
Apesar do sábado e domingo, 30 e 31 de agosto, ensolarados, veranistas proprietários de imóveis no balneário Monte Belo não conseguiram chegar às suas casas. Trechos do acesso estavam debaixo d’água, devido à intensidade das chuvas do fim de semana anterior, principalmente na região de Cachoeira do Sul. A medição normal do nível do Rio Jacuí é de 7 metros. Na sexta-feira, 29, estava 14,81 metros. Segunda-feira, 1º de setembro, havia baixado para 13,14 metros. Quarta-feira, 3, chegou a 10,51 metros.
Além dessas inundações, o presidente da Associação de Protetores do Balneário Monte Alegre, Alcione de Borba, chama atenção para outro problema: o desassoreamento das margens, quase no limite da estrada de terra batida. Graxa, como é conhecido, destacou o trabalho da Prefeitura após a enchente de junho último, que cobriu grande parte das moradias. Na segunda quinzena do mês, municípios que margeiam o Jacuí e seus afluentes foram surpreendidos por uma cheia. Em Vale Verde não foi diferente. Estradas e pontes do interior foram bloqueadas e, em alguns pontos, a água invadiu casas. O balneário Monte Alegre teve mais de 90% dos 370 imóveis atingidos, segundo a coordenação local da Defesa Civil à época.

Assim que o nível do rio baixou, a Prefeitura iniciou a recuperação das vias e travessias no interior do município e no balneário. Graxa reconhece a operação tapa-buracos e de nivelamento das estradas, mas entende que a via de acesso a Monte Alegre se encontra sob risco de ser engolida pelo rio, impedindo a passagem de veículos. Segundo ele, são quatro quilômetros de extensão, a partir da ERS-244, entre Vale Verde e General Câmara.
Procurado pela reportagem, o prefeito Ricardo Froemming confirmou a interrupção da estrada para Monte Alegre no fim de semana. Comentou que períodos chuvosos, normalmente, atrapalham os trabalhos, que muitas vezes precisam ser refeitos. Outra preocupação é com previsões de mais chuvas e também de enchentes. “Hoje, deixamos o balneário trafegável.”
Froemming espera que, no verão, possa realizar obras de mais impacto e diz que continuará olhando por Monte Alegre. “Estamos buscando recursos junto ao Estado e Governo Federal. Hoje, qualquer chuva de 100, 180 milímetros, estamos tendo enchente no município e em outras regiões”.
Sem praia
Alcione de Borba comenta que o bloqueio da estrada para Monte Alegre, no fim de semana, impediu as famílias de curtirem a praia de aproximadamente 2 quilômetros de extensão. Calcula que, em ponto mais baixo, a água subiu 5 metros acima do nível da via. Ele tem quatro casas no local, três de aluguel que costumam ter veranistas regularmente, mas que ficaram vazias no sábado e no domingo, por falta de acesso. “Se tem estradas, alugo o ano todo”, complementa.
Na enchente de 2024, Borba observou que cerca de 10 metros de margens foram levadas em alguns pontos do rio. Também, 25 casas foram destruídas no balneário. Outras, até hoje não foram recuperadas ou sequer limpas pelos proprietários.
Na cheia de junho, apesar de pegos de surpresa, muitos proprietários conseguiram retirar seus pertencer em tempo. A preocupação, atualmente, é com o acesso, pois acredita que, daqui para frente, a tendência é esquentar e o movimento aumentar no Monte Alegre, que também passa por processo de regularização dos lotes. A temporada de verão deve iniciar em 20 de dezembro com um evento, se estendendo até o início de março. É o período que o balneário recebe de 3 a 4 mil pessoas nos fins de semana, praticamente dobrando a população de Vale Verde.