Foto: Kethlin Meurer / Folha do MateNa opinião de Lize, mãe do pequeno Davi, as creches necessitam ter profissionais da área para atenderem as crianças
Na opinião de Lize, mãe do pequeno Davi, as creches necessitam ter profissionais da área para atenderem as crianças

Deixar o filho na escola de educação infantil, para muitos pais, torna-se algo dolorido e de ‘partir o coração’, como muitos dizem. No entanto, as necessidades do dia a dia fazem com que eles ou outros responsáveis se obriguem a optar por isso. Mas vale ressaltar que deixar os pequenos no local não tem nada de ruim, muito pelo contrário. é através desse convívio com as demais crianças, que eles aprendem e constroem valores.

De acordo com a psicóloga Roselaine Berenice Ferreira da Silva, a adaptação a uma escolinha não é apenas da criança, mas também, da família que passa por momentos de insegurança, incertezas e ansiedades. A adaptação, conforme a profissional, não segue regras ou padrões. Cada criança responde de um jeito e ela será influenciada pela forma como a família vivencia esse momento. Roselaine ressalta que é importante os pais passarem tranquilidade aos pequenos e dizer a eles que a escola será um local de diversão, aprendizado e formação de novas amizades. “Mesmo no caso de bebês, é importante conversar, pois a criança, em qualquer idade, internaliza os sentimentos vivenciados pela família”, complementa.

Segundo a psicóloga, se os pais alegam que não conseguem ficar tranquilos nesse momento, torna-se importante verificar a causa. “Eles devem se perguntar: será que, enquanto pais, confiam na escola ou creche? Será que eles estão conseguindo separar-se de seu bebê?” aconselha.

Muitos pais questionam-se qual a melhor idade para colocar um filho no ambiente escolar e, para Roselaine, não existe melhor idade, mas melhor momento para a família.

AMBIENTE ESCOLARNa opinião dela, os pais devem conhecer o espaço físico da escola, bem como, a equipe diretiva e de professores. Além disso, devem conversar com frequência com a professora para ter conhecimento sobre como foi a rotina da criança ao longo do dia, o que comeu, o que há de novidade. “São questionamentos que servem para perceber se a professora olhou pela criança no decorrer do dia”, complementa.

A psicóloga explica que as escolinhas costumam ter professoras titulares e monitoras, e qualquer uma dessas profissionais deve estar a par do que ocorreu com cada criança no decorrer do dia. “Escolas que não sabem dizer qual a rotina do filho, no ambiente da creche, ou, até mesmo, não passam informações, os pais devem desconfiar”, comenta.

Roselaine ainda acrescenta que é necessário os pais observarem se a criança muda de atitude em casa ao retornar da creche, ou se fica mais agressiva ou passiva. “São indicadores que podem demonstrar que ela não passou um dia muito adequado na escola”, explica. Para a psicóloga, um ótimo balizador para saber como foi o dia da criança na creche é a atitude dela durante o sono. Crianças com distúrbios no sono, por exemplo, são crianças que demonstram alguma ansiedade sentida no decorrer do dia.

Segundo a profissional, a escolinha é de suma importância no desenvolvimento infantil, pois é o ambiente que proporcionará o treino para uma socialização necessária à infância e, no futuro, para a vida adulta. Além disso, é no educandário que a criança aprende a compartilhar, brincar, ganhar, perder e, acima de tudo, aprende que devem se desprender dos pais e ter, com isso, autonomia e capacidade de ser, com o tempo, ela mesma.

“Também temos que adaptar os pais”

De acordo com Edith Solange dos Santos, professora de uma escola infantil de Venâncio, todos os profissionais do local sabem o quanto é difícil para alguns pais deixarem os filhos na creche e, por isso, buscam transmitir segurança a eles. “Além das crianças, nós também temos que adaptar a própria família”, conta.

Edith ressalta que a contribuição dos pais para a adaptação das crianças também é fundamental. “A ansiedade e nervosismo deles refletem nos pequenos. Como uma criança vai ficar tranquila se vê que os pais estão receosos?”, questiona.

A professora aconselha que os responsáveis conversem com as crianças, mesmo que sejam bebês. “é interessante os pais falarem o nome das professoras e dizerem que a escolinha é um ambiente para aprender e fazer amigos”, comenta.

Além da tranquilidade e segurança que devem ser passadas por ambas as partes, Edith acredita que um ingrediente mágico para a adaptação das crianças no espaço escolar está no afeto e carinho. “Precisamos acolher as crianças com afeto, porque, com isso, os pais também ficam mais tranquilos”, complementa.

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