Voluntários: de Santa Catarina e do Paraná para minimizar o drama venâncio-airense

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As cheias do rio Taquari e do arroio Castelhano vão deixar diversos exemplos de voluntários que se desdobraram para ajudar as pessoas em um dos momentos mais difíceis de suas vidas. Em Venâncio Aires, a legião de voluntários mais uma vez se colocou a postos, como é de costume no município, reconhecido por ostentar esta virtude. No entanto, ao contrário das outras oportunidades – quando as águas, embora também enfurecidas e assustadoras, deixaram estragos menos traumatizantes -, desta vez o Rio Grande do Sul acompanhou uma catástrofe climática, já considerada como maior desastre de sua história.

Em razão da magnitude da tragédia, somente as forças dos voluntários da Capital do Chimarrão não foram suficientes para as atividades de resgate, limpeza e outras ações de resposta imediata. Relatos dão conta da estada de pessoas de várias partes do país no território de Venâncio Aires, em especial em Vila Mariante e regiões próximas. Uma verdadeira corrente do bem, na qual cada elo teve a sua importância para que a esperança não se rompesse. Entre tantos personagens que assumiram papel de protagonismo, seis amigos – três do Paraná e três de Santa Catarina – deixaram as suas marcas em Venâncio Aires.

Os catarinenses Alberto Piero Furlani (advogado), André Roberto Krzesinsky (médico veterinário) e José Gilberto Guesser (aposentado) vieram à Capital do Chimarrão acompanhados dos paranaenses Gustavo Betiol, Adriana Marks e Itallo Freitas, todos médicos veterinários. Chegaram ao município em veículos próprios, com inúmeras doações e preparados, inclusive, para montar acampamento em áreas atingidas pelas cheias, caso fosse necessário. Mas, para que tivessem melhores condições para descansar e pudessem canalizar todas as suas forças para os trabalhos voluntários, optaram por ficar hospedados na residência de um amigo de longa data: o médico veterinário venâncio-airense Luciano Frozza.

Grupo formado por catarinenses e paranaenses permaneceu cinco dias em Venâncio Aires e auxiliou em uma série de atividades humanitárias (Foto: Arquivo Pessoal)

Da quarta-feira, dia 15 de maio, até o último domingo, 19, auxiliaram no resgate, tratamento e ações de apoio aos animais e também em atividades de limpeza de residências que ficaram completamente tomadas de lama. “Eles trouxeram de tudo: equipamentos de proteção individual, pois sabem o risco de estar nas águas das enchentes, doações para pessoas e pets e muita vontade de auxiliar as pessoas que estavam precisando”, comenta Frozza. Ele ressalta que o grupo não fez qualquer exigência nem queria muita publicidade, mas diz que se sentiu na obrigação de evidenciar a dedicação dos amigos. “São pessoas de fora do nosso estado, que deixaram seus negócios, suas famílias e vieram colaborar aqui”, disse o profissional.

Apelo

O grupo realmente estava focado no trabalho e não fazia questão de publicidade. Fizeram registros, é claro, para guardar como lembrança, mas ganhar notoriedade não era um objetivo. Dessa forma, a única mulher do sexteto foi eleita porta-voz e falou sobre os dias dedicados ao próximo. “Fizemos a nossa parte. Auxiliamos na questão dos pets, pois quatro são médicos veterinários, e ajudamos ainda as pessoas que a gente viu que estavam precisando”, afirmou. Ela também pediu que os voluntários que estiverem à disposição da comunidade priorizem os atendimentos às famílias de Vila Mariante regiões próximas. “Muitos idosos estão sozinhos, sem ninguém para ajudar. É um trabalho braçal e cansativo, mas de um significado gigante. Então, fica o apelo para os voluntários que se dispuserem a contribuir”, concluiu.

Admiração profunda

Nos cinco dias em que estiverem em Venâncio Aires, os voluntários de Santa Catarina e do Paraná ajudaram muitos animais, várias famílias e também fizeram novas amizades. Uma das pessoas que interagiu com o grupo no período em que esteve na Capital Nacional do Chimarrão foi a fiscal de posturas da Prefeitura, Daniele Mohr, também voluntária.

Apesar do pouco tempo de convivência, Daniele afirma que criou uma “admiração profunda” pelos seis amigos. “Se pessoas de longe podem vir ajudar e se dedicar tanto, que nós, moradores da cidade, possamos nos solidarizar e entender o quão importante é apoiar e ajudar essas famílias, mesmo depois que a água baixe”, comentou Daniele.

O sexteto

• Alberto Piero Furlani, de Penha (SC): Advogado que teve como motivação “ajudar ao próximo”.

• André Roberto Krzesinsky, de Penha (SC): Médico veterinário que teve como motivação “ajudar sem olhar a quem e naquilo que fosse preciso”.

• José Gilberto Guesser, de Penha (SC): Aposentado e “realizador de sonhos” que teve como motivação “a empatia para auxiliar os mais necessitados onde a ajuda não chega”.

• Gustavo Betiol, de Curitiba (PR): Médico veterinário que teve como motivação “fazer a minha parte como ser humano e socorrer uma situação de caos”.

• Adriana Marks, de Curitiba (PR): Médica veterinária que teve como motivação “levar esperança a quem precisa”.

• Itallo Freitas, de Curitiba (PR): Médico veterinário que teve como motivação “ouvir a voz de Deus e levar uma corrente de amor e esperança às pessoas em um dos momentos mais difíceis de suas vidas. Cuidando da saúde das pessoas e dos animais”.

“É de voluntários assim que a gente precisa neste momento. Gente que coloque a mão na massa, porque em muitos lugares, se não chegar uma ajuda como esta, as pessoas vão levar muito tempo só para limpar as casas. Em mutirão e com os equipamentos certos, facilita o trabalho.”

LUCIANO FROZZA
Médico veterinário de Venâncio
Aires que acolheu os voluntários



Carlos Dickow

Carlos Dickow

Jornalista, atua na redação integrada da Folha do Mate e Terra FM.

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