Relatos emocionantes de quem teve a vida colocada em risco na enchente de Vila Mariante

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Nos últimos dias, Vila Mariante passou por uma das piores enchentes de sua história com as cheias do rio Taquari, e agora, a localidade contabiliza os inúmeros estragos e consequências. Apesar das perdas materiais, alguns moradores chegaram a correr risco de vida, como é o caso de Tita, 77 anos, e Ramon que ficaram amarrados em uma árvore esperando pelo resgate.

Em entrevista para o repórter da Rádio Terra FM e Jornal Folha do Mate, Ismael Stürmer, o idoso relata que ficou das 14h até o outro dia pela manhã amarrado em uma árvore para sobreviver. “De noite era muito frio, e eu estava todo molhado. Foi feito o troço”, afirma ele.

Tita relata que não passava nenhum tipo de resgate e a visibilidade à noite era terrível. Junto a ele, estava Ramon, que virou o barco em que estava e ficou na árvore para sobreviver.

No outro dia pela manhã veio o socorro, um helicóptero resgatou a dupla. “Quando tem que ser salvo, não se pode pensar em nada, ganhei mais uma vida. Tudo que tinha dentro de casa foi embora, mas agora é dar um jeito e começar de novo”, relata Tita.

Ramon destaca que na noite, quando estavam agarrados na árvore, uma hora parecia ter dois dias de duração. “Ficávamos conversando para aguentar. Eu falei, se de manhã os bombeiros não aparecerem, vamos nos atirar na água e deixar a correnteza levar.” A maior dificuldade, segundo Ramon, era o frio e o cansaço nas pernas e braços. Ele perdeu o barco de pesca que usava. “Não quero saber, essas coisas compramos de novo. Agradeço ao Corpo de Bombeiros que salvou a minha vida e do meu migo. O momento do resgate foi emocionante”, observa Ramon.

Marcos, mais conhecido como Marquinhos, foi um dos moradores de Mariante que decidiu ficar em sua casa, que tem dois pavimentos. “Não achei que seria perigoso, mas a água me surpreendeu. Estava esperando 25 metros e deu 29 e pouco”, reconhece.

Entre as lembranças do morador estão os momentos assustadores na madrugada. “O barulho era de ensurdecer.” Na casa, para se alimentar só tinha um pacote de bolachas e ficou três dias sem tomar água. Ele permaneceu na residência até o nível da água baixar e deixa um conselho: “Não dá para ficar esperando, tem que logo sair”, admite.



Luana Schweikart

Luana Schweikart

Jornalista formada pela Unisc - Universidade de Santa Cruz do Sul. Repórter do Jornal Folha do Mate e da Rádio Terra FM

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