Por Júlia Brandenburg e Luana Schweikart
Nesta segunda-feira, dia 17 de junho, inicia em Venâncio Aires a vacinação contra a dengue para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, 11 meses e 29 dias. O município recebeu 873 doses em uma primeira remessa para dar início à imunização contra a doença que é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. O objetivo da vacina é reduzir as complicações e também internações relacionadas à doença.
As idades estão dentro da faixa etária indicada pelo laboratório para receber o imunizante (de 5 a 60 anos), no entanto, a vacina (de nome comercial Qdenga, da fabricante japonesa Takeda Pharma) não é autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para pessoas acima dos 60 anos, público que concentra o maior número de óbitos no Rio Grande do Sul neste ano de 2024, por exemplo.
Segundo a enfermeira coordenadora do Setor de Imunizações de Venâncio Aires, Janete de Souza, essa faixa etária dos 10 aos 14 anos é o público que tem maior número de internações no país, considerando internações por dengue de 2019 a 2023. O esquema vacinal consiste em duas doses, com um intervalo de três meses entre elas. As crianças e adolescentes devem estar acompanhados pelos pais ou responsáveis, portando documento com foto, caderneta de vacinação e também cartão do SUS.
Recomendações
Janete ressalta que após a aplicação da vacina, é recomendada a permanência em observação por 15 minutos. Aqueles com histórico de alergias graves devem aguardar 30 minutos. “Como se trata de uma vacina nova, assim como todas as outras, tem essa recomendação do Ministério da Saúde de fazer a observação após a aplicação. Essa orientação serve para todos que receberem a vacina”, explica.
Caso a pessoa tenha tido dengue, é recomendado aguardar seis meses para iniciar o esquema vacinal contra a doença. “Lembro que a incorporação da vacina contra a dengue é uma medida adicional de prevenção. É preciso seguir todos os cuidados individuais e comunitários que visam o controle da proliferação do Aedes aegypti”, alerta.
*Com informações AI Prefeitura
5.945– É o número de crianças e adolescentes na faixa etária indicada para receber o imunizante no município, segundo o Sistema Integrado de Gestão de Serviços de Saúde (Sigss) da Secretaria de Saúde de Venâncio Aires.

Mais informações
• A vacinação ocorrerá somente na Unidade Básica de Saúde (UBS) Central, de segunda a sexta-feira, das 7h30min às 11h e das 13h às 16h30min. Aos sábados, será das 8h às 12h.
• A meta em Venâncio Aires é de cobertura vacinal de 90%. Outras vacinas não devem ser aplicadas concomitantemente ao imunizante da dengue.
Sem internações por dengue no momento
Conforme atualização do boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, na quinta-feira, dia 13 de junho, Venâncio Aires alcançou 2.162 casos de dengue neste ano. Em relação ao boletim divulgado no dia 6, em uma semana, a Capital do Chimarrão registou 39 casos a mais da doença. Além destas confirmações, há 17 situações em análise. No total, foram 2.507 notificações, com 328 testes negativos. Dois deles são de moradores de outras cidades, mas testados e positivados em Venâncio Aires. Desde o mês de fevereiro, pela primeira vez no ano, não há nenhuma pessoa internada no município por conta da doença.
122– É o número de casos de dengue registrados na faixa etária dos 10 aos 14 anos em Venâncio Aires, do total de 2.162 infecções no município, segundo a enfermeira coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Venâncio Aires, Carla Lili Müller.
Dengue em crianças em Venâncio Aires
• 10 anos – 23 casos
• 11 anos – 20 casos
• 12 anos – 22 casos
• 13 anos – 28 casos
• 14 anos – 29 casos
Prevenção contra o Aedes aegypti
• Não deixe água parada, pois são os locais onde o mosquito nasce e se desenvolve. Assim, evita sua procriação.
• Deixe sempre bem tampados e lave com bucha e sabão as paredes internas de caixas d’água, poços, cacimbas, tambores de água ou tonéis, cisternas, jarras e filtros.
• Não deixe acumular água em pratos de vasos de plantas. Coloque areia fina até a borda do pratinho.
• Plantas que possam acumular água, como bromélias, devem ser tratadas com água sanitária na proporção de uma colher de sopa para um litro de água, regando no mínimo, duas vezes por semana. Tire sempre a água acumulada nas folhas.
• Não junte vasilhas e utensílios que possam acumular água (tampinhas de garrafa, cascas de ovo, latas, embalagens plásticas e de vidro e copos descartáveis).
• Guarde garrafas vazias de cabeça para baixo.
Barreira imunológica que beneficia todos os públicos
A pediatra Vívian Wunderlich explica que, como Venâncio Aires é um local com grande incidência de casos, e que eles têm aumentado significativamente, a vacinação contra a dengue é uma medida de saúde pública de grande relevância, especialmente na faixa etária específica que compreende crianças e adolescentes. “Este grupo etário é particularmente vulnerável por várias razões. Primeiramente, crianças e adolescentes representam uma população altamente móvel, que frequenta creches, escolas e atividades extracurriculares, facilitando a propagação do vírus”, observa a médica.
Ela ressalta que os estudos epidemiológicos já mostram que a incidência de dengue é significativa entre jovens, tornando-os um público-alvo essencial para o controle da doença. Por isso, a vacinação neste grupo ajuda a criar uma barreira imunológica, reduzindo a transmissão do vírus na comunidade como um todo.
No público das crianças e adolescentes, Vívian comenta que a dengue pode se manifestar de diversas formas, variando desde sintomas leves a quadros graves e potencialmente fatais. Os sintomas comuns incluem febre alta, dor de cabeça, comumente referidas como dor atrás dos olhos, dores musculares e articulares, náuseas, vômitos e manchas na pele. Nos bebês, pode se manifestar apenas como irritabilidade.
Na forma grave da doença, conhecida como dengue hemorrágica, pode haver sangramentos, queda de pressão arterial e, em casos extremos, morte. “Minha experiência me permitiu observar que crianças, especialmente as menores, podem apresentar sintomas mais severos e complicações que necessitem de cuidados intensivos. A vacinação contra a dengue é uma ferramenta essencial na prevenção da doença e na proteção das crianças e adolescentes”, comenta.
“Encorajo todos os pais e responsáveis a aderirem à vacinação, garantindo que as crianças estejam protegidas contra essa doença potencialmente grave. A saúde das crianças é um investimento no futuro de nossa comunidade, e a vacinação é um passo crucial nesse caminho.”
VÍVIAN WUNDERLICH
Pediatra

- Vívian explica que a vacina incorporada ao Programa Nacional de Imunizações para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos é projetada para proteger contra os quatro tipos do vírus da dengue. Possui eficácia em indivíduos que nunca foram expostos aos vírus, bem como naqueles que já tiveram a infecção anteriormente.
- Nos estudos, chamados de ensaios clínicos, a pediatra destaca que o público demonstrou perfil de segurança favorável e eficaz na prevenção de casos de dengue sintomáticos e principalmente nos casos de hospitalizações decorrentes da doença (90,4% no primeiro ano pós-vacinação com eficácia sustentada em 84,1% em 4,5 anos de acompanhamento).
- Segundo a médica, a dengue é uma doença febril aguda causada por vírus, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Segundo ela, só no Brasil, no ano passado, foram notificados 1,6 milhão de casos de dengue, e neste ano os números são ainda maiores, com quase 3 milhões de casos e 1.044 óbitos registrados até a primeira semana de abril deste ano. “Evidencia a gravidade e a expansão da doença, que pode ser letal”, afirma.