Uma inspiração na luta contra o câncer de mama

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No décimo mês do ano, acontece mais uma tradicional campanha Outubro Rosa. Este ano, a Liga Feminina de Combate ao Câncer de Venâncio Aires optou por deixar a agenda livre, para atender pedidos de palestras e diálogos sobre a doença em empresas, escolas e demais espaços. A fala e a conscientização para prevenção do câncer de mama é o melhor alerta para as mulheres, além de histórias inspiradoras de mulheres que já enfrentaram o câncer e, hoje, reforçam a importância de ter os exames em dia.

E, por falar em inspiração, uma delas é Lisandra Nedwed, de 46 anos, que em fevereiro de 2022 foi diagnosticada com câncer de mama. Ela descobriu algo de errado quando fez o exame do toque, no banho. Assim, logo repetiu os exames de mamografia e ecografia que tinha feito há cinco meses. E no resultado já foi confirmado o câncer.

A confirmação, de fato, com a profissional mastologista, veio no dia 1º de abril. “Quando recebi a notícia, ainda perguntei se não era uma brincadeira pelo dia da mentira, mas não era. A médica me disse que era um câncer agressivo”, recorda. Depois do choque e de digerir a informação, no fundo, Lisandra sentia que tudo ficaria bem. Em nenhum momento passou pela fase da negação e se agarrou na fé.

A primeira pergunta que fez foi o que era preciso para ficar boa e viver ao lado da família. Lisandra é casada com Maicon Bohnenberguer – que foi o fiel companheiro da esposa durante o tratamento – e mãe de Matheus Schuster, de 24 anos, e de Valentina Nedwed, de 5 anos. “Sempre fomos uma família de fé e que acreditava em Deus. Nunca cogitei a morte e o pensamento sempre foi muito positivo, me agarrei na força de ficar boa.” A irmã Letícia também foi fundamental no processo e ‘segurou as pontas’ quando Lisandra estava no hospital.

O acompanhamento foi feito pela oncologista Sheila Marquetto e, mais tarde, descobriu que, além do câncer de mama, também tinha no pâncreas. “Nesse momento levei um baque maior, mas a doutora me falava que eu era jovem e que iríamos fazer tudo que era preciso.”

Durante o tratamento, feito no Hospital Ana Nery, foram 35 sessões de quimioterapia, 15 radioterapias e cirurgias, além das internações, pois Lisandra passou muito mal durante o processo de cura. Em 13 de outubro, fez a cirurgia de retirada dos nódulos da mama e dos linfonodos na axila. Pouco depois, em 21 de outubro, operou para retirar o tumor do pâncreas. Ficou três dias na UTI, outros 10 internada e 40 dias depois teve uma pancreatite grave que a obrigou a voltar para o hospital. Chegou a ser intubada e os médicos avisaram a família que só um milagre salvaria Lisandra.

O procedimento mais recente pelo qual passou foi em janeiro deste ano, quando tirou o líquido excedente dos pulmões. Ela também precisou de diversos acompanhamentos, como fisioterapia pulmonar.

Autoestima

Lisandra é proprietária de um salão de beleza, no bairro Morsch, e sempre foi uma mulher muito vaidosa. Segundo ela, lidar com a autoestima naquele momento, quando perdeu todos os fios de cabelo, não foi difícil, pois seu foco era na recuperação. “Claro que houve dias que me olhava no espelho e não me reconhecia, mas eu não me importava com a fisionomia, e sim com a saúde.”

Ela ressalta que tem adoração pelo trabalho e que conseguiu manter a rotina até a oitava sessão de quimioterapia, quando se afastou para continuar o tratamento. O retorno para a vida profissional aconteceu na semana passada. “Foi uma alegria voltar e ver que todas as minhas clientes, que viraram amigas, estavam me esperando. Nunca imaginei ser tão querida.”

Lisandra voltou a trabalhar no seu salão na semana passada. (Foto: Luana Schweikart)

A cura

A notícia mais esperada por Lisandra e sua família chegou há cerca de um mês, quando em uma das consultas, a médica afirmou que o tratamento estava finalizado e que, aos poucos, poderia voltar à sua rotina.

Uma das vontades de Lisandra, após estar curada, era de se dedicar mais ao trabalho voluntário. Por isso, para retribuir tudo que Deus a proporcionou, ela integra o Coral da Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Venâncio Aires e também é monitora dos cultos infantis. Lisandra alerta às mulheres que não deixem de fazer seus exames preventivos no tempo correto. “É preciso fazer o que tem que ser feito. Se não temos saúde, não temos nada.”

“É uma sensação de vida nova, de nascer de novo. Comecei a dar valor a pequenas coisas, como brincar, caminhar e até lavar uma louça. Aprendi a não reclamar mais, hoje não peço mais nada a Deus, só agradeço.”
LISANDRA NEDWED
Curada de cânceres de mama e de pâncreas

Importância dos exames preventivos em dia

A médica oncologista Sheila Calleari Marquetto dá dicas para as mulheres se prevenirem contra o câncer de mama. A importância básica da prevenção é de salvar vidas, pois com o diagnóstico precoce, o câncer de mama tem chance de cura de mais de 90%. Exames de mamografia e ecografia das mamas devem ser feitos anualmente, a partir dos 40 anos, mas pessoas que já tenham histórico familiar devem antecipar, de acordo com a recomendação do médico.

O tratamento é dividido, na maioria das vezes, em três etapas: cirurgia, quimioterapia e radioterapia. A depender do tipo molecular do câncer e do estágio, por vezes, a médica afirma que é necessário apenas a cirurgia e radioterapia. “Estamos evoluindo nas técnicas de tratamento com a tecnologia. Em tumores hormonais, usamos por vezes comprimidos de hormonioterapia e, em outros casos, drogas alvomoleculares e imunoterapia, que geram menos toxicidade e aumentam a sobrevida das pacientes.”

A profissional destaca ainda que sempre há questões que merecem mais atenção, como os pacientes com mutações e tipos específicos de câncer, com risco de contrair outros. Familiares de primeiro e segundo graus destes pacientes também devem ficar atentos e fazer testagens moleculares e estratégias de prevenção, pois há maiores chances de desenvolverem algum tipo de câncer.

Sheila reforça que neste ano um estudo foi feito com a população de São Paulo e mostra a grande incidência de câncer em mulheres com menos de 40 anos, o que vem sendo observado pelos profissionais médicos na prática clínica.

A doença do câncer, seja qual for o tipo dele, é a segunda com maior mortalidade do mundo, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares. Orientações importantes como cuidados com alimentação, praticar atividades físicas e ter hábitos saudáveis fazem toda a diferença.



Luana Schweikart

Luana Schweikart

Jornalista formada pela Unisc - Universidade de Santa Cruz do Sul. Repórter do Jornal Folha do Mate e da Rádio Terra FM

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