É difícil a pessoa que passa pela rua 7 de Setembro, próximo ao cruzamento com a Berlim da Cruz, que não pare para olhar o capricho de uma horta existente em um terreno na esquina de uma servidão, antes da rua Fernando Abott. Uma placa afixada na cerca refere que se trata de uma horta orgânica e que todas as verduras e hortaliças colhidas são doadas para o Hospital São Sebastião Mártir (HSSM).
O responsável pelo cultivo, pela colheita e doação é o aposentado Ivo Ertel. Aos 67 anos, completados na sexta-feira, 28, ele dedica seus dias ao trabalho na horta. “Esse é o meu passatempo. Gosto de ir para o Centro conversar com meus amigos, mas aqui é onde passo a maior parte do meu tempo”, explica ele, que mora ao lado do terreno, com seu único filho.
Natural de Lajeado (era morador de Linha Alto Sampaio, que hoje pertence ao município de Sério), Ertel se mudou para Venâncio Aires no dia 18 de julho de 1990, fixando residência na rua 7 de Setembro. “Naquela época o calçamento vinha até aqui (na esquina com a Berlim da Cruz). O resto era estrada de chão”, recorda. Ele trabalhou por muitos anos na Venax e, depois de se aposentar, decidiu encontrar um passatempo.
Um pouco antes da pandemia, em 2019, começou a limpar o terreno onde hoje existe a horta, pois soube que o proprietário havia falecido. “Como o mato estava tomando conta e moro aqui ao lado, limpei um pouco e fiz uns canteiros”, recorda.
O terreno já estava cercada e um dia o herdeiro da área foi até lá, pois havia uma pessoa interessada na sua compra. Ertel não conhecia o rapaz e se surpreendeu ao saber que era o único filho do proprietário, pois imaginou que poderia se tratar de um fiscal ou coisa parecida e que o repreenderia, já que estava limpando o terreno, sem permissão.
Depois de uma conversa, o dono da área deu total liberdade para Ertel plantar o que quisesse e até se ofereceu para pagar as despesas. “Disse que não precisava pagar nada pois faço isso porque gosto”, explica.
Decidido a auxiliar o HSSM, o aposentado limpou toda a área, fez canteiros e estufas. Hoje, colhe alface, brócolis, salsa, cebolinha, aipim, batata-doce, laranja e até o desconhecido ‘melão de São Caetano’, entre tantos outros produtos. Uma pequena parcela do que colhe, usa para consumo dele e do seu filho. “Todo o resto é doado, nunca vendi nada”.
Sobre o uso de agrotóxicos, garante que não usa ‘nenhuma gota de veneno’. Inclusive, durante a entrevista, estava quebrando a ponta dos pés de aipim, que foram colocados dentro de uma das duas composteiras. “Isso aqui será o adubo para as plantações do ano que vem”, revelou. Sobre morar na rua 7 de Setembro, o aposentado foi categórico: “Escolhi morar aqui. É um lugar muito bom e ficarei aqui”.
“Como o mato estava tomando conta e moro ao lado desse terreno, limpei um pouco e fiz uns canteiros. Essa horta é meu passatempo. Tudo o que eu cultivo é doado para o hospital.”
IVO ERTEL
Aposentado