Por Carlos Dickow e Taís Fortes
Buracos, ‘borrachudos’ e falta de sinalização. Tudo isso pode ser constatado a partir de uma ronda nas RSCs 287 e 453, as duas principais rodovias de Venâncio Aires e região. Na quinta-feira, 28, a reportagem da Folha do Mate percorreu os trechos das duas estradas que cortam a Capital Nacional do Chimarrão e também os poucos quilômetros da 453 que estão no município de Mato Leitão. São acostamentos ‘esfarelados’ e que não oferecem segurança, ondulações, rachaduras e muitos sinais de medidas paliativas.
Em todos os pontos que se estacionava para captar imagens ou coletar informações de moradores e usuários, as buzinas dos veículos e caminhões eram seguidas de gestos de aprovação pelo fato de a reportagem estar dando atenção para os problemas enfrentados no dia a dia. A reclamação que mais se ouve é a cobrança da tarifa de pedágio sem que haja um retorno adequado, ou seja, estradas em boas condições de trafegabilidade. Dessa forma, chovem críticas endereçadas à Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR).
Usuários não poupam queixas e exigem providências
Morador do quilômetro 71 da RSC-287, em Linha Ponte Queimada, Darlan Sackser, 25 anos, já viu por diversas vezes motoristas contabilizando os prejuízos nos veículos por causa dos buracos e dos ‘borrachudos’ existentes na rodovia. “São de três a quatro por semana que precisam parar por conta de problemas em pneu, no motor e em outras partes do carro”, relata.
O produtor rural, que também utiliza a RSC-287 para se deslocar e mora na localidade desde que nasceu, garante que os problemas com a via são constantes. “É um descaso com o pessoal. Essa é uma rodovia muito movimentada, tanto de dia quanto de noite. Passa bastante caminhão também”, destaca.
“Não tem pneu, motor e escapamento que aguentem. Quando consertam, dura dois ou três meses. É uma vergonha para uma rodovia que tem um pedágio aqui perto.”
DARLAN SACKSER – Morador de Linha Ponte Queimada
Mais do mesmo
Na RSC-453, a situação não é muito diferente. Segundo o representante comercial Renato Dameda, há pelo menos 40 dias a rodovia tem apresentado muitos problemas, principalmente relacionados a buracos, que em muitos casos são profundos. O mesmo pode ser percebido na área de acostamento. A situação, inclusive, gera risco de acidentes para os condutores. “Cada dia está pior, aparecendo novos buracos e outros estão ficando mais profundos, e nada é feito”, salienta.
Dameda é morador de Vila Santo Antônio, no interior de Mato Leitão, e utiliza a via para se deslocar até o trabalho, em Lajeado. Além disso, entre três e quatro vezes por semana, pelo menos, ele faz o trajeto de Lajeado até Venâncio Aires, onde está localizada a matriz da revenda de veículos na qual trabalha. Para ele, com a chuva da última semana, os problemas da rodovia se elevaram. “Um buraco que era pequeno aumenta, até por causa do movimento”, acrescenta.
Preocupação
O principal meio de transporte utilizado por ele é a motocicleta. Por isso, avalia que para motociclistas e veículos leves o perigo por causa do excesso de buracos é ainda maior, em especial ao utilizar o acostamento. “O que está me chamando a atenção é o abandono. Antes tu via sendo feito um tapa-buracos. Agora tu não vê nenhuma equipe fazendo isso. A preocupação é que a situação está ficando cada vez pior. Tem que ter muita habilidade para ir desviando”, comenta.
O representante comercial também acredita ser importante a duplicação do trecho urbanizado da RSC-453 em Venâncio Aires e em Lajeado. “Em horário de pico, de manhã cedo e no fim da tarde, é difícil. É um empilhamento de veículos”, avalia.
A reportagem da Folha do Mate encaminhou à Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) um pedido de manifestação acerca dos problemas evidenciados nas RSCs 287 e 453, bem como questionamentos sobre eventuais trabalhos de melhorias programados para as estradas. Até o fechamento desta edição, por volta das 20h30min, não houve resposta.
Onde estão os maiores problemas das principais rodovias da região
- O maior problema verificado na RSC-287 é em um ponto onde um ‘borrachudo’ e uma ‘valeta’ se criaram em razão do intenso fluxo de veículos e caminhões. Motoristas são obrigados a fazer manobras arriscadas.
- Em vários pontos da RSC-287 é possível flagrar parte da pista ‘esfarelada’, principalmente nas proximidades do acostamento. A situação se agrava com a chuva, que contribui para que o material da pista quebre e se solte.
- Também na RSC-287, no trecho entre Venâncio Aires e Bom Retiro do Sul, ‘calombos’ são encontrados em alguns locais. Este da foto fica em frente ao Posto Buffon, localizado em Vila Estância Nova no quilômetro 68.
- Para não dizer que só há problemas nas rodovias da região, na 287 há um trecho onde o asfalto já começou a ser recuperado. Fica entre a Ervateira Elacy e o Campo de Futebol Sete do Ico, localizado às margens da estrada.
- Acostamento do trevo de acesso a Vila Palanque e Linha Travessa é um dos piores da RSC-453, no trecho entre Venâncio Aires e Mato Leitão. Vários buracos se formaram e ficam ‘escondidos’. Pista também está precária.
- No quilômetro 9 da RSC-453, nas proximidades do Centro de Recuperação de Dependentes Químicos (CRDQ), quem trafega no sentido Venâncio Aires – Mato Leitão não tem como fugir dos buracos e ondulações da pista.
- Entre os quilômetros 15 e 16 da RSC-453, já no município de Mato Leitão, na localidade de Linha Conceição, usuários da rodovia enfrentam desníveis, asfalto ‘esfarelado’ e ‘borrachudos’. O cuidado precisa ser redobrado.
- No quilômetro 5 da RSC-453, nas proximidades da Madrugada, ‘divisa’ do asfalto com o acostamento está em precárias condições. Maior perigo é para os motociclistas, em razão do risco de derrapagem no local.