‘Tabelinha’ Venâncio Aires-Rio de Janeiro: jovem venâncio-airense jogará no Fluminense

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Na quarta-feira, 15, por telefone, o jovem Rafael Gabriel Fausto Pacheco, o Rafinha, de 15 anos, informou para a mãe, Priscila Fausto, de 40 anos, que foi aceito e jogará pela categoria Sub-17 do Fluminense, do Rio de Janeiro. A conexão Rio de Janeiro-Venâncio Aires não foi direta e teve sim diversas escalas, incluindo Santa Cruz do Sul e Pelotas. Atualmente, o atleta já treina com o Tricolor carioca, ele atua como volante e meio-campista.

Rafinha estava, há meses, treinando em Pelotas, no Progresso. O ‘namoro’ com o Flu foi e voltou, sendo convidado para treinos no Rio de Janeiro, após se destacar na Copa Teutônia pelo Progresso, posteriormente retornou para território gaúcho e ficou no aguardo de uma posição oficial do clube. Nas últimas semanas, novamente voltou para a capital carioca, treinando nas categorias Sub-15 e Sub-17, até que veio a confirmação da efetivação.

Segundo a mãe, Priscila Auda Fausto, de 40 anos a negociação foi rápida. Ela afirma que a vida de Rafinha e de toda a família mudou completamente em três meses. Após a confirmação, o jovem se mudará para a capital carioca, para morar no alojamento do clube. Priscila, que é técnica em enfermagem, diz que, por enquanto, Rafinha morará sozinho no Rio de Janeiro, mas que na terça-feira, 21, ela vai para solo carioca, para a assinatura de contratos e matrícula em escola. “Nunca viajei de avião, imagina como está a minha cabeça agora”, comemora.

Rafa destaca que a caminhada até o Fluminense foi difícil e o processo foi demorado, até por isso a emoção é ainda maior. O jovem está treinando pela manhã na academia, a tarde o treinamento é em campo e, no período da noite, os estudos. “A expectativa, a partir de agora, é muito grande, quero chegar lá em cima. Sei que tenho potencial para isso, vou lutar para chegar onde eu quero chegar”, enfatiza.

Notícia

Priscila diz que não conteve a emoção ao receber a notícia. “Estou louca, não acredito. Ele será um ‘menino de Xerém’’”, destaca, relembrando o apelido dos atletas revelados na base do Tricolor. Durante a ligação para informar a oficialização do negócio, de acordo com a mãe, o jovem comemorava com humildade. “Ele me falou ‘mãe, vou ter meu salário agora e vou comprar minhas roupas’. É um orgulho para mim ver o que ele está virando, esse menino de personalidade e humildade sempre”, destaca.

“Sonho ser jogador profissional. Conseguir estabilizar a minha família inteira, isso não tem preço, tudo que eles fizeram para mim, compensar isso, dar uma vida melhor para eles”

RAFINHA

Jogador do Fluminense

A mãe é otimista e acredita que é possível ver o filho atuando pela Seleção Brasileira no futuro. “Eu estava muito apreensiva. Agora, estou muito feliz, ele conseguiu, vindo do interior, de uma família humilde, é um feito enorme”, frisa.

Incentivo

A família mora no bairro Brígida, em Venâncio Aires, e é o grande pilar de Rafinha. A mãe Priscila, os dois irmãos Roberta e Renan, o primo Róger, os tios Juliano – que foi um dos grandes incentivados do sonho de Rafa –, e Rodrigo, a avó Fátima (o talismã do atleta) e a namorada Amanda. Segundo a mãe, isso serve de exemplo para muitos meninos de famílias humildes, para acreditar no futuro e confiar que sonhos podem ser realizados. “Com o apoio da família, tudo é possível”, pontua Priscila.

O volante frisa que a família foi essencial, sempre o apoiaram e incentivaram. “Se eu jogo futebol e estou aqui hoje é tudo por que eles me ajudaram. Mesmo a distância, longe da família, que é a parte ruim, sei que isso será recompensado, tanto a mim quanto a eles, faço isso por nós, estou com saudades deles”, se emociona.

Trajetória de Rafinha:

  1. A carreira começou cedo, com 6 anos, na escolinha da Associação Esportiva de Venâncio Aires (Assoeva), onde permaneceu por dois anos;
  2. Com 8 anos, foi treinar no futebol de campo em Santa Cruz do Sul, na escolinha Genoma Colorado, com o professor Leandro Carlz. Permaneceu por quatro anos no Genoma;
  3. Durante a pandemia, foi levado para Porto Alegre com a equipe do Douglas, o maestro ídolo do Grêmio. Após ser rejeitado no Tricolor, acabou retornando para Venâncio;
  4. No final de 2021, sem local para treinar, o jovem começou a ser treinado por Arthur Ruschel, principalmente com cuidados físicos. Rafinha seguia na escolinha do Selo, em Venâncio Aires, nesse período;
  5. Após obter conhecimento sobre o Progresso, famoso clube formador de Pelotas (revelou o ídolo colorado Taison, por exemplo), a família de Rafa o levou para um teste. Com apenas dois dias, o clube questionou sobre a possibilidade de o Rafa morar lá, já que lá eles teriam a estrutura para dar prosseguimento na carreira do jovem. “O Progresso pagava a metade e eu a outra para o Rafa morar lá”, relembra a mãe, Priscila;
  6. A oportunidade de ir para o Fluminense surgiu após a disputa da Copa Teutônia 2023, torneio em que se destacou pelo Progresso. Com diversas propostas, o clube decidiu optar pela negociação com o Fluminense, por ser uma ‘vitrine’ e estar no centro do país.

“O Rafa mostra que um menino negro de família humilde nunca pode desistir. A união da família é fundamental e o Rafa tem uma base que somos eu, meus dois filhos, minha mãe e meus irmãos que ajudaram até aqui. Não é fácil, mas tudo é possível.”

PRISCILA FAUSTO

Mãe do Rafinha



Leonardo Pereira

Leonardo Pereira

Natural de Vila Mariante, no interior de Venâncio Aires, jornalista formado na Universidade de Santa Cruz do Sul e repórter do jornal Folha do Mate desde 2022.

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