Todos os dias, enquanto estão na escola, os pequenos do nível 1B da Emei Bela Vista participam de atividades que envolvem a interpretação de músicas e a aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais (Libras). O projeto chamado ‘Canto e Encanto: a música e a Libras como ferramenta de inclusão social’ começou a ser desenvolvido com os 20 alunos da turma de educação infantil em junho deste ano e deve continuar sendo realizado até dezembro.
Segundo a professora do nível 1B, Moira Closs Gaspar, e as monitoras Andrea de Lima Bitencourt, Graziela Flores e Natassya Haas – que também é intérprete da Língua Brasileira de Sinais -, o projeto surgiu para desenvolver as habilidades e competências que correspondem a faixa etária desses alunos (entre 1 e 2 anos e seis meses). “Encontramos na música uma ferramenta para potencializar as aprendizagens. Entendemos que as canções são universais, para todos, e elas potencializam, em sala de aula, o desenvolvimento da linguagem, da memória, do raciocínio, do ritmo, dos gestos e das expressões”, destaca Moira.
A inserção do uso da Libras no projeto se deu quando as educadoras perceberam, junto das crianças, a oportunidade de ensinar, de forma lúdica, a linguagem de sinais. “Dentro do projeto cantamos variadas canções da cultura popular e a partir das músicas norteamos as demais atividades que se baseiam em trabalhar ritmo, através de instrumentos musicais, ou ainda observar os sons do cotidiano”, complementa a professora.
Apesar de ser, num primeiro momento, aplicado à música, o projeto não se restringe apenas à interpretação de canções. A Libras também é inserida em rodas de conversa, explicação sobre animais, cores e na contação de histórias. “Se surge algo que tenha um sinal e que interessa os pequenos, aproveita-se a oportunidade para ensinar, a partir da curiosidade deles”, observa Moira.
“Ofertar que as crianças tenham acesso à Libras é possibilitar que eles possam expressar informações, experiências, ideias e sentimentos, com entendimento mútuo, em diferentes contextos que vão além da sala de aula.”
MOIRA CLOSS GASPAR – Professora
INTÉRPRETE
O projeto envolvendo Libras também foi uma oportunidade para a turma desenvolver uma das dez competências exigidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que corresponde ao aprendizado de diversas línguas. Além disso, aproveitou-se que a turma tem uma monitora que também atua como intérprete e se disponibilizou a ensinar às crianças as músicas utilizando a Linguagem Brasileira de Sinais. “Nós abraçamos a ideia e incluímos esse desafio na nossa rotina. Entendemos que não são todas as escolas que podem contar com uma intérprete em sala de aula. Como temos uma intérprete devemos valorizar essa presença”, ressalta Moira.
Segundo a professora e as monitoras, as crianças aprendem no exemplo e, por isso, todos os dias, em diferentes momentos da rotina, os pequenos são estimulados a cantar e Natassya mostra os sinais e, a partir, disso, eles vão reproduzindo. “Vimos, ao longo do projeto, que em alguns momentos eles apenas observam, sem reproduzir. Mas depois, quando estão em pequenos grupos brincando, cantam e fazem os sinais. Por isso, a música faz parte do dia a dia deles. Precisamos repetir várias vezes os sinais, ter persistência e trazer sempre a proposta de maneira lúdica e natural. O mais legal é ver eles aprendendo as duas línguas e descobrindo o corpo como um grande comunicador”, avaliam as educadoras.
ENVOLVIMENTO
Além do envolvimento de todos os profissionais que atuam junto à turma, tanto no turno da manhã quanto da tarde, as educadoras destacam o apoio recebido das famílias. “Eles participam e estimulam o projeto. Ficaram muito felizes quando começamos a desenvolvê-lo e são nossos parceiros, incentivando muito em casa”, observa Moira. Natassya também lembra que realizar o projeto nessa faixa etária é relevante porque as crianças estão iniciando o contato com a linguagem. “É uma fase que eles estão desenvolvendo a comunicação. E por meio da iniciativa aprendem de forma lúdica.”
A ideia é expandir a realização do projeto para outras turmas da Emei Bela Vista. E, pensando nessa continuidade, que também passa pela capacitação de professores, a professora e as monitoras da turma inscreveram o projeto ‘Canto e Encanto: a música e a Libras como ferramenta de inclusão social’ no prêmio ‘Fala, professor’, criado pelo empresário Otelio Drebes, fundador das Lojas Lebes. Em novembro será divulgada a lista de finalistas e o evento de premiação está agendado para dezembro.