Nascido em lar de família católica e filho de membros da Comunidade Santa Rita de Cássia, do bairro Gressler, Gabriel Gustavo Schuster, de 22 anos, sempre esteve envolvido no meio religioso, acompanhando as missas da paróquia desde pequeno. Ele é filho de Armando Schuster e Marli Terezinha Schuster, e irmão de Rodrigo André Schuster – a família reside no Gressler. A partir dos 5 anos de idade, começou a auxiliar nas celebrações como coroinha, ingressando, posteriormente, no grupo de jovens. “Pelo menos uma vez por semana, eu participava das missas. Cresci em um lar católico, no entanto nunca havia pensado em seguir o ministério sacerdotal”, comenta o jovem religioso.
Tudo mudou quando, aos 13 anos, participou de um encontro para famílias em Arroio do Sal. “Lembro que foi em um momento de Adoração ao Santíssimo que senti o chamado ao sacerdócio, entendendo, assim, qual caminho seguir no futuro. Deus esteve me iluminando naquele momento e me mostrou que este era o caminho: servir a Ele e à Igreja por meio do ofício sacerdotal”, reforça Gabriel.
Com isso, o jovem, após se formar no Ensino Médio, na Escola Estadual de Ensino Médio Monte das Tabocas, ingressou no Seminário Propedêutico de Linha Santa Cruz – em 2021 – para a etapa preparatória para a formação presbiteral. No ano seguinte, iniciou Filosofia, em Porto Alegre. Em 2023, mudou-se para Santa Maria, no Seminário Bom Pastor, onde segue com estudos da faculdade e formação.
Entre os pontos que o jovem destaca desde o início de sua caminhada estão o amadurecimento, o foco nos estudos, a criação de hábitos que promovem o desenvolvimento pessoal e, principalmente, o crescimento espiritual. “Temos algumas atividades no seminário, desde trabalhos manuais, momentos de oração para trabalhos pastorais, onde cada seminarista é responsável por auxiliar os padres em missas, catequeses e outras atividades na Igreja. A prática pastoral nos ajuda a entender como funciona a vida de uma paróquia e também como aplicar o aprendizado na prática”, ressalta ele.
No próximo ano, Gabriel iniciará o período de estudos em Teologia e poderá realizar a pastoral na Diocese de Santa Cruz do Sul, à qual Venâncio Aires pertence. “Vou estar mais perto da família e, quem sabe, também poderei realizar alguns trabalhos para a minha paróquia de Venâncio Aires. Contudo, o foco estará na pastoral a ser desenvolvida em outra área”, comenta. Nos momentos livres, durante as férias, ele retorna à cidade natal e, quando possível, participa na Festa de São Sebastião Mártir. Ele explica que os anos de estudo incluem, além de um ano no Propedêutico, três anos de Filosofia, quatro anos de Teologia e, pelo menos, um ano de período diocesano antes da ordenação. “Se tudo ocorrer conforme o previsto, devo ser ordenado padre em 2030”, projeta o seminarista.
Gabriel destaca que a rotina de estudos no seminário é intensa. As aulas ocorrem no turno da manhã e, uma vez por semana, é necessário organizar o seminário. Entretanto, o foco está, principalmente, na vida de oração e nos estudos. “Todos os dias temos um momento de meditação, oração pessoal e comunitária, além da missa. A oração comunitária feita pela manhã é chamada de laudes, sendo essa a primeira atividade do dia, às 6h”, relata.
Início da caminhada
1 A Folha do Mate divulgou, em fevereiro de 2021, a notícia de que Gabriel Gustavo Schuster, na época com 18 anos, recebeu a bênção de envio para o Seminário Propedêutico do pároco Rodrigo Hillesheim.
2 A bênção foi realizada durante missa na Igreja Matriz São Sebastião Mártir, em Venâncio Aires, e contou com a presença dos pais do seminarista.
“Horizonte de vida pleno de sentido, realização e felicidade”
Para o bispo da Diocese de Santa Cruz do Sul, Dom Itacir Brassiani, no passado, o número de jovens no seminário era maior, o que se devia também ao fato de que muitos adolescentes eram criados em famílias onde a participação religiosa tinha grande importância. “O fator que leva à diminuição ou à raridade da vocação ministerial ou ordenada não é apenas o menor número de filhos nas famílias, mas também a mudança do papel que a fé e a religião ocupam na vida das famílias de hoje”, explica.
Dom Itacir acrescenta que, ao escolher um projeto de futuro e visualizar um propósito de vida, é possível considerar também a opção de servir à humanidade por meio da religião e do Evangelho. Neste caminho, encontra-se a possibilidade de ser irmã, irmão ou uma pessoa consagrada, como um padre ou diácono. “Isso não é fora de propósito. Afinal, a vida cristã e Jesus Cristo não tiram nada do que é precioso e importante para uma pessoa. Esse caminho acrescenta um horizonte de vida pleno de sentido, realização e felicidade, na convivência e no serviço aos outros, porém, não é uma opção de vida considerada razoável o caminho do ministério ordenado na Igreja como diácono ou como padre”, comenta.
“A vocação para ser padre, diácono, irmão ou irmã nasce dentro do horizonte de um projeto de vida que vai além da formação profissional, que vai além do ideal de ser bem-sucedido profissionalmente, socialmente ou economicamente.”