O jogo de cartas Schafkopf é caracterizado por regras pontuais, integração com amigos e, principalmente, pelo som forte da carta sendo jogada na mesa. Tradicionalmente jogado com um baralho de 20 cartas – no padrão francês, com os símbolos de Copas, Espadas, Ouros e Paus, onde os coringas são excluídos -, geralmente é disputado por quatro jogadores (individualmente) ou em duas duplas, mas pode haver variações para três, cinco e até seis jogadores. Se jogado entre cinco, cada participante recebe quatro cartas; quando disputado em quatro jogadores, cada um recebe cinco cartas.
O objetivo principal do jogo é ganhar rodadas específicas, chamadas de ‘tricks’, e acumular pontos. O primeiro lança uma carta qualquer e, os demais, em ordem, devem mostrar uma com o mesmo naipe – se tiverem. A pessoa que apresentar a maior vence e joga outra carta. Assim segue o jogo, sucessivamente, até acabarem as cartas.
O Schafkopf é um passatempo mentalmente exigente, considerado ‘a mãe de todos os jogos de trunfo’. Não é realmente visto como um esporte, mas apenas como uma atividade de lazer. Nos dias de hoje, é frequentemente jogado em eventos sociais, clubes, bares e festas. Segundo a professora de Língua Alemã, Jaqueline Bender, a tradução para o Português de Schafkopf equivale a ‘cabeça de ovelha’.
Quem passar em frente ao Bar do Elo Kist, no bairro União, certamente vai ouvir fortes batidas das cartas sendo jogadas na mesa e o som de boas risadas. O barulho e as conversas no dialeto alemão são sinais que o Schafkopf está sendo jogado. É o caso do grupo de amigos formado por Arno Vogel, 79, Arnélio Mohr, 75, Guildo Grasel, 80, Romeu Seidel, 72, e Cleon Hermes, 77. Eles reúnem quase todos os dias da semana no bairro União para se divertir e, de alguma forma, resgatar a tradição dos imigrantes alemães.
Nesta semana, contaram ainda com a participação de Felippe Bogorni Neto, 55, que está de férias na empresa em que trabalha e foi jogar. Com seis integrantes, o jogador que distribuía as cartas ficava de fora da rodada. Segundo ele, cada jogo leva em média 15 segundos. Eles chegam a jogar de 400 a 500 partidas em um dia. Natural de Linha Cachoeira, no interior de Venâncio Aires, Bogorni aprendeu a jogar o Schafkopf aos 15 anos. “Em Linha Cachoeira, é muito tradicional o jogo e, na sociedade, sempre tinha pessoas jogando. Eu ficava em volta olhando e, quando faltava um jogador, tinha que compor o time”, lembra.
Outro que aprendeu o jogo na infância foi Arno Vogel. Ele conta que desde que aprendeu a jogar não parou mais. “Meu pai falava que o jogo teve origem na Alemanha. Para aprender a jogar, precisa prestar muita atenção aos detalhes. O Schafkopf é muito difícil”, ressalta.
O Schafkopf é mais do que um simples jogo de cartas. É uma tradição que une amigos e familiares. O jogo mantém vivas as tradições e proporciona uma ligação cultural entre gerações de descendentes de alemães, preservando um pedaço da história e da cultura de seus antepassados. Seja na Alemanha ou no Brasil, o jogo continua a trazer alegria e lembranças, firmando a tradição nas comunidades que preservam e respeitam o passado dos imigrantes alemães.
Saiba mais
• Existem variantes do Schafkopf, cada uma com suas próprias regras específicas.
• Sauspiel: Um dos jogadores escolhe um parceiro e joga contra os outros dois.
• Solo: Um jogador joga sozinho contra os outros, escolhendo um trunfo.
• Wenz: Similar ao solo, mas com um conjunto diferente de trunfos (geralmente os Valetes).
Pontuação das cartas
• Ases – 11 pontos
• 10 – 10 pontos
• Reis – 4 pontos
• Damas – 3 pontos
• Valetes – 2 pontos