acompanhamento e suporte com relação à cirurgia, até 18 meses pós procedimento. Para usuários de Venâncio Aires, o atendimento é feito no Hospital Universitário de Canoas.

Após o paciente ser inserido na lista geral da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), ele é chamado conforme as vagas no Hospital Universitário de Canoas. Depois de feita a primeira consulta no hospital, esse usuário vai para a fila que é própria da casa de saúde, onde passa por consultas e exames de acordo com o protocolo do local e condições de saúde de cada pessoa, definidos pela equipe que realiza a cirurgia.

No município, o usuário mantém o vínculo com a sua unidade de saúde de referência, bem como acompanhamento nutricional na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Cruzeiro e acompanhamento psicológico com profissionais credenciados. Gabriela ressalta que esses atendimentos são ofertados, mas dependem da adesão do usuário. “Temos a demanda, porém percebo que a obrigatoriedade de fazer o acompanhamento por dois anos antes de entrar na fila, bem como a demora no tempo de espera para realizar a cirurgia, faz com que os usuários desistam de passar por todo esse processo”, afirma. A nutricionista observa que muitas pessoas acabam recorrendo ao plano de saúde, outros desistem e seguem o acompanhamento para perda de peso sem cirurgia e muitos abandonam o tratamento.

Cuidados no processo

  • Pré-operatório: a nutricionista da Secretaria de Saúde de Venâncio Aires, Gabriela Barchet, destaca que na maioria dos casos é necessária a perda de 10% do peso com acompanhamento nutricional e adesão às orientações, compensação dos exames laboratoriais e pressão, e o acompanhamento psicológico é extremamente importante. Além disso, ela enfatiza a importância do entendimento de que a mudança e hábitos alimentares serão bem significativos, e demais cuidados serão necessários de acordo com cada caso.
  • Pós-operatório: é preciso seguir com acompanhamento psicológico e nutricional, adesão correta à suplementação e alimentação em cada fase. Atividades físicas regulares após a liberação médica são indispensáveis, além de demais cuidados de acordo com cada caso.

Desconto em restaurantes

  • Um assunto curioso envolve também os pacientes bariátricos. Em alguns municípios do Brasil, como Campinas (SP), aqueles que passam pelo procedimento recebem descontos em restaurantes devido o consumo reduzido de alimentos. O Estado de São Paulo tem também a lei promulgada de forma estadual.
  • O advogado e professor de Direito, Ricardo Hermany, explica que é preciso ter uma lei municipal aprovada pela Câmara de Vereadores, ou estadual, pela Assembleia Legislativa, para o benefício valer. “Não existindo lei não é obrigação, mas é questão de bom senso. O problema é a constitucionalidade, porque viola a liberdade econômica”, explica.
  • No Rio Grande do Sul, um projeto de lei que apresentou a condição de desconto em restaurantes para pessoas que passam pela bariátrica foi discutido em agosto de 2020, mas tirado de tramitação ainda durante a pandemia. “Entendo ser uma questão entre clientes e restaurante e pode ser uma alternativa de fidelizar alguns clientes. Já temos leis em excesso, uma inflação legislativa, mas o desconto se vier de forma voluntária, pelo restaurante, é uma ótima política de fidelização. A ideia é boa mas não por obrigação”, observa.


Luana Schweikart

Luana Schweikart

Jornalista formada pela Unisc - Universidade de Santa Cruz do Sul. Repórter do Jornal Folha do Mate e da Rádio Terra FM

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