Apoio da comunidade é importante no movimento pela securitização
Apoio da comunidade é importante no movimento pela securitização (Foto: Caco Villanova)

O centro de Venâncio Aires parou por alguns momentos, na manhã de sábado, 2, para assistir ao tratoraço organizado pelo Movimento SOS Agro em defesa da securitização. O desfile de tratores, colheitadeira, caminhões e automóveis, com faixas e bandeiras, saiu do Parque Municipal do Chimarrão, desceu a Osvaldo Aranha, subiu a Tiradentes e, pela Voluntários da Pátria, chegou ao destino, na RSC-453, onde os participantes se concentraram. Na avaliação dos organizadores, a iniciativa cumpriu seu objetivo, que foi mostrar à população que os agricultores continuam organizados pela conversão e readequação das dívidas, estendendo prazos de pagamento e reduzindo juros, principalmente em apoio a quem sofreu com as enchentes e estiagens.

Um dos líderes do movimento, Rogério Palhares, avaliou muito bem o tratoraço. “O pessoal do comércio estava batendo palma, abanando para a gente. Assim, pelo que deu para ver, estão apoiando.” Ele entende que muito produtor faltou por estar na lavoura. Mesmo assim, considera que foi melhor do que o esperado. “Veio o apoio dos caminhões, o pessoal com os carros, com caminhoneta, estava bom”. Esse retorno da comunidade, segundo ele é importante. “Como a cidade depende de nós, nós dependemos deles também.”

Palhares informou que a mobilização segue na RSC-453, tendo sua oficina como ponto de referência dos produtores. “Vamos esperar os deputados votar”, afirmou, referindo-se à tramitação do projeto de lei no Senado, que dispõe sobre a securitização das dívidas aos agricultores impactados por eventos climáticos adversos a partir de 2021, de autoria de Luis Carlos Heinze (PP). Na Câmara dos Deputados a proposição apresentada por Pedro Westphalen (PP), Pompeo de Matos (PDT) e Dionísio Marcon (PT) foi aprovada.

Mais apoio

O produtor rural Edimilson Gava, arrozeiro da localidade de Campo Grande, interior de Venâncio Aires, afirmou que a luta deveria ser de todos. Ele sentiu a ausência de muitos colegas produtores. “Estamos lutando por muita gente que pegou a enchente ano passado, que sofreu com a seca. O preço do arroz também não está bom. Está muito baixo, não cobre o custo de produção.” Segundo ele, manter-se mobilizado é uma forma de chamar atenção do Governo Federal e dos parlamentares. “Mas foi bonito hoje [sábado]”, complementou.

À população urbana, Gava explica que o preço do arroz encontrado nas prateleiros dos mercados, embalado, não condiz com a realidade de quem está na ponta do processo, produzindo. “Nós não estamos ganhando. Tem que prolongar as dívidas para os colonos, senão não vão conseguir plantar esse ano. Se não vir ajuda do Governo Federal, a maioria não vai conseguir plantar.”