Aplicar golpes se tornou uma espécie de ‘trabalho’, principalmente para quem está atrás das grades. Via celular, compram, vendem, simulam sequestros, visitas e o que for necessário para lucrar. Ocupam o dia com isso e sempre a quem acredita nas ‘estórias’ e perde dinheiro. No momento, está em alta a simulação da compra de veículos e outros bens, via internet. Mas os velhos golpes, praticados em via pública e de porta em porta, nunca deixarão de existir. Ao contrário, estão sendo aperfeiçoados.
Segunda-feira, a Brigada Militar prendeu cinco indivíduos que se passavam por profissionais que arrumam telhados e aplicam veneno contra cupins. Já haviam feito vítimas anteriormente (de uma delas levaram R$ 1.200), mas desta vez acabaram detidos e identificados, depois que um vizinho acionou o filho de um aposentado que estava prestes a cair no golpe. “Desconfiei, pois um dos que se disse pedreiro estava de chinelo de dedos e meias e alegou que já havia passado dez litros de veneno contra cupim, mas não tinha cheiro algum”, declarou o filho na vítima na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA).
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Dos cinco presos, três têm antecedentes por assalto, furto, tráfico e estelionato e já estiveram presos. São Moradores de Porto Alegre, Gravataí, Barra do Ribeiro e Guaíba (2) e depois de identificados, foram liberados. O carro que ocupavam, um Gol, com placas de Novo Hamburgo, foi apreendido.
De acordo com os brigadianos, dentro do veículo havia, inclusive, pedaços de madeiras crivados de cupins. “Eles pegavam esta madeira e mostravam para as vítimas, alegando que haviam retirado do telhado da casa, para esquentar o golpe do veneno”, informaram os PMs. “E também quebravam as telhas”, disseram as vítimas.
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CURTO-CIRCUITO
Um caso que foi registrado na DPPA fala de um novo golpe. Dois indivíduos, se passando por funcionários da RGE, chegaram na casa de uma moradora do bairro Aviação e disseram que descobriram um problema elétrico que se não fosse consertado, poderia provocar um incêndio na residência. A aposentada permitiu a entrada da dupla, que foi direto ao banheiro.
“As pessoas não podem acreditar em qualquer um que bate na porta da sua casa e nestes casos específicos, não podem deixar um desconhecido entrar se não solicitaram a realização dos serviços.”
FELIPE STAUB CANO – Delegado de Polícia
O golpe é bem arquitetado. Um dos indivíduos simulou um curto-circuito, fazendo com que saísse ‘fogo’ dos fios conectados ao chuveiro. Pensando estar tratando com funcionários da autarquia, a mulher permitiu o conserto, que custaria R$ 150. “Disse que não tinha dinheiro em casa, somente o cartão da poupança e onde é depositado meu benefício”, revelou a vítima.
Isso era tudo o que os estelionatários queriam ouvir. Um deles prontamente pegou uma máquina, inseriu o cartão da vítima – que lhes repassou a senha – e simulou a cobrança dos R$ 150. Depois, a dupla foi embora. Posteriormente, a aposentada notou a falta do seu cartão e desconfiou que havia sido vítima de um golpe. Foi direto à agência bancária e descobriu que havia sido feito dois saques de sua conta, nos valores de R$ 876 e R$ 1.876.
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VENDA DE VEÍCULOS
Seguidamente, pessoas que fizeram anúncio de venda de veículos no site ‘OLX’ são vítimas de golpistas. E em algumas casos, acabam repassando informações sigilosas, quando não perdem o bem anunciado.
Foi o caso de um morador do interior de Mato Leitão. Na semana passada ele anunciou um caminhão Mercedes Benz e quatro dias depois, uma pessoa entrou em contato, se mostrou interessada e eles fecharam a venda por R$ 75 mil. Como o negócio estava fechado, faltando acertar alguns detalhes, o ‘comprador’ pediu para a vítima alguns dados pessoais e para tirar o anúncio da internet, o que foi feito.
Desconfiado da facilidade na transação, um dia depois a vítima fez buscas na Internet e descobriu que o seu caminhão estava sendo anunciado em outro site, por R$ 65 mil. Se passou por comprador e descobriu que o número do celular para manter contato era o mesmo que foi usado para fechar o negócio com ele. O morador do interior de Mato Leitão está preocupado, pois repassou seus dados pessoais ao golpista.
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