Tampinha Legal: economia circular na prática

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O Tampinha Legal é um programa socioambiental que foi criado há seis anos e, todos os meses, transforma tampinhas plásticas em recursos que auxiliam entidades assistenciais. Na semana passada, por exemplo, em um único dia foram recebidas mais de cinco toneladas de tampas plásticas no Rio Grande do Sul, entregues por três entidades assistenciais, que totalizaram R$ 16 mil.

O Tampinha Legal é uma proposta do Instituto SustenPlást com o apoio do Movimento Plástico Transforma. Por meio do programa, os valores obtidos são destinados integralmente para as entidades assistenciais participantes, sem rateios de material ou repasses de valores. No ano passado, ultrapassou R$ 2,5 milhões destinados às instituições.

A America Tampas, empresa localizada no Distrito Industrial em Venâncio Aires, é mantenedora do programa no município desde o início, em 2016. Desde 2018, conta com ponto de entrega para receber as tampinhas, com o objetivo de facilitar a logística, já que antes era necessário levar o material até Porto Alegre.

A supervisora de Recursos Humanos e Sustentabilidade da empresa, Carina Krainovic, afirma que as entidades levam até o local os materiais já limpos e separados por cor. É feita a pesagem dos itens por meio de um aplicativo, de modo que já é possível visualizar o valor que será pago pelas tampos. O pagamento é feito diretamente pela Sulpel – empresa que faz o processamento do material -, às entidades, de modo que não há vínculo dos valores com a America Tampas.

Carina acrescenta que a America Tampas tem a circularidade como um dos pilares, com o comprometimento com a sociedade que está inserida. “Incentivar o engajamento em ações que esclareçam acerca do destino correto do plástico, fazendo com que a circularidade aconteça na prática, como é o Tampinha Legal, com economia circular, e ainda com isso fazer com que as entidades assistenciais tenham benefício, é de grande importância para a America Tampas”, reforça.
O Tampinha Legal é, atualmente, o maior programa socioambiental de caráter educativo em economia circular de iniciativa da indústria de transformação do plástico da América Latina. Possui todas as características de ESG: meio ambiente, destinando de forma adequada os resíduos plásticos, para que este possa ser reutilizado e revalorizado; social, ajudando as entidades assistenciais que precisam desse recurso, valorizando todo o processo, e governança.

Saiba mais

• O programa Tampinha Legal já ultrapassou 1 mil toneladas de tampas plásticas ao longo dos seis anos de atuação.

• O volume equivale a mais de R$ 2,8 milhões de reais, que foram destinados integralmente às 326 entidades assistenciais participantes.

• O Tampinha Legal conta com 3.220 pontos de coleta, distribuídos pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo, Alagoas, Pernambuco, Goiás, Distrito Federal e Bahia.

• Participam do programa entidades assistenciais do terceiro setor devidamente regularizadas como Apaes, Ligas Femininas, escolas, ONG’s, asilos, associações, hospitais, entre outros.

• Com os recursos obtidos através do Tampinha Legal, as entidades assistenciais podem adquirir medicamentos, alimentos, equipamentos, ração animal e/ou materiais escolares, bem como custear tratamentos e exames de saúde humana e animal, melhorias em suas sedes, entre outras ações.

Entidades participantes em Venâncio

• ONG Parceiros da Esperança (Paresp)

• ONG Alphorria

• ONG Amigo Bicho

• Casa de Acolhimento

• Emef Otto Brands

• Emei Arco-íris

• Emef Benno Breunig

• Grupo Jornada de Amor

• Comunidade Santo Antônio

• Tribo do Rei

• Casa Espírita Em Busca da Verdade

• Liga de Combate ao Câncer

De volta à indústria, tampinhas se transformam em sacolas, sacos de lixo e prendedores de roupa

Os materiais arrecadados pelo programa Tampinha Legal em Venâncio Aires são processados e ganham outro fim por meio do trabalho da empresa Sulpel. Com sede em Santa Cruz do Sul, o empreendimento atua há mais de 20 anos no mercado de processamento de resíduos com o intuito de gerenciais resíduos industriais por meio da identificação, classificação, transporte e acondicionamento até ser enviado para a destinação final, conforme legislação ambiental em vigor com base nas condições e características dos materiais.

Segundo o supervisor da empresa, Edson Becker, o processo consiste em três etapas: coleta/separação, revalorização e transformação. A fase da coleta consiste na separação dos itens de acordo com cor e tipo. Na fase da revalorização, o material passa por um processo que faz com que ele volte a ser matéria-prima, quando são extrusados, aglutinados ou enfardados. A fase final consiste na transformação, que é quando ele é processado e se torna um novo produto.

O resíduo plástico separado e processado é utilizado em sua grande parte para a fabricação de sacolas e sacos de lixo. No caso das tampinhas coletadas por meio do programa, elas já chegam separadas por cor e higienizadas. Dessa forma, vão direto para o processo de moagem e extrusão. Uma parte é utilizada para a fabricação de prendedores de roupa. “Após o processamento, comercializamos para diferentes segmentos industriais, mercados de logística e coprocessamento”, cita.

Mil tampinhas por mês

A Sulpel se tornou parceira do programa Tampinha Legal em 2021. “Neste projeto atuamos como reciclador e temos como parceiro a empresa America Tampas, grande incentivador, parceiro estratégico e um dos mantenedores do projeto. Na planta da empresa temos um ponto de entrega/coleta com um contêiner adesivado e identificado onde realizamos o recebimento mensal das entidades com suas tampinhas”, observa.

Com as cerca de mil toneladas de tampinhas processadas ao mês na Sulpel, por meio do programa, o supervisor salienta não somente o ganho ambiental, mas o fortalecimento e o aporte financeiro às entidades assistenciais que são beneficiadas financeiramente com o projeto.

Paralelamente ao trabalho com plástico, a Sulpel faz a coleta de resíduos de madeira, papel epapelão, ferro, entre outros resíduos. Além da America Tampas por meio do Tampinha Legal, a Sulpel também tem parceria, em Venâncio Aires, com as empresas Alliance One, Brasfumo e CTA Continental.

“A Sulpel se coloca à disposição do projeto não só contribuindo com a reciclagem, como ajudando a inspirar e conectar a sociedade e as entidades assistenciais por meio dessa ação modificadora de comportamento de massa.”

EDSON BECKER – Supervisor da Sulpel

25 toneladas

é o volume de tampinhas processadas pela Sulpel por meio do programa desde 2021.



Cassiane Rodrigues

Cassiane Rodrigues

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), atua com foco nas editorias de geral, conteúdos publicitários e cadernos especiais. Locutora da Rádio Terra FM, tem participação nos programas Terra Bom Dia, Folha 105 1° edição e Terra em Uma Hora.

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