A greve dos servidores federais, que iniciou no dia 3 de abril, ainda não tem perspectiva de acabar. Em Venâncio Aires, o Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) está sem aulas desde o dia 17 de abril. O diretor-geral, Geovane Griesang, afirma que nesta quarta-feira, 15, ocorreu uma mesa de negociação para discutir a situação dos docentes, e no dia 21 de maio ocorre outra para discutir com os técnicos administrativos. A previsão é que após, o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinesefe) faça uma assembleia para decidir sobre a proposta do Governo Federal. Caso isso aconteça, a greve deve ser encerrada, no entanto ainda não há previsão de acontecer.
O representante do Sinasefe do IFSul, campus de Venâncio Aires, o professor Daniel Pezzi da Cunha, afirma que já aconteceram negociações com o Governo Federal a partir de mesas setoriais e de negociação permanente. O sindicato e outras entidades também apresentaram propostas, no entanto, o Governo é moroso para respostas.
A última preposição, segundo Cunha, ainda não contempla os objetivos da categoria. “O Governo tem tímidos avanços, está fazendo pouco-caso da educação. São mais pontos negativos do que positivos”, afirma. Como positivo, segundo ele, já foi conquistado o reajuste do vale-alimentação, saúde suplementar e auxílio-creche, e apesar de a categoria ter aceito, ainda estão descontentes e reivindicam que os valores sejam equiparados a outros poderes. Segundo ele, as melhorias na estrutura de carreira docente são tímidas e o sindicato espera que também sejam apresentadas propostas para os técnicos administrativos, o que deve ocorrer no dia 21. “Desagrada, pois o Governo está dividindo a categoria que é uma só, dos servidores federais da educação, as frentes sindicais não admitem isso.”
Como fatores negativos, Cunha elenca a recomposição orçamentária para os institutos federais, que fica aos moldes de 2023 e é muito inferior ao necessário. “É um congelamento dos valores dos orçamentos, o que compromete as estruturas” completa. Para 2024, a proposta também congela os salários de docentes e técnicos administrativos e propõe reajuste de 9% em 2025 e 3,5% em 2026, somente para os docentes. O Governo Federal também não citou melhorias para assistências estudantis, o que atinge diretamente os estudantes.
“Governo não está comprometido com a educação”
Em paralelo, o representante do Sindicato em Venâncio Aires, destaca os investimentos bilionários no aumento salarial de outras categorias como judiciário, Polícia Federal, Receita Federal e analistas técnicos. “O Governo não está comprometido com a educação e isso complica. O que se gostaria é que a greve terminasse e se chegasse em uma solução, mas está um descaso com esse setor tão importante”, observa.
Neste momento, de acordo com Cunha, os Institutos Federais estão envolvidos no apoio aos desabrigados dos desastres naturais no Estado. Os servidores tiveram suspensão de atividades por duas semanas, e independentemente da situação de greve, não houve atendimento. “O foco principal é a ajuda humanitária. Em Brasília continuam os debates e negociações e se espera que o Governo honre o compromisso com a educação que até o momento não está contento.”
Aulas
• Segundo o diretor-geral, Geovane Griesang, nas atividades escolares as aulas não serão perdidas, mas sim repostas posteriormente, acarretando na reformulação do calendário letivo, que pode contar com sábados letivos e atividades extras.
• Ele explica que assim que a greve for finalizada, deve realizar uma reunião com servidores para discussão do novo calendário, que posteriormente, será divulgado aos estudantes.
• Caso não acontecesse uma nova greve, este seria o primeiro ano em que o calendário escolar estaria normalizado, depois da pandemia de Covid-19 e da última greve, em 2022. Atualmente são cerca de 600 estudantes presenciais na instituição.