
Empresas calçadistas, que destinam a maior parte da produção ao mercado externo, estão preocupados com o chamado ‘tarifaço’ do governo dos Estados Unidos, aplicado pelo presidente Donald Trump, em 30 de junho. Às vésperas de fechar dois meses da medida, a esperança está na busca de um atendimento entre os dois países. Durante assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU), após rápido encontro com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva – e mesmo acusando o Brasil de aplicar tarifas aos EUA no passado -, o norte-americano anunciou, extraoficialmente, uma reunião para breve.
Albino Potter, proprietário do ateliê Potter Calçados, no Loteamento Amizade, em Mato Leitão, está preocupado com o fechamento do ano. Sua empresa sentiu o impacto do ‘tarifaço’ norte-americano, especialmente na parcela de produtos destinados à exportação. A produção semanal de 2 mil a 4 mil pares de cabedais – que é a parte superior do calçado – caiu para pouco mais de 500 pares.

Felizmente, a empresa para a qual a Potter Calçados presta serviço com exclusividade, atende também o mercado interno, principalmente de sandálias femininas. “O que assusta é a chegada do fim de ano. Como vai ser a virada? Como vamos iniciar o ano que vem?”, questiona, lembrando das obrigações legais a cumprir e também do próximo reajuste previsto para janeiro, conforme dissídio coletivo da categoria.
A Potter Calçados atua há 15 anos no mercado. Atualmente, conta com 18 funcionários da comunidade e de localidades próximas, que produzem de 20 mil a 25 mil pares de cabedais de sandálias femininas, destinadas ao mercado interno. Pela capacidade de produção que a empresa tem, o proprietário afirma que poderia contratar até 30 trabalhadores. No entanto, diz que o momento é de desconfiança e insegurança, frente as dúvidas impostas pelo distanciamento por parte dos governos norte-americano e brasileiro. Antes de ter seu ateliê, Albino Potter trabalhou na Dilly Calçados (antecessora da Beira Rio) e na extinta Carnella, em Venâncio Aires.
Mão de obra
Situação diferente vive o ateliê Nati Calçados, situado em Linha Hillesheim. A proprietária Natália Maria Schuster informa que atende empresa que atendo o mercado externa, mas especialmente o mercado interno, não impactando a produtividade. Seu maior problema, atualmente, é a falta de mão de obra no município.

O ateliê conta com dez funcionários, moradores da cidade e interior de Mato Leitão, e atribui a dificuldade de contratar a programas federais que, segundo ela, oferecem opção do trabalhador ficar em casa. “Anos atrás era mais fácil contratar”, garante. A empresa tem 14 anos. Em média, por dia, produz de 500 a 700 cabedais femininos.