A rotina de atendimentos de urgência realizados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) é agitada e a equipe está praticamente sempre ‘correndo contra o tempo’ para manter a agilidade e a rapidez em atender os chamados. Porém, ainda há situações que atrasam e dificultam o trabalho destes profissionais, como é o caso dos trotes. No domingo, 5, inicialmente foi divulgado que duas ligações falsas haviam sido feitas, porém, apenas uma delas foi confirmada como trote. As duas situações foram em Linha Travessa.
A primeira ligação foi a respeito de uma queda de motocicleta com duas vítimas em Linha Travessa. A referência dada pela pessoa na ligação foi de que a moto e as vítimas estariam perto do Gigante da Travessa. Os socorristas se deslocaram com a ambulância até a localidade, mas não encontraram nada. Ao retornar a ligação ao solicitante, ele novamente confirmou o acidente. No fim do dia, populares foram até a base e explicaram que houve a queda de moto, porém, os envolvidos não aguardaram a chegada do atendimento do Samu. Neste caso o registro de trote foi retirado do sistema.
Um familiar das vítimas da queda de moto entrou em contato com a reportagem e alegou que decidiram sair do local para procurar atendimento médico devido à demora do Samu em chegar ao local. Ela afirma que esperaram mais de 30 minutos. O técnico em enfermagem do Samu, Guilherme Teixeira reforça que o tempo de deslocamento até Linha Travessa foi de oito minutos e que ao chegarem, nenhum morador próximo avistou o acidente, por isso, acreditaram ter sido trote.
Já na segunda ligação, o Samu foi novamente acionado para ocorrência em Linha Travessa. Dessa vez, o relato era de um surto psicótico. Nesta situação o trote foi confirmado, já que foram até o local e encontraram as supostas vítimas, que estavam bem. Ao tentar retornar a ligação, o solicitante não atendeu. A equipe do Samu pede a atenção da comunidade para esses casos e alerta o quanto essas intercorrências podem prejudicar o atendimento de urgência à população. O técnico de enfermagem do Samu, Guilherme Teixeira, explica que nos últimos anos a frequência de trotes têm diminuído, mas ainda há algumas intercorrências de forma esporádica.
Procedimentos contra trotes
Constatado o trote, a central do Samu armazena o contato e são feitas tentativas de ligações para o número atrás de explicações. Sem sucesso, o número é repassado à Justiça que faz o rastreamento e o dono da linha é chamado e autuado. “O número também é anexado para nós na central, e quando entram mais chamados por ele, pedimos informações mais detalhadas”, afirma Teixeira.
“Um dia a pessoa que passou o trote pode realmente estar precisando de um atendimento e acabar não tendo êxito devido a uma ligação falsa. Venâncio tem um grande interior e ao nos deslocar para um atendimento falso, deixamos todos os outros lugares descobertos.”
GUILHERME TEIXEIRA
Técnico em enfermagem do Samu
Prezar a vida
Teixeira destaca que muitas vezes as pessoas acreditam que o atendimento do Samu não será feito ou serão autuadas, caso as vítimas tenham alguma irregularidade ou documentação atrasada. E por isso, muitos acabam evadindo do local antes da equipe chegar. No entanto, o técnico em enfermagem explica que no momento do atendimento o objetivo da equipe é prezar a vida, sem julgamentos. “Nosso trabalho não é verificar e fazer encaminhamentos para a Polícia. Atendemos todos, indiferente da pessoa e da situação.”
Outro fator importante para a equipe é de não movimentar as vítimas e os veículos envolvidos antes da chegada do Samu para atendimento. “A visão da cena e o grau de destruição nos auxilia muito a entender como aconteceu, se a colisão foi grave ou não.”