Já faz mais de uma década que o Carnaval de Venâncio Aires conta com ele na figura de Rei Momo. Valdir Ferreira, de 51 anos, vai para o 11º ano como integrante da corte municipal, ficando a apenas um de bater o recorde de mais tempo consecutivo com o título. Além disso, também é presidente da Liga do Samba de Venâncio Aires (Lisva).
Ele conta que a chance de se tornar Rei Momo surgiu quando participava da escola Unidos da Vila Freese. Na ocasião, levou alguns papéis da escola na Secretaria de Cultura. Aquele era o último dia de inscrições para o concurso que elegeu o Rei Momo, e uma das servidoras da secretaria, Giovana Bencke, o abordou e perguntou se não gostaria de se inscrever.
“Eu disse que eu nem sabia do concurso, mas pensei e acabamos fazendo a minha inscrição naquele dia. Até então, eu nem sabia o que significava ser Rei Momo, só conhecia por ver na cidade e outros lugares”, afirma.
Valdir foi se preparando, contou com a ajuda da sobrinha e, um mês depois, ocorreu a escolha, em um evento ao ar livre em frente ao Banco do Brasil. No dia, Valdir destaca que a emoção era tamanha, que mal sabia o que fazer, mas foi feliz na apresentação. Junto com ele, concorriam mais quatro candidatos. “Entrei na passarela e fui ovacionado pelo público”, relembra.
Elo com o Carnaval
Antes de ser tornar o Rei Momo, Valdir já tinha ligação com o Carnaval, principalmente com a música. “Desde criança, assistia ao desfile. Toda família gosta do samba e do Carnaval, tanto que nas nossas festas sempre têm um pagode”, ressalta.
Com o passar dos anos, começou a trabalhar e virou músico. Passou a tocar na Banda do Colégio Oliveira, depois fez um curso e se tornou baterista profissional. A partir dali, se ligou aos bailes e bandas. Participou de bandas como a Universom, depois o que é hoje a banda Kamarillia e ajudou a montar a banda Nova Estação. “Sempre gostei e tive esse feeling para a música. Meu negócio é esse, também trabalho com a divulgação de rua.”
Mais tarde, voltou a ter mais ligação com o Carnaval, quando no seu bairro surgiu a Escola Unidos da Vila Coronel Brito, juto com a Unidos da Vila Freese. Hoje, como Rei Momo e liderança da Lisva, continua participando da Unidos da Vila Freese e também visita todas as demais. Em 2023, assumiu como presidente da Lisva e, desde então, vem trabalhando para manter o Carnaval da região cada vez mais presente e vivo. Para o futuro, pretende continuar na corte como Rei Momo até 2027 ou 2028, pelo menos.
A intenção de Valdir na Lisva é movimentar o Carnaval em mais meses do ano, não somente na época do evento. “Quero tirar essa visão de que o Carnaval é só em alguns dias. Meu desejo é que empresas privadas se envolvam para desenvolvermos mais projetos e ações ao longo do ano”, diz. Da mesma forma, quer motivar as comunidades das escolas de samba a realizarem oficinas de costura e música e trazer esse viés social para o Carnaval. Outro objetivo é também se aproximar e unificar com o Carnaval do Interior.
Valdir considera uma alegria ser o Rei Momo e poder transmitir esse sentimento para as pessoas, principalmente para as crianças. Segundo ele, são elas que fomentam o Carnaval e dão força e ânimo. “Ver aquelas carinhas na grade chamando para uma foto, é o que vale, não tem preço”, destaca.
“Pra mim, ser Rei Momo é uma satisfação. Já era meu sonho, mas nunca passou na minha cabeça conseguir. Hoje sou e gosto muito disso.”
VALDIR FERREIRA
Rei Momo de Venâncio Aires
Trajes, faixas e coroas
- Valdir Ferreira coleciona os trajes, faixas e coroas que recebeu durante a trajetória como Rei Momo até os dias atuais. O primeiro traje conquistou quando foi eleito, de 2013 para 2014.
- Ele conta que o primeiro modelo ainda segue os moldes das roupas de Bobo da Corte de antigamente, sanfonado, com ombreiras e mangas que vão até a metade dos braços.
- O carnavalesco explica que o Bobo da Corte era a figura que divertia as majestades, e ali se originou também a procedência do Carnaval que evolui até o que é nos dias de hoje. E, assim como o Carnaval, os trajes e faixas do Rei Momo também foram evoluindo.
- Nos anos seguintes, recebeu novas faixas e trajes – em tons de vermelho, branco com dourado e azul – e coroas, seguindo de 2015 até 2024. As cores e estilos da roupa e dos itens dependem da temática e do que é comemorado na edição do ano.
- A partir do ano de 2020, os itens foram mais elaborados, quando o Carnaval também se tornou mais competitivo entre as escolas, inclusive com participações de agremiações de fora do município.
- Em 2021 e 2022, com a pandemia, não aconteceram os desfiles, mas foram realizadas lives para a passagem do evento. “Foram anos difíceis para todos. A cultura ficou parada por dois anos e muitos perderam seus empregos.”
Vídeo
Clique abaixo e assista um vídeo preparado pela equipe da Rádio Tera FM, para o canal Terra Play, sobre a história de Valdir Ferreira.