Trabalho de parceria e companhia de uma vida toda; a história dos irmãos agricultores de Linha Hansel

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Na infância, os irmãos João Astor Assmann, 55 anos, e Claiton Luis Assmann, 50 anos, moradores de Linha Hansel, no interior de Venâncio Aires, já eram grandes parceiros. Junto com os demais seis irmãos, filhos dos agricultores e produtores de tabaco Arno, 93 anos, e Agatha (já falecida), eles compartilhavam brincadeiras e ajudavam nas atividades da família.

Desde cedo, acompanharam os passos um do outro e, até hoje, mantêm a parceria no convívio do trabalho diário na lavoura. “Onde um vai, o outro está junto. No trabalho com o tabaco, não é diferente. Nos ajudamos durante a colheita. Assim que terminamos a fornada aqui em casa, iniciamos outra na casa dele, conforme a necessidade da lavoura de cada um. Se um tem uma estufa sobrando, agilizamos o serviço para usar ela. Por exemplo, a última fornada da safra foi secada com um tanto de tabaco meu e o resto dele”, conta Claiton.

Claiton e João na infância (Foto: Arquivo pessoal)

Entre as muitas coincidências que os unem, uma delas está na localização das propriedades. Ambos residem nas terras herdadas do pai. As propriedades são ligadas por um atalho, que facilita o acesso, sem que precisem usar a estrada principal. “É mais fácil me encontrar na casa do João do que na minha própria propriedade”, brinca Claiton.

A última safra de tabaco foi encerrada ainda no ano passado, uma semana após o Natal. Além dos irmãos, a esposa de Claiton, Marilusa, 45 anos, também participou da colheita. Claudete, 53 anos, esposa de João, completou o time de trabalho. Há 17 anos, eles ‘trocam’ serviço na safra de tabaco. Durante 14 safras, a vizinha Nelsi Hermes, conhecida como Nica, também auxiliou na produção, porém, no último ano, os quatro administram uma safra de 40 mil pés de tabaco para cada uma das famílias.

Atualmente, os irmãos estão na fase de enfardar o tabaco nos galpões, etapa na qual cada um tem sua autonomia. Os meses mais intensos da safra já passaram, e Marilusa lembra que houve semanas em que trabalharam de segunda a segunda. Agora, a expectativa dos agricultores é pela venda. “Precisamos de um preço melhor. O reajuste foi pequeno este ano, esperamos que a compra melhore”, enfatiza João.


Ideias, evoluções e trabalho compartilhado

A parceria entre os irmãos João e Claiton Assmann não se limita apenas à colheita do tabaco, outras tarefas, como tirar flor e amarrar o tabaco verde no galpão, também são feitas juntos. “Até pouco tempo, dividíamos até o trator. Agora, o Claiton comprou um novo, mas isso não significa que eu não possa usá-lo o dele também. Temos confiança um no outro, e é isso que faz com que essa parceria dê certo há tantos anos”, destaca João.

Claiton também ressalta a parceria. “Se uma vaca precisa de injeção, se a cerca estraga ou se é preciso cortar pasto na roça, estamos sempre juntos. Compartilhamos ideias e organizamos o trabalho um com o outro. Nenhum de nós toma uma decisão sozinho”, afirma.

Outro detalhe curioso é que ambos têm uma filha menina e um menino com idades próximas. Claiton é pai de Gabriel, 15 anos, e Adriana, 6; e João é pai de Clara, 17, e Danilo, 13. Os meninos, Danilo e Gabriel também se tornaram grandes amigos e cresceram acostumados a ver os pais sempre juntos. “Eles estão sempre brincando juntos. Quando vamos passear em algum lugar, levamos o Danilo junto para fazer companhia ao primo. É muito bonito ver essa conexão que nossos filhos também criaram”, comenta Marilusa.

Há cinco anos, os irmãos investiram em melhorias nas propriedades e instalaram energia solar. Coincidentemente, ambos implementaram o sistema no mesmo período. “Temos que nos atualizar e investir na propriedade. A tecnologia está aí para facilitar o trabalho”, afirma João.


CONTRATEMPOS DA LAVOURA

Na agricultura, imprevistos fazem parte da rotina, e o tabaco não está imune a desafios. Para Claiton, “o produtor de tabaco é persistente e não desiste fácil, mesmo quando enfrenta danos na produção”. Há dois anos, as propriedades dos irmãos, cada uma com cinco hectares, foram atingidas por uma forte chuva de granizo, que danificou parte da safra.

Antes disso, há mais de cinco anos, os desafios foram ainda maiores. Rajadas de vento prejudicaram a produção, e Marilusa lembra o quanto foi difícil concluir aquela colheita, pois o tabaco ficou deitado rente ao chão.



Júlia Brandenburg

Júlia Brandenburg

Acadêmica do curso de Jornalismo na Universidade de Santa Cruz do Sul

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